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15-02-2008
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-- Arménio Santos, Bettencourt Picanço, Carvalho da Silva, João Proença, Paulo Sucena, etc., etc., etc. Estes são apenas alguns dos nomes com que, dia após dia, ano após ano, quase diria, década após década, nos deparamos sempre que se fala em sindicatos na comunicação social. Os mesmos nomes, sempre os mesmos nomes.Esta ausência de renovação, evidentemente, é um indicador preocupante. À sua maneira, o diagnóstico que se faz sobre os vícios dos partidos políticos -- a sua cada vez menor representatividade quantitativa e qualitativa, a sua incapacidade em atrair novos associados, o seu envelhecimento, entre outros -- é igualmente válido para os sindicatos.Incapazes de se renovar, em termos da sua agenda, representatividade e meios de luta, os sindicatos arriscam-se a ir caminhando, serena e tranquilamente, para um precipício de irrelevância.Hoje, contrariando o seu código genético, os sindicatos são um bastião conservador. Uma estrutura de resistência que visa proteger, cada vez mais, uns quantos happy few.Em suma, eis uma elite sindical que muito provavelmente nunca trabalhou a recibos verdes, que nunca experimentou na pele uma situação de precaridade laboral e que nunca teve de trabalhar 10 ou 12 horas por dia, 6 ou 7 dias por semana. Caso contrário, a sua agenda seria seguramente diferente, mais aberta à mudança e à flexibilização. Com contrapartidas da parte das empresas, evidentemente.Por exemplo, uma maior flexibilidade em relação aos despedimentos, a troco de um imposto especial criado para esse efeito e que teria como função assegurar a futura reinserção do trabalhador no mercado de trabalho. As empresas, por exemplo, poderiam optar entre dois regimes. O clássico, com menos impostos e maior rigidez nos despedimentos. E um regime inovador, mais flexível nos despedimentos, mas com maior carga fiscal. Eventualmente, poderia ainda existir um regime misto, em que a empresa tinha parte dos trabalhadores de acordo com o regime clássico e parte de acordo com o novo regime, i.e. permitindo-lhe assim adaptar-se com maior tranquilidade às flutuações do seu negócio.Tal faria disparar o desemprego?Duvido. Suponho, aliás, que criaria emprego e que resolveria muitas das situações de trabalho precário em Portugal. Mas, enfim, não sou especialista na matéria, nem estarei, seguramente, a inventar a pólvora.Caro Luís Aguiar-Conraria , o que acha? Sugestões?

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-- Arménio Santos, Bettencourt Picanço, Carvalho da Silva, João Proença, Paulo Sucena, etc., etc., etc. Estes são apenas alguns dos nomes com que, dia após dia, ano após ano, quase diria, década após década, nos deparamos sempre que se fala em sindicatos na comunicação social. Os mesmos nomes, sempre os mesmos nomes.Esta ausência de renovação, evidentemente, é um indicador preocupante. À sua maneira, o diagnóstico que se faz sobre os vícios dos partidos políticos -- a sua cada vez menor representatividade quantitativa e qualitativa, a sua incapacidade em atrair novos associados, o seu envelhecimento, entre outros -- é igualmente válido para os sindicatos.Incapazes de se renovar, em termos da sua agenda, representatividade e meios de luta, os sindicatos arriscam-se a ir caminhando, serena e tranquilamente, para um precipício de irrelevância.Hoje, contrariando o seu código genético, os sindicatos são um bastião conservador. Uma estrutura de resistência que visa proteger, cada vez mais, uns quantos happy few.Em suma, eis uma elite sindical que muito provavelmente nunca trabalhou a recibos verdes, que nunca experimentou na pele uma situação de precaridade laboral e que nunca teve de trabalhar 10 ou 12 horas por dia, 6 ou 7 dias por semana. Caso contrário, a sua agenda seria seguramente diferente, mais aberta à mudança e à flexibilização. Com contrapartidas da parte das empresas, evidentemente.Por exemplo, uma maior flexibilidade em relação aos despedimentos, a troco de um imposto especial criado para esse efeito e que teria como função assegurar a futura reinserção do trabalhador no mercado de trabalho. As empresas, por exemplo, poderiam optar entre dois regimes. O clássico, com menos impostos e maior rigidez nos despedimentos. E um regime inovador, mais flexível nos despedimentos, mas com maior carga fiscal. Eventualmente, poderia ainda existir um regime misto, em que a empresa tinha parte dos trabalhadores de acordo com o regime clássico e parte de acordo com o novo regime, i.e. permitindo-lhe assim adaptar-se com maior tranquilidade às flutuações do seu negócio.Tal faria disparar o desemprego?Duvido. Suponho, aliás, que criaria emprego e que resolveria muitas das situações de trabalho precário em Portugal. Mas, enfim, não sou especialista na matéria, nem estarei, seguramente, a inventar a pólvora.Caro Luís Aguiar-Conraria , o que acha? Sugestões?

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