Metade da direcção da CGTP à beira da ‘reforma’

26-02-2008
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Sindicalismo

Metade da direcção da CGTP à beira da ‘reforma’

Arménio Carlos estreou-se da pior maneira como ‘número dois’ da central

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Arménio Carlos, provável sucessor de Carvalho da SilvaFOTO NUNO BOTELHO

Dos 29 membros da nova Comissão Executiva, metade (14) têm 56 anos ou mais. O que significa que este será o seu último mandato. Isto, se se mantiver a norma não estatutária que determinou a passagem ‘à reforma’ dos dirigentes com mais de 60 anos.

Oficialmente, o objectivo desta regra foi forçar o rejuvenescimento dos órgãos dirigentes. Os efeitos, na Executiva, foram quase cirúrgicos. Apenas dois elementos foram afastados, com realce para Florival Lança (de 62 anos), talvez o maior apoiante de Carvalho da Silva. Apenas uma central adoptou um critério semelhante: a ELA/STV, do país basco, que optou por uma idade ainda mais baixa: 58 anos.

A nova Executiva foi eleita na quinta-feira pelo Conselho Nacional. Mantiveram-se 27 dos 29 membros, com a idade média de 53,7 anos. A relação de forças manteve-se: vinte do PCP (dos quais nove do Comité Central - CC), um renovador, cinco do PS, três independentes. O BE volta a não estar presente.

Arménio Carlos, de 52 anos, não começou bem. Praticamente indigitado sucessor de Carvalho da Silva, o último dia do congresso não lhe foi nada auspicioso. No entanto, tudo foi feito para lhe conferir o estatuto oficial de número dois. Um primeiro percalço ocorreu quando Francisco Braz, que dirigia a sessão, o chamou para ler a moção aprovada pelo congresso e que abre a porta a uma nova greve geral. Em vez de Arménio Carlos, Braz apresentou-o como Arménio Santos - o quase eterno líder dos TSD, dirigente do PSD e da UGT... A moção reafirmava a defesa de “um sindicalismo proponente e fortemente reivindicativo”, mas Carlos enganou-se e disse “prepotente”. O congresso reagiu: primeiro com um bruá, depois com uma gargalhada, a que o próprio se associou...

Após a eleição dos 147 membros do novo Conselho Nacional, a mesa chamou-os ao palco, um a um, num ritual típico dos congressos da Inter. Carvalho da Silva foi o mais ovacionado. Antes, e devido ao critério alfabético, já fora chamado Arménio Carlos, que registara um bom «score». Suplantado, contudo, por um outro membro da Executiva: Mário Nogueira.

Arménio Carlos é o candidato do aparelho. Deixou a coordenação da União dos Sindicatos de Lisboa, que desempenhava desde 1996, para chefiar um novo superdepartamento. Membro do CC do PCP desde 1988, tem a garantia de um apoio sem mácula da máquina partidária.

Já Mário Nogueira, de 50 anos, não sendo do CC, foi o mandatário da candidatura presidencial de Jerónimo de Sousa. Na central, continuará simplesmente como secretário-geral da Federação dos Professores (Fenprof). Tem no entanto algumas vantagens sobre Arménio. Homem do terreno, popular entre os militantes sindicais, tem um discurso fácil e contundente. Por outro lado, é mais novo - uma vantagem não despicienda, tendo em conta a regra dos 60 anos. Finalmente, tudo indica que seja o ‘preferido’ de Carvalho da Silva. Seja como for, em condições normais, o próximo congresso só será em 2012.

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Metade da direcção da CGTP à beira da ‘reforma’

Arménio Carlos estreou-se da pior maneira como ‘número dois’ da central

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Arménio Carlos, provável sucessor de Carvalho da SilvaFOTO NUNO BOTELHO

Dos 29 membros da nova Comissão Executiva, metade (14) têm 56 anos ou mais. O que significa que este será o seu último mandato. Isto, se se mantiver a norma não estatutária que determinou a passagem ‘à reforma’ dos dirigentes com mais de 60 anos.

Oficialmente, o objectivo desta regra foi forçar o rejuvenescimento dos órgãos dirigentes. Os efeitos, na Executiva, foram quase cirúrgicos. Apenas dois elementos foram afastados, com realce para Florival Lança (de 62 anos), talvez o maior apoiante de Carvalho da Silva. Apenas uma central adoptou um critério semelhante: a ELA/STV, do país basco, que optou por uma idade ainda mais baixa: 58 anos.

A nova Executiva foi eleita na quinta-feira pelo Conselho Nacional. Mantiveram-se 27 dos 29 membros, com a idade média de 53,7 anos. A relação de forças manteve-se: vinte do PCP (dos quais nove do Comité Central - CC), um renovador, cinco do PS, três independentes. O BE volta a não estar presente.

Arménio Carlos, de 52 anos, não começou bem. Praticamente indigitado sucessor de Carvalho da Silva, o último dia do congresso não lhe foi nada auspicioso. No entanto, tudo foi feito para lhe conferir o estatuto oficial de número dois. Um primeiro percalço ocorreu quando Francisco Braz, que dirigia a sessão, o chamou para ler a moção aprovada pelo congresso e que abre a porta a uma nova greve geral. Em vez de Arménio Carlos, Braz apresentou-o como Arménio Santos - o quase eterno líder dos TSD, dirigente do PSD e da UGT... A moção reafirmava a defesa de “um sindicalismo proponente e fortemente reivindicativo”, mas Carlos enganou-se e disse “prepotente”. O congresso reagiu: primeiro com um bruá, depois com uma gargalhada, a que o próprio se associou...

Após a eleição dos 147 membros do novo Conselho Nacional, a mesa chamou-os ao palco, um a um, num ritual típico dos congressos da Inter. Carvalho da Silva foi o mais ovacionado. Antes, e devido ao critério alfabético, já fora chamado Arménio Carlos, que registara um bom «score». Suplantado, contudo, por um outro membro da Executiva: Mário Nogueira.

Arménio Carlos é o candidato do aparelho. Deixou a coordenação da União dos Sindicatos de Lisboa, que desempenhava desde 1996, para chefiar um novo superdepartamento. Membro do CC do PCP desde 1988, tem a garantia de um apoio sem mácula da máquina partidária.

Já Mário Nogueira, de 50 anos, não sendo do CC, foi o mandatário da candidatura presidencial de Jerónimo de Sousa. Na central, continuará simplesmente como secretário-geral da Federação dos Professores (Fenprof). Tem no entanto algumas vantagens sobre Arménio. Homem do terreno, popular entre os militantes sindicais, tem um discurso fácil e contundente. Por outro lado, é mais novo - uma vantagem não despicienda, tendo em conta a regra dos 60 anos. Finalmente, tudo indica que seja o ‘preferido’ de Carvalho da Silva. Seja como for, em condições normais, o próximo congresso só será em 2012.

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