fragmentosdanoitecomflores

02-10-2009
marcar artigo


Costa Pinheiro «O chapéu do poeta Fernando Pessoa»Imagem : http://www.smgf.pt/Cultures/pt/SMGF/Internet/Geral/F_Pintura/Costa_Pinheiro.htmO Guardador de RebanhosEu nunca guadei rebanhos,Mas é como se os guardasse.Minha alma é como um pastor,Conhece o vento e o solE anda pela mão das EstaçõesA seguir e a olhar.Toda a paz da Natureza sem genteVem sentar-se a meu lado.Mas eu fico triste como um pôr-do-solPara a nossa imaginação,Quando esfria no fundo da planícieE se sente a noite entradaComo uma borboleta pela janela........E se desejo às vezesPor imaginar, ser cordeirinho(Ou ser o rebanho todoPara andar espalhado por toda a encostaA ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),É só porque sinto o que escrevo ao pôr-do-sol,Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luzE corre um silêncio pela erva fora.........Saúdo todos que me lerem,Tirando-lhes o chapéu largoQuando me vêem à minha portaMal a diligência levanta no cimo do outeiro.Saúdo-os e desejo-lhes sol,E chuva, quando a chuva 8é precisa.E que as suas casas tenhamAo pé duma janela abertaUma cadeira predilectaOnde se sentem, lendo os meus versos.Alberto Caeiro, 8-3-1914Ao Encontro de Fernando Pessoa, Antologia, Francico Martins, Edições Asa, 1ª edição 1987


Costa Pinheiro «O chapéu do poeta Fernando Pessoa»Imagem : http://www.smgf.pt/Cultures/pt/SMGF/Internet/Geral/F_Pintura/Costa_Pinheiro.htmO Guardador de RebanhosEu nunca guadei rebanhos,Mas é como se os guardasse.Minha alma é como um pastor,Conhece o vento e o solE anda pela mão das EstaçõesA seguir e a olhar.Toda a paz da Natureza sem genteVem sentar-se a meu lado.Mas eu fico triste como um pôr-do-solPara a nossa imaginação,Quando esfria no fundo da planícieE se sente a noite entradaComo uma borboleta pela janela........E se desejo às vezesPor imaginar, ser cordeirinho(Ou ser o rebanho todoPara andar espalhado por toda a encostaA ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),É só porque sinto o que escrevo ao pôr-do-sol,Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luzE corre um silêncio pela erva fora.........Saúdo todos que me lerem,Tirando-lhes o chapéu largoQuando me vêem à minha portaMal a diligência levanta no cimo do outeiro.Saúdo-os e desejo-lhes sol,E chuva, quando a chuva 8é precisa.E que as suas casas tenhamAo pé duma janela abertaUma cadeira predilectaOnde se sentem, lendo os meus versos.Alberto Caeiro, 8-3-1914Ao Encontro de Fernando Pessoa, Antologia, Francico Martins, Edições Asa, 1ª edição 1987

marcar artigo