Os presidentes francês, Nicolas Sarkozy, e russo, Vladimir Putin, tentaram hoje à noite aquecer o clima entre ambos durante um encontro na Rússia, mantendo-se no entanto firmes quanto ao fundo das suas divergências
«A França compreende a vontade de a Rússia voltar a ocupar no plano internacional o lugar que lhe pertence. Compreendo-o e espero que aceite também as nossas convicções», declarou Sarkozy ao seu homólogo no início da sua primeira visita oficial à Rússia, enquanto presidente.
«A França quer ser uma amiga da Rússia, a França olha com muito interesse os esforços que faz a Rússia para se desenvolver. A França quer escutar e quer compreender. Precisamos para a paz no mundo de trabalhar juntos», acrescentou, durante um encontro na residência presidencial russa de Novo Ogarevo, nos arredores de Moscovo.
A Rússia empreende um regresso em força à cena internacional, aqui e ali com declarações virulentas que suscitam muitas interrogações. Foi nesta linha que ameaçou apontar os mísseis para a Europa, caso Washington instale um escudo antimíssil à sua porta.
«A França foi, continua, assim o espero, e permanecerá um parceiro privilegiado da Rússia na Europa e no mundo», respondeu Putin, sugerindo que Moscovo não recuará na sua relação com o novo presidente francês, mais crítico em relação a Moscovo do que o seu predecessor Jacques Chirac.
Em Maio, Putin esperou dois dias antes de felicitar o novo presidente francês, sinal de que Moscovo digeriu mal as críticas de Nicolas Sarkozy à Rússia durante a campanha eleitoral, nomeadamente sobre a situação na Tchetchénia.
Desde essa altura, o novo presidente francês multiplicou as «farpas», criticando uma certa «brutalidade» russa na cena internacional ou lembrando a Moscovo os seus «deveres» em matéria de democracia.
Todavia, jogando com a cumplicidade e o desanuviamento, pelo menos em frente às câmaras, Putin convidou o seu hóspede, com quem só se reunira uma vez na cimeira do G8 na Alemanha, a dar uma volta em Nova Ogarevo num 4X4.
«Podemos fazer desportos juntos», exclamou o chefe de Estado russo ao seu convidado, que é grande entusiasta do jogging.
«Não, eu nado», respondeu Vladimir Putin.
«E tu, nadas todos os dias?», quis saber Sarkozy.
«Tenho uma piscina aqui, vou levar-te a visitá-la», propôs o presidente russo.
Vladimir Putin convidou então Nicolas Sarkozy a subir para a sua viatura, um Mercedes 4x4, para darem uma volta pela propriedade.
Os dois dirigentes tiveram em seguida um jantar de trabalho e quarta-feira reúnem-se no Kremlin para um encontro seguido de conferência de imprensa e um almoço de trabalho.
Esta visita deverá constituir um virar de página da era Chirac-Putin, marcada pela amizade entre os dois estadistas. Com Chirac, a preocupação era «não humilhar a Rússia», mas levou isso demasiado longe, nota um diplomata francês a coberto do anonimato.
Por seu lado, um responsável do Kremlin manifestou a esperança de que a visita de Sarkozy venha esclarecer a posição de Paris nalguns assuntos internacionais, depois das «declarações contraditórias de personalidades oficiais francesas».
Nicolas Sarkozy tomou por diversas vezes posições diferentes do seu chefe da diplomacia, Bernard Kouchner, rejeitando designadamente a palavra guerra no dossier nuclear iraniano.
O Irão e o Kosovo constituem os temas quentes nas suas discussões, sabendo-se que a Rússia se opõe ao reforço das sanções contra Teerão, defendidas por Paris, e a um estatuto de independência para a província sérvia.
Lusa/SOL
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Os presidentes francês, Nicolas Sarkozy, e russo, Vladimir Putin, tentaram hoje à noite aquecer o clima entre ambos durante um encontro na Rússia, mantendo-se no entanto firmes quanto ao fundo das suas divergências
«A França compreende a vontade de a Rússia voltar a ocupar no plano internacional o lugar que lhe pertence. Compreendo-o e espero que aceite também as nossas convicções», declarou Sarkozy ao seu homólogo no início da sua primeira visita oficial à Rússia, enquanto presidente.
«A França quer ser uma amiga da Rússia, a França olha com muito interesse os esforços que faz a Rússia para se desenvolver. A França quer escutar e quer compreender. Precisamos para a paz no mundo de trabalhar juntos», acrescentou, durante um encontro na residência presidencial russa de Novo Ogarevo, nos arredores de Moscovo.
A Rússia empreende um regresso em força à cena internacional, aqui e ali com declarações virulentas que suscitam muitas interrogações. Foi nesta linha que ameaçou apontar os mísseis para a Europa, caso Washington instale um escudo antimíssil à sua porta.
«A França foi, continua, assim o espero, e permanecerá um parceiro privilegiado da Rússia na Europa e no mundo», respondeu Putin, sugerindo que Moscovo não recuará na sua relação com o novo presidente francês, mais crítico em relação a Moscovo do que o seu predecessor Jacques Chirac.
Em Maio, Putin esperou dois dias antes de felicitar o novo presidente francês, sinal de que Moscovo digeriu mal as críticas de Nicolas Sarkozy à Rússia durante a campanha eleitoral, nomeadamente sobre a situação na Tchetchénia.
Desde essa altura, o novo presidente francês multiplicou as «farpas», criticando uma certa «brutalidade» russa na cena internacional ou lembrando a Moscovo os seus «deveres» em matéria de democracia.
Todavia, jogando com a cumplicidade e o desanuviamento, pelo menos em frente às câmaras, Putin convidou o seu hóspede, com quem só se reunira uma vez na cimeira do G8 na Alemanha, a dar uma volta em Nova Ogarevo num 4X4.
«Podemos fazer desportos juntos», exclamou o chefe de Estado russo ao seu convidado, que é grande entusiasta do jogging.
«Não, eu nado», respondeu Vladimir Putin.
«E tu, nadas todos os dias?», quis saber Sarkozy.
«Tenho uma piscina aqui, vou levar-te a visitá-la», propôs o presidente russo.
Vladimir Putin convidou então Nicolas Sarkozy a subir para a sua viatura, um Mercedes 4x4, para darem uma volta pela propriedade.
Os dois dirigentes tiveram em seguida um jantar de trabalho e quarta-feira reúnem-se no Kremlin para um encontro seguido de conferência de imprensa e um almoço de trabalho.
Esta visita deverá constituir um virar de página da era Chirac-Putin, marcada pela amizade entre os dois estadistas. Com Chirac, a preocupação era «não humilhar a Rússia», mas levou isso demasiado longe, nota um diplomata francês a coberto do anonimato.
Por seu lado, um responsável do Kremlin manifestou a esperança de que a visita de Sarkozy venha esclarecer a posição de Paris nalguns assuntos internacionais, depois das «declarações contraditórias de personalidades oficiais francesas».
Nicolas Sarkozy tomou por diversas vezes posições diferentes do seu chefe da diplomacia, Bernard Kouchner, rejeitando designadamente a palavra guerra no dossier nuclear iraniano.
O Irão e o Kosovo constituem os temas quentes nas suas discussões, sabendo-se que a Rússia se opõe ao reforço das sanções contra Teerão, defendidas por Paris, e a um estatuto de independência para a província sérvia.
Lusa/SOL