Papéis de Alexandria*: Respostas necessárias

16-07-2009
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Vítor Diasim Avante! de 9.01.199209.01.92Sublinhando a utilidade de os leitores terem presente o artigo de José Casanova publicado no «Avante!» de 27/12 em que se procede a uma caracterização e a uma desmontagem de aspectos essenciais da ofensiva política e ideológica que, com destacada expressão em meios de comunicação social, está sendo conduzida contra o PCP, gostariamos de, em torno desta matéria, acrescentar três ideias complementares :A primeira é a de que não é possivel ignorar ou deixar de denunciar o fundo inequivocamente autoritário e intolerante que se desvenda por detrás de tal campanha, designadamente quando se ponderam os altíssimos niveis de mentira gritante ( de que um dos exemplos mais recentes está na demente afirmação feita por Cáceres Monteiro em «O Jornal» de 3/1 que o PCP teria defendido a integração de Portugal no COMECON) ; de invenção mais despudorada ( de que ,entre muitas outras, são exemplo recente as declarações atribuidas pelo « Expresso» na sua edição de 21/12 a Carlos Aboim Inglês e a Octávio Pato na reunião do Comité Central de 16 e 17/12 ); de repelente calúnia, insulto e provocação (de que é exemplo mais recente a peça do « Independente » sobre inventadas actividades de investigação de dirigentes do PCP por outros dirigentes do PCP); de desaustinada fúria e rancor ( de que é exemplo dificilmente ultrapássavel a catilinária subcrita por Francisco Sousa Tavares no Público de 5/1 a propósito ou a pretexto de um abaixo-assinado de intelectuais apelando ao fim do bloqueio económico norte-americano a Cuba ); de deformação das orientações do PCP e de persistente substituição do que realmente afirma ou defende por comentários ou interpretações deturpadoras, de pertinazes silenciamentos ou desvalorização das actividades e tomadas de posição do PCP centradas sobre os problemas vivos do povo e do país ( que estão tendo o significativo contraponto de generosidades nunca vistas e de uma postura quase oficiosa - com relevo para o «Público» e para a RTP- na cobertura de actividades ou declarações dos promotores de um novo movimento político).A segunda é de que se trata da expressão e repercussão em Portugal de toda uma ofensiva política e ideológica à escala universal que , com base na derrocada dos paises socialistas e, ultimamente do fim da URSS, procura explorar em profundidade o abalo sofrido e a derrota sentida pelos comunistas e por outras forças progressistas no claríssimo objectivo de, em toda a parte, cavar a desorientação, minar a sua confiança, avançar no enfraquecimento e liquidação de forças essenciais da resistência e da luta dos trabalhadores e dos povos. E neste quadro, não é díficil perceber que toda esta ofensiva visa destacadamente obter ao nível das consciências a passagem do abalo ( que é natural ) para a desorientação, do desgosto e amargura ( que são compreensíveis) para a abdicação, das interrogações ( que são praticamente obrigatórias ) para a paralisia, das preocupações ( que são mais que justas ) para a rendição,.A terceira é a de que, também no nosso País, estamos diariamente assistindo à evidência do papel fundamental que desempenha ao serviço dos objectivos desta ofensiva toda uma vasta e sofisticada operação de implacável e inquisitorial culpabilização e responsabilização dos comunistas portugueses por todos os erros, fracassos e tragédias ocorridos nos paises do leste europeus e que manifestamente, visa não apenas conseguir que como tal sejamos olhados pelos outros portugueses mas também que, sobretudo pela asfixiante pressão e agressão mediática, os próprios comunistas interiorizem essa alegada culpa e responsabilidade. E é neste quadro que também desempenha um significativo papel o vendaval de afirmações decretando falsa e ilegitimamente a URSS e os paises socialistas como a referência dominante ou exclusiva dos comunistas portugueses, procurando que na consciência dos comunistas entre em perda de nitidez o nosso sólido caracter de partido nacional e a nossa autorizada afirmação de que, assumindo que esses paises e as suas conquistas constituiram não apenas referências mas também estimulos para a nossa luta, a referência fundamental do PCP e dos comunistas portugueses, emergente da nossa própria história, sempre foram os interesses dos trabalhadores , do povo e da pátria portugueses. O absurdo e os viciados critérios desta manobra de culpabilização ficam particularmente patentes se tivermos em conta que, no quadro partidário nacional , a nenhuma das forças políticas defensoras do capitalismo são pedidas contas dos fracassos, injustiças e crimes que fazem parte da história do capitalismo, nenhuma assume qualquer responsabilidade por coisas feissimas praticadas pelos partidos congéneres noutros países e todas. ao arrepio da verdade, se comportam ou como se não tivessem afinidades internacionais ou como que se as familias políticas em que se inserem não tivessem nem história, nem passado nem responsabilidades.Face a esta campanha e a esta operação é necessário responder à letra e com vigor ir varrendo a testada.É preciso responder que muito do que melhor e mais avançado vive na fisionomia do nosso mundo neste final de século é tributário do esforço, do trabalho, da inteligência, da coragem e da luta dos comunistas e que é extensa e convincente a lista dos avanços, conquistas e vitórias de capital importância (sejam a derrota do nazi-fascismo ou o fim do colonialismo; sejam os direitos e regalias dos trabalhadores , as férias pagas, a segurança social; sejam o sufrágio universal e o direito de voto das mulheres e dos jovens) que têm historicamente a marca da contribuição dos comunistas, num processo de luta em que- é oportuno recordá-lo - as classes dominantes nada ofereceram de bandeja e tudo teve de lhes ser arrancado.É preciso responder, alto e bom som, que os comunistas portugueses, e tal como eles os comunistas de imensos países do Mundo, figuram não na lista dos torcionários mas na lista dos torturados, não na lista dos carrascos mas na lista das vítimas, não na lista dos assassinos da liberdade mas na lista dos mais dedicados e sacrificados combatentes pela liberdade.É preciso responder que os comunistas portugueses - e o seu partido - figuram não na lista dos muitos que ou colaboraram ou conviveram tranquila e acomodamente com o fascismo mas na lista dos que lhe moveram combate sem tréguas nem limites, não na lista considerável dos que, depois do 25 de Abril, atentaram e conspiraram contra a liberdade, contra o novo curso libertador e contra a legítima ascensão dos trabalhadores e das camadas populares ao primeiro plano da cena social e política do Pais mas na lista dos que mais generosa e responsavelmente contribuiram para o êxito das tarefas fundamentais da democratização das vida nacional, dos que mais persistentemente estimularam a intervenção de vastas massas na vida cívica e política e nos destinos de Portugal democrático, dos que mais contribuiram para projecção transformadora da reconquista popular da liberdade, da dignidade e da cidadania, dos que mais energias e esforços investiram nos pequenos e grandes avanços, realizações e conquistas que mudaram a face de Portugal, dos que assumiram um papel decisivo na fundação e construção do regime democrático plasmado na Constituição de 1976.É preciso responder que os comunistas portugueses, e tal como eles os comunistas de imensos países do Mundo, figuram , na actualidade, não na lista dos que agem implacavelmente para o reforço da exploração de quem trabalha, para a limitação das liberdades e a mutilação e empobrecimento da democracia política, para aprisionar os cidadãos nas teias de novas e velhas alienações, para agravar injustiças e desigualdades sociais que, à beira do terceiro milénio, são uma intolerável afronta mas na honrosa lista dos que, dia a dia, através da suas ideias, das suas propostas, da sua acção e do seu multifacetado combate e intervenção marcam indelével e insubstituivel presença na luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e dos interesses populares, pela defesa ,expansão e concretização dos direitos e liberdades dos cidadãos, pela ampliação da participação popular, por reformas democráticas de caracter socioeconómico que deêm resposta e gritantes carências e agudos problemas do povo e do País, por uma vida melhor para todos os cidadãos, por uma democracia à altura dos avanços e progressos conquistados pela luta dos homens no acidentado caminho deste século e das necessidades, aspirações e possibilidades que se afirmam na época contemporânea.Desenganem-se os que estão disparando contra os comunistas tantas balas de ódio, de raiva, de insultos, de mentiras e de intolerância.Não nos deixaremos sangrar em vida, não tencionamos ajoelhar diante dos provocadores e da provocação, dos mentirosos e da mentira, dos arrogantes e da arrogância, dos caluniadores e da calúnia e a todos continuaremos a olhar de frente, a enfrentar sem medo e a responder com frontalidade e firmeza.Não por ultimato de inimigos e de adversários, mas porque isso corresponde a imperativos básicos da ideologia e dos valores de que nos reclamamos, ao interesse vital do nosso próprio projecto e à nossa distintiva maneira de estar na vida e na acção política, prosseguiremos e ampliaremos todo o vasto e exigente esforço de reflexão, actualização e renovação que as próprias lições da vida e da experiência revolucionária à escala mundial impõem mas não lhes faremos o favor de carregar sobre os ombros e sobre a consciência erros, culpas, fracassos, crimes , dramas ou tragédias de que, em rigor, não somos responsáveis.Resistiremos à reescrita da História ao sabor dos interesses das classes dominantes e das suas legiões de serventuários.Daremos combate à inquinada e absurda pretensão de serem os anti-comunistas e os não comunistas a definirem e decretarem o sistema de referências político-ideológicas dos comunistas.Aos que falam e escrevem num tom e em termos que parecem ter como pressuposto que o PCP e os comunistas portugueses ou estariam encerrados numa éspecie de mal disfarçado «apartheid» político ou estariam na contingência de implorar e suplicar alheias benevolências ou favores quanto à sua existência e actividade, lembraremos quantas vezes se tornar necessário que devem estar confundidos quanto ao País em que vivem, porque neste em que os portugueses realmente vivem, o PCP e os comunistas portugueses são parte integrante do regime democrático por mérito e direito próprios que não estão nem em saldo nem em liquidação.E não se equivoquem os funcionários da moderna e mediática Inquisição política e ideológica quanto às verdadeiras raizes e motivações deste estado de espirito. desta atitude, desta orientação, deste disposição de luta e de combate.É que, ao contrário do que estão afirmando, não se trata de estarmos a inventar à pressa saidas de circunstância para « o deserto intelectual de um sonho perdido» .Trata-se sim da consciência de um rico património de ideias e de marcas deixadas no processo histórico, da firme determinação de não o deixar enxovalhar, amesquinhar e liquidar, da valorização dos sonhos que se ganharam e dos que continua a ser necessário ganhar.É que, ao contrário do que estão perorando, não se trata da «obstinação falsa e patética do apego a ideais apodrecidos e naufragados».Trata-se sim, num quadro de lucidez e espírito crítico, de afirmar uma fidelidade a ideais, valores e objectivos,cuja vitalidade essencial continua fortemente ancorada nas realidades do mundo contemporâneo e numa visão humanista de mais largo fôlego da evolução das sociedades e para os quais não se desenha nenhuma alternativa válida.É que , ao contrário do que monocordicamente repetem, não se trata de um fenómeno do dominio da «fé» ou de qualquer pretensamente reconfortante aitude de refúgio num irracional amontoado de dogmáticas certezas, mas da corajosa afirmação de valores e convicções que não temem confrontar-se com as perplexidades, acidentes e abalos da vida, de uma noção de dignidade pessoal e colectiva , de uma postura ética e de uma verticalidade que incomodam no panorama de falta de escrupulos, de arrivismo, de egoismo, de abdicação, resignação e rendição que alguns pretendem tornar arrasadoramente dominante na nossa sociedade.Trata-se ,enfim, de todo um conjunto de motivações que, com toda a probabilidade,não deve estar ao alcance da compreensão dos mandantes e diversificados executores da suja e desleal guerra política e ideológica movida contra o PCP, mas que, neste ano de 1992 e apesar de tudo o que aconteceu, constituem e devem continuar a constituir, sem jactância, fundamentos da honra e do orgulho de ser comunista.


Vítor Diasim Avante! de 9.01.199209.01.92Sublinhando a utilidade de os leitores terem presente o artigo de José Casanova publicado no «Avante!» de 27/12 em que se procede a uma caracterização e a uma desmontagem de aspectos essenciais da ofensiva política e ideológica que, com destacada expressão em meios de comunicação social, está sendo conduzida contra o PCP, gostariamos de, em torno desta matéria, acrescentar três ideias complementares :A primeira é a de que não é possivel ignorar ou deixar de denunciar o fundo inequivocamente autoritário e intolerante que se desvenda por detrás de tal campanha, designadamente quando se ponderam os altíssimos niveis de mentira gritante ( de que um dos exemplos mais recentes está na demente afirmação feita por Cáceres Monteiro em «O Jornal» de 3/1 que o PCP teria defendido a integração de Portugal no COMECON) ; de invenção mais despudorada ( de que ,entre muitas outras, são exemplo recente as declarações atribuidas pelo « Expresso» na sua edição de 21/12 a Carlos Aboim Inglês e a Octávio Pato na reunião do Comité Central de 16 e 17/12 ); de repelente calúnia, insulto e provocação (de que é exemplo mais recente a peça do « Independente » sobre inventadas actividades de investigação de dirigentes do PCP por outros dirigentes do PCP); de desaustinada fúria e rancor ( de que é exemplo dificilmente ultrapássavel a catilinária subcrita por Francisco Sousa Tavares no Público de 5/1 a propósito ou a pretexto de um abaixo-assinado de intelectuais apelando ao fim do bloqueio económico norte-americano a Cuba ); de deformação das orientações do PCP e de persistente substituição do que realmente afirma ou defende por comentários ou interpretações deturpadoras, de pertinazes silenciamentos ou desvalorização das actividades e tomadas de posição do PCP centradas sobre os problemas vivos do povo e do país ( que estão tendo o significativo contraponto de generosidades nunca vistas e de uma postura quase oficiosa - com relevo para o «Público» e para a RTP- na cobertura de actividades ou declarações dos promotores de um novo movimento político).A segunda é de que se trata da expressão e repercussão em Portugal de toda uma ofensiva política e ideológica à escala universal que , com base na derrocada dos paises socialistas e, ultimamente do fim da URSS, procura explorar em profundidade o abalo sofrido e a derrota sentida pelos comunistas e por outras forças progressistas no claríssimo objectivo de, em toda a parte, cavar a desorientação, minar a sua confiança, avançar no enfraquecimento e liquidação de forças essenciais da resistência e da luta dos trabalhadores e dos povos. E neste quadro, não é díficil perceber que toda esta ofensiva visa destacadamente obter ao nível das consciências a passagem do abalo ( que é natural ) para a desorientação, do desgosto e amargura ( que são compreensíveis) para a abdicação, das interrogações ( que são praticamente obrigatórias ) para a paralisia, das preocupações ( que são mais que justas ) para a rendição,.A terceira é a de que, também no nosso País, estamos diariamente assistindo à evidência do papel fundamental que desempenha ao serviço dos objectivos desta ofensiva toda uma vasta e sofisticada operação de implacável e inquisitorial culpabilização e responsabilização dos comunistas portugueses por todos os erros, fracassos e tragédias ocorridos nos paises do leste europeus e que manifestamente, visa não apenas conseguir que como tal sejamos olhados pelos outros portugueses mas também que, sobretudo pela asfixiante pressão e agressão mediática, os próprios comunistas interiorizem essa alegada culpa e responsabilidade. E é neste quadro que também desempenha um significativo papel o vendaval de afirmações decretando falsa e ilegitimamente a URSS e os paises socialistas como a referência dominante ou exclusiva dos comunistas portugueses, procurando que na consciência dos comunistas entre em perda de nitidez o nosso sólido caracter de partido nacional e a nossa autorizada afirmação de que, assumindo que esses paises e as suas conquistas constituiram não apenas referências mas também estimulos para a nossa luta, a referência fundamental do PCP e dos comunistas portugueses, emergente da nossa própria história, sempre foram os interesses dos trabalhadores , do povo e da pátria portugueses. O absurdo e os viciados critérios desta manobra de culpabilização ficam particularmente patentes se tivermos em conta que, no quadro partidário nacional , a nenhuma das forças políticas defensoras do capitalismo são pedidas contas dos fracassos, injustiças e crimes que fazem parte da história do capitalismo, nenhuma assume qualquer responsabilidade por coisas feissimas praticadas pelos partidos congéneres noutros países e todas. ao arrepio da verdade, se comportam ou como se não tivessem afinidades internacionais ou como que se as familias políticas em que se inserem não tivessem nem história, nem passado nem responsabilidades.Face a esta campanha e a esta operação é necessário responder à letra e com vigor ir varrendo a testada.É preciso responder que muito do que melhor e mais avançado vive na fisionomia do nosso mundo neste final de século é tributário do esforço, do trabalho, da inteligência, da coragem e da luta dos comunistas e que é extensa e convincente a lista dos avanços, conquistas e vitórias de capital importância (sejam a derrota do nazi-fascismo ou o fim do colonialismo; sejam os direitos e regalias dos trabalhadores , as férias pagas, a segurança social; sejam o sufrágio universal e o direito de voto das mulheres e dos jovens) que têm historicamente a marca da contribuição dos comunistas, num processo de luta em que- é oportuno recordá-lo - as classes dominantes nada ofereceram de bandeja e tudo teve de lhes ser arrancado.É preciso responder, alto e bom som, que os comunistas portugueses, e tal como eles os comunistas de imensos países do Mundo, figuram não na lista dos torcionários mas na lista dos torturados, não na lista dos carrascos mas na lista das vítimas, não na lista dos assassinos da liberdade mas na lista dos mais dedicados e sacrificados combatentes pela liberdade.É preciso responder que os comunistas portugueses - e o seu partido - figuram não na lista dos muitos que ou colaboraram ou conviveram tranquila e acomodamente com o fascismo mas na lista dos que lhe moveram combate sem tréguas nem limites, não na lista considerável dos que, depois do 25 de Abril, atentaram e conspiraram contra a liberdade, contra o novo curso libertador e contra a legítima ascensão dos trabalhadores e das camadas populares ao primeiro plano da cena social e política do Pais mas na lista dos que mais generosa e responsavelmente contribuiram para o êxito das tarefas fundamentais da democratização das vida nacional, dos que mais persistentemente estimularam a intervenção de vastas massas na vida cívica e política e nos destinos de Portugal democrático, dos que mais contribuiram para projecção transformadora da reconquista popular da liberdade, da dignidade e da cidadania, dos que mais energias e esforços investiram nos pequenos e grandes avanços, realizações e conquistas que mudaram a face de Portugal, dos que assumiram um papel decisivo na fundação e construção do regime democrático plasmado na Constituição de 1976.É preciso responder que os comunistas portugueses, e tal como eles os comunistas de imensos países do Mundo, figuram , na actualidade, não na lista dos que agem implacavelmente para o reforço da exploração de quem trabalha, para a limitação das liberdades e a mutilação e empobrecimento da democracia política, para aprisionar os cidadãos nas teias de novas e velhas alienações, para agravar injustiças e desigualdades sociais que, à beira do terceiro milénio, são uma intolerável afronta mas na honrosa lista dos que, dia a dia, através da suas ideias, das suas propostas, da sua acção e do seu multifacetado combate e intervenção marcam indelével e insubstituivel presença na luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e dos interesses populares, pela defesa ,expansão e concretização dos direitos e liberdades dos cidadãos, pela ampliação da participação popular, por reformas democráticas de caracter socioeconómico que deêm resposta e gritantes carências e agudos problemas do povo e do País, por uma vida melhor para todos os cidadãos, por uma democracia à altura dos avanços e progressos conquistados pela luta dos homens no acidentado caminho deste século e das necessidades, aspirações e possibilidades que se afirmam na época contemporânea.Desenganem-se os que estão disparando contra os comunistas tantas balas de ódio, de raiva, de insultos, de mentiras e de intolerância.Não nos deixaremos sangrar em vida, não tencionamos ajoelhar diante dos provocadores e da provocação, dos mentirosos e da mentira, dos arrogantes e da arrogância, dos caluniadores e da calúnia e a todos continuaremos a olhar de frente, a enfrentar sem medo e a responder com frontalidade e firmeza.Não por ultimato de inimigos e de adversários, mas porque isso corresponde a imperativos básicos da ideologia e dos valores de que nos reclamamos, ao interesse vital do nosso próprio projecto e à nossa distintiva maneira de estar na vida e na acção política, prosseguiremos e ampliaremos todo o vasto e exigente esforço de reflexão, actualização e renovação que as próprias lições da vida e da experiência revolucionária à escala mundial impõem mas não lhes faremos o favor de carregar sobre os ombros e sobre a consciência erros, culpas, fracassos, crimes , dramas ou tragédias de que, em rigor, não somos responsáveis.Resistiremos à reescrita da História ao sabor dos interesses das classes dominantes e das suas legiões de serventuários.Daremos combate à inquinada e absurda pretensão de serem os anti-comunistas e os não comunistas a definirem e decretarem o sistema de referências político-ideológicas dos comunistas.Aos que falam e escrevem num tom e em termos que parecem ter como pressuposto que o PCP e os comunistas portugueses ou estariam encerrados numa éspecie de mal disfarçado «apartheid» político ou estariam na contingência de implorar e suplicar alheias benevolências ou favores quanto à sua existência e actividade, lembraremos quantas vezes se tornar necessário que devem estar confundidos quanto ao País em que vivem, porque neste em que os portugueses realmente vivem, o PCP e os comunistas portugueses são parte integrante do regime democrático por mérito e direito próprios que não estão nem em saldo nem em liquidação.E não se equivoquem os funcionários da moderna e mediática Inquisição política e ideológica quanto às verdadeiras raizes e motivações deste estado de espirito. desta atitude, desta orientação, deste disposição de luta e de combate.É que, ao contrário do que estão afirmando, não se trata de estarmos a inventar à pressa saidas de circunstância para « o deserto intelectual de um sonho perdido» .Trata-se sim da consciência de um rico património de ideias e de marcas deixadas no processo histórico, da firme determinação de não o deixar enxovalhar, amesquinhar e liquidar, da valorização dos sonhos que se ganharam e dos que continua a ser necessário ganhar.É que, ao contrário do que estão perorando, não se trata da «obstinação falsa e patética do apego a ideais apodrecidos e naufragados».Trata-se sim, num quadro de lucidez e espírito crítico, de afirmar uma fidelidade a ideais, valores e objectivos,cuja vitalidade essencial continua fortemente ancorada nas realidades do mundo contemporâneo e numa visão humanista de mais largo fôlego da evolução das sociedades e para os quais não se desenha nenhuma alternativa válida.É que , ao contrário do que monocordicamente repetem, não se trata de um fenómeno do dominio da «fé» ou de qualquer pretensamente reconfortante aitude de refúgio num irracional amontoado de dogmáticas certezas, mas da corajosa afirmação de valores e convicções que não temem confrontar-se com as perplexidades, acidentes e abalos da vida, de uma noção de dignidade pessoal e colectiva , de uma postura ética e de uma verticalidade que incomodam no panorama de falta de escrupulos, de arrivismo, de egoismo, de abdicação, resignação e rendição que alguns pretendem tornar arrasadoramente dominante na nossa sociedade.Trata-se ,enfim, de todo um conjunto de motivações que, com toda a probabilidade,não deve estar ao alcance da compreensão dos mandantes e diversificados executores da suja e desleal guerra política e ideológica movida contra o PCP, mas que, neste ano de 1992 e apesar de tudo o que aconteceu, constituem e devem continuar a constituir, sem jactância, fundamentos da honra e do orgulho de ser comunista.

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