Saúde SA: Disgusting (2)

25-06-2009
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O caso da morte do bebé da Anadia é exemplar de até onde pode ir a instrumentalização das populações, o oportunismo político de autarcas e dirigentes partidários e a despudorada falta de imparcialidade de certo jornalismo nacional.O oportunismo de políticos e órgãos de comunicação social na ânsia de cavalgarem a onda de contestação à reforma das urgências e à impopularidade do ministro da saúde, fez-nos lembrar quão frágil tem sido a nossa aprendizagem de convívio e prática democrática. Este caso atingiu tal rídiculo que nos deu a sensação de termos passado a viver numa qualquer república dos gatos fedorentos:i) Para o presidente da câmara de Anadia, Litério Marques, a «morte mostra que já temos um mártir em Anadia.» linkii) O PSD exigiu ao Governo que explique e investigue as circunstâncias em que morreu um bebé na Anadia, alegadamente devido a dificuldades do atendimento médico prestado pelo INEM link linkiii) Santana Lopes, ressuscitado por Menezes (quem mais o poderia fazer), também não podia faltar a este cortejo de oportunismo, escrevendo no seu blogue: «O Senhor Primeiro - Ministro considera admissível a reacção, hoje, do Ministro da Saúde que quando confrontado com a perda da vida de uma criança entendeu sorrir, e dizer com uma expressão inqualificável, "eu já sei de muita coisa, não posso saber de tudo. perguntem ao director da ARS do Centro"? Passa as marcas todas.»E prossegue com uma verdadeira declaração de interesses: «Devo dizer que não simpatizo com o personagem e tenho um processo, por calúnias, contra a sua pessoa, por difamação.» linkiv) Quanto à nossa imprensa diária:a) o Jornal Público noticiava na primeira página da sua edição de 19.01.07: "Morte de bebé de dois meses revolta Anadia".«Uma criança de dois meses morreu, ontem de manhã, no exterior do Hospital de Anadia. O bebé foi levado pelos pais ao hospital, tendo sido assistido no interior de duas ambulâncias. O caso provocou revolta na população, que associa o desfecho fatal ao encerramento do serviço de urgência do seu hospital, no início deste mês.»b) Mais dramáticos os títulos do JN: "Morte à porta do hospital de Anadia" link . e do CM: "Drama à porta de Urgência fechada. Morte perto do hospital" link Comedido e prudente o título do DN: "Família não se queixa de falta de assistência" linkv) A juntar a tudo isto, mais uma manif:«Centenas de pessoas reuniram-se ontem à noite frente ao Hospital de Anadia e exigiram a demissão do ministro da Saúde, numa vigília de protesto pelo encerramento das urgências e pela morte do bebé que faleceu sexta-feira dentro de uma ambulânciaDurante o protesto, elementos da GNR e da organização da vigília tiveram de agir para impedir que alguns manifestantes mais agitados atingissem uma ambulância do INEM, mas não se registaram quaisquer incidentes. » Os populares colocaram flores, cartazes e lenços brancos frente ao Hospital, no local onde morreu o bebé de dois meses. linkNota Final: quando foi dado o alerta ao INEM, às 8h15, a consulta do hospital de Anadia estava aberta desde as 07h55 e às 08h24 já estava junto do bebé uma equipa do INEM, que constatou a morte da criança devido a paragem cardio-respiratória. O presidente da ARSC disse ontem que "pode estar em causa o síndrome de morte súbita" link Etiquetas: Urgências

O caso da morte do bebé da Anadia é exemplar de até onde pode ir a instrumentalização das populações, o oportunismo político de autarcas e dirigentes partidários e a despudorada falta de imparcialidade de certo jornalismo nacional.O oportunismo de políticos e órgãos de comunicação social na ânsia de cavalgarem a onda de contestação à reforma das urgências e à impopularidade do ministro da saúde, fez-nos lembrar quão frágil tem sido a nossa aprendizagem de convívio e prática democrática. Este caso atingiu tal rídiculo que nos deu a sensação de termos passado a viver numa qualquer república dos gatos fedorentos:i) Para o presidente da câmara de Anadia, Litério Marques, a «morte mostra que já temos um mártir em Anadia.» linkii) O PSD exigiu ao Governo que explique e investigue as circunstâncias em que morreu um bebé na Anadia, alegadamente devido a dificuldades do atendimento médico prestado pelo INEM link linkiii) Santana Lopes, ressuscitado por Menezes (quem mais o poderia fazer), também não podia faltar a este cortejo de oportunismo, escrevendo no seu blogue: «O Senhor Primeiro - Ministro considera admissível a reacção, hoje, do Ministro da Saúde que quando confrontado com a perda da vida de uma criança entendeu sorrir, e dizer com uma expressão inqualificável, "eu já sei de muita coisa, não posso saber de tudo. perguntem ao director da ARS do Centro"? Passa as marcas todas.»E prossegue com uma verdadeira declaração de interesses: «Devo dizer que não simpatizo com o personagem e tenho um processo, por calúnias, contra a sua pessoa, por difamação.» linkiv) Quanto à nossa imprensa diária:a) o Jornal Público noticiava na primeira página da sua edição de 19.01.07: "Morte de bebé de dois meses revolta Anadia".«Uma criança de dois meses morreu, ontem de manhã, no exterior do Hospital de Anadia. O bebé foi levado pelos pais ao hospital, tendo sido assistido no interior de duas ambulâncias. O caso provocou revolta na população, que associa o desfecho fatal ao encerramento do serviço de urgência do seu hospital, no início deste mês.»b) Mais dramáticos os títulos do JN: "Morte à porta do hospital de Anadia" link . e do CM: "Drama à porta de Urgência fechada. Morte perto do hospital" link Comedido e prudente o título do DN: "Família não se queixa de falta de assistência" linkv) A juntar a tudo isto, mais uma manif:«Centenas de pessoas reuniram-se ontem à noite frente ao Hospital de Anadia e exigiram a demissão do ministro da Saúde, numa vigília de protesto pelo encerramento das urgências e pela morte do bebé que faleceu sexta-feira dentro de uma ambulânciaDurante o protesto, elementos da GNR e da organização da vigília tiveram de agir para impedir que alguns manifestantes mais agitados atingissem uma ambulância do INEM, mas não se registaram quaisquer incidentes. » Os populares colocaram flores, cartazes e lenços brancos frente ao Hospital, no local onde morreu o bebé de dois meses. linkNota Final: quando foi dado o alerta ao INEM, às 8h15, a consulta do hospital de Anadia estava aberta desde as 07h55 e às 08h24 já estava junto do bebé uma equipa do INEM, que constatou a morte da criança devido a paragem cardio-respiratória. O presidente da ARSC disse ontem que "pode estar em causa o síndrome de morte súbita" link Etiquetas: Urgências

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