O CACIMBO: Última Hora: Vento em prisão preventiva

08-07-2009
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Esta noite tivemos uma amostra das insurreições que o Dr. Mário Soares antevia ontem na TVI (numa espécie de registo subtil de mandar recados aos senhores do governo), ao ser entrevistado pela competentíssima Constança Cunha e Sá. Entre as três horas e as seis da manhã, os vasos andaram aos tombos pelos cantos das varandas, quintais e jardins. As raízes das plantas e flores não resistiram à força do Vento e separaram-se da terra ficando, assim, estropiadas e desalojadas estando agora à espera que a protecção civil as encaminhe para o serviço da CML que, certamente, lhes dará um novo abrigo. Homem visionário, este. Verbalizou a rebelião e o tempo tratou do resto em forma de ciclone. Não se sabe o que virá a acontecer ao Vento insurrecto que já foi caçado e está em prisão preventiva à espera de ser ouvido e constituído arguido. Fontes anónimas fizeram saber que está calmo, embora preocupado com a mulher Brisa e as três filhas, Aragem quente, Aragem suave e Aragem fria, pois não se lembra se, quando saiu da cabana a leste do paraíso onde vivem, ainda havia flocos e leite na despensa. Não fosse essa ralação talvez nem se importasse de descansar uns tempos na cadeia em vez de andar por aí a levar com as portas dos empregadores na cara, a desgastar-se soprando à velocidade da luz tentando causar um grau de destruição que faça acordar os que, no acto da posse, prometeram fazer de tudo para levar este nosso quintal até aos confins da modernidade. Por fim, não escondo que este aprisionamento do Vento me deixou triste e infeliz. Afinal, não sei se outros ventos virão e se ainda lhes poderei perguntar por notícias do meu país.__________________________Fotografia: Victor Camiller


Esta noite tivemos uma amostra das insurreições que o Dr. Mário Soares antevia ontem na TVI (numa espécie de registo subtil de mandar recados aos senhores do governo), ao ser entrevistado pela competentíssima Constança Cunha e Sá. Entre as três horas e as seis da manhã, os vasos andaram aos tombos pelos cantos das varandas, quintais e jardins. As raízes das plantas e flores não resistiram à força do Vento e separaram-se da terra ficando, assim, estropiadas e desalojadas estando agora à espera que a protecção civil as encaminhe para o serviço da CML que, certamente, lhes dará um novo abrigo. Homem visionário, este. Verbalizou a rebelião e o tempo tratou do resto em forma de ciclone. Não se sabe o que virá a acontecer ao Vento insurrecto que já foi caçado e está em prisão preventiva à espera de ser ouvido e constituído arguido. Fontes anónimas fizeram saber que está calmo, embora preocupado com a mulher Brisa e as três filhas, Aragem quente, Aragem suave e Aragem fria, pois não se lembra se, quando saiu da cabana a leste do paraíso onde vivem, ainda havia flocos e leite na despensa. Não fosse essa ralação talvez nem se importasse de descansar uns tempos na cadeia em vez de andar por aí a levar com as portas dos empregadores na cara, a desgastar-se soprando à velocidade da luz tentando causar um grau de destruição que faça acordar os que, no acto da posse, prometeram fazer de tudo para levar este nosso quintal até aos confins da modernidade. Por fim, não escondo que este aprisionamento do Vento me deixou triste e infeliz. Afinal, não sei se outros ventos virão e se ainda lhes poderei perguntar por notícias do meu país.__________________________Fotografia: Victor Camiller

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