O CACIMBO: HOMENAGEM A HUMBERTO DELGADO

08-07-2009
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HUMBERTO DELGADO FOI MORTO À PAULADAO Porto, que "guarda os homens livres no âmago do seu coração", homenageou ontem Humberto Delgado, cinquenta anos depois do general, na abertura da campanha para as presidenciais, ser recebido por uma multidão impressionante. Nesse dia, prometeu deixar à cidade o seu coração, o Porto ergue-lhe agora uma estátua e lança um apelo para que seja reposta a verdade sobre a sua morte.Foi Artur Santos Silva, durante a apresentação do volumoso livro Humberto Delgado/ Biografia do General Sem Medo, ontem de manhã, que lançou o desafio. Essa obra, escrita por Frederico Delgado Rosa, neto do biografado, deve ser o ponto de partida para amplo debate público e "relançamento do julgamento de Humberto Delgado". Porque o general, oposicionista de Salazar, "não foi morto a tiro, mas à paulada, num acto premeditado".A brigada PIDE, que em 1965 assassinou o general Delgado na zona de Badajoz (Espanha), já levava consigo "ácido sulfúrico e cal" para precipitar a decomposição do cadáver, disse Santos Silva. O autor da biografia não confirma a presença de ácido sulfúrico, mas está provada a existência de cal. O relatório da autópsia, que as autoridades espanholas elaboraram, demonstra, sublinha Delgado Rosa, que o seu avô morreu na sequência de um "espancamento selvático". Mas esse facto "não convinha aos juízes do Tribunal de Santa Clara", Lisboa, que, em 1978, julgaram os elementos da polícia política, autores da cilada na zona de Badajoz.O tribunal, que recusou o relatório das autoridade espanholas e a realização de uma nova autópsia, "fabricou uma mentira estrondosa", acusa o biógrafo do General sem Medo. "A morte a tiro fez do autor material o único bode expiatório, os restantes elementos foram assim ilibados." Os juízes defenderam a tese de que "a brigada da PIDE não foi para matar, mas para prender o general".A homenagem ao general, 50 anos depois de passar pelo Porto e abrir caminho à queda da Ditadura, foi uma iniciativa da Fundação Humberto Delgado, Governo Civil e Câmara do Porto. A estátua, da autoria de José Rodrigues, que mostra Delgado envolto numa bandeira nacional, na Praça de Carlos Alberto, fica a escassos metros da antiga sede de candidatura do candidato oposicionista a Salazar. Na cerimónia intervieram também o autarca Rui Rio, o ministro Augusto Santos Silva, Isabel Oneto, governadora civil, Iva Delgado e Coelho dos Santos, que integrava a campanha de Delgado em 1958.O que aconteceu no Porto, há 50 anos, com uma multidão estimada em 200 mil pessoas a receber Humberto Delgado, segundo Iva Delgado, filha do general, foi uma verdadeira revolução. "Foi um momento de paixão pela liberdade", disse. Por seu turno, Rui Rio lembrou que o povo do Porto, ao apoiar Delgado em 1958, demonstrou mais uma vez "ter razão antes do tempo". In DN


HUMBERTO DELGADO FOI MORTO À PAULADAO Porto, que "guarda os homens livres no âmago do seu coração", homenageou ontem Humberto Delgado, cinquenta anos depois do general, na abertura da campanha para as presidenciais, ser recebido por uma multidão impressionante. Nesse dia, prometeu deixar à cidade o seu coração, o Porto ergue-lhe agora uma estátua e lança um apelo para que seja reposta a verdade sobre a sua morte.Foi Artur Santos Silva, durante a apresentação do volumoso livro Humberto Delgado/ Biografia do General Sem Medo, ontem de manhã, que lançou o desafio. Essa obra, escrita por Frederico Delgado Rosa, neto do biografado, deve ser o ponto de partida para amplo debate público e "relançamento do julgamento de Humberto Delgado". Porque o general, oposicionista de Salazar, "não foi morto a tiro, mas à paulada, num acto premeditado".A brigada PIDE, que em 1965 assassinou o general Delgado na zona de Badajoz (Espanha), já levava consigo "ácido sulfúrico e cal" para precipitar a decomposição do cadáver, disse Santos Silva. O autor da biografia não confirma a presença de ácido sulfúrico, mas está provada a existência de cal. O relatório da autópsia, que as autoridades espanholas elaboraram, demonstra, sublinha Delgado Rosa, que o seu avô morreu na sequência de um "espancamento selvático". Mas esse facto "não convinha aos juízes do Tribunal de Santa Clara", Lisboa, que, em 1978, julgaram os elementos da polícia política, autores da cilada na zona de Badajoz.O tribunal, que recusou o relatório das autoridade espanholas e a realização de uma nova autópsia, "fabricou uma mentira estrondosa", acusa o biógrafo do General sem Medo. "A morte a tiro fez do autor material o único bode expiatório, os restantes elementos foram assim ilibados." Os juízes defenderam a tese de que "a brigada da PIDE não foi para matar, mas para prender o general".A homenagem ao general, 50 anos depois de passar pelo Porto e abrir caminho à queda da Ditadura, foi uma iniciativa da Fundação Humberto Delgado, Governo Civil e Câmara do Porto. A estátua, da autoria de José Rodrigues, que mostra Delgado envolto numa bandeira nacional, na Praça de Carlos Alberto, fica a escassos metros da antiga sede de candidatura do candidato oposicionista a Salazar. Na cerimónia intervieram também o autarca Rui Rio, o ministro Augusto Santos Silva, Isabel Oneto, governadora civil, Iva Delgado e Coelho dos Santos, que integrava a campanha de Delgado em 1958.O que aconteceu no Porto, há 50 anos, com uma multidão estimada em 200 mil pessoas a receber Humberto Delgado, segundo Iva Delgado, filha do general, foi uma verdadeira revolução. "Foi um momento de paixão pela liberdade", disse. Por seu turno, Rui Rio lembrou que o povo do Porto, ao apoiar Delgado em 1958, demonstrou mais uma vez "ter razão antes do tempo". In DN

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