Pulo do Lobo: So long, farewell, auf Wiedersehen, adieu

23-11-2005
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Ritmo de convergência para a UE:(Clique para ver em detalhe. Gráfico por Abel Mateus, ISEGI-UNL)É à volta da realidade que este gráfico espelha de forma simples que Cavaco tem centrado o seu discurso económico. Faz bem. Não sendo o único, ele é o mais importante desafio económico e político que o país enfrenta.Porque é que ele é o mais importante desafio? E o que pode/deve fazer um Presidente face a ele? Duas boas perguntas para as quais ensaio duas respostas:Se as economias de vários países foremgenericamente iguais, à excepção do montante de capital disponível em cada uma, os países com menor dotação de capital terão taxas de crescimento da sua riqueza superiores às dos países mais ricos. A tendência de longo prazo é então para os países pobres igualarem os níveis de PIB per capita dos países mais ricos.Esta evidência empírica, relatada em detalhe no trabalho do economista Robert Barro, torna a convergência um processo quase inevitável. Larry Summers, primeiro, e Rudi Dornbusch, depois, chegaram a apelidar esta constatação empírica de Barro como a "". Nos países da OCDE, a aproximação para os níveis de riqueza dos países mais ricos pelos países menos ricos é de cerca de 2 a 3% ao ano.Que Portugal tenha sido capaz de quebrar esta tendência de convergência acelerada ao ponto de atingir o actual estado de divergência diz bem do nível de erro em que incorrem as políticas adoptadas. É urgente a inversão dos factores estruturantes que determinam esta divergência e é de todo impossível que quem defenda como prioridade o crescimento económico venha insistir na defesa de políticas cuja natureza e resultados o gráfico tão cruelmente expõe.Não é com agrado que vejo Portugal servir de exemplo para explicar como um país pode ser tão mal gerido ao ponto de quebrar de forma tão forte a tendência de convergência média expectável para um país OCDE.Habituem-se, poderão dizer alguns, abusivamente citando António Vitorino. Talvez, mas a verdade é que quem nunca se desabituou do excelente ritmo de convergência nos tempos do pelotão da frente, do bom aluno da Europa, tem agora alguma dificuldade em resignar-se a servir de case-study contrário.E quem leu e acreditou em algum panfleto desinformativo argumentando que a prosperidade desses anos derivou apenas da injecção de fundos comunitários, aconselho o seguinte: consulte o volume de dinheiro injectado via UE em Portugal nos anos em que a desaceleração e divergência aconteceram. Conselho adicional: esteja sentado.Perder a ambição de alcançar o nível de vida que a Europa mais rica possibilita, de uma maneira geral, ao seus cidadãos, é a resignação à inviabilidade do projecto de Portugal como um espaço identitário com futuro. É a resignação à inferioridade.E mesmo para quem não se importe especialmente com isso, a verdade é que a evolução esperada da globalidade dos indicadores económicos e financeiros aponta para a impossibilidade da manutenção do status quo tal como hoje o conhecemos. A não reforma não implica apenas a impossibilidade da melhoria. Implica a impossibilidade de manter o pouco que temos.E onde entra um Presidente neste cenário? Entra num post amanhã.

Ritmo de convergência para a UE:(Clique para ver em detalhe. Gráfico por Abel Mateus, ISEGI-UNL)É à volta da realidade que este gráfico espelha de forma simples que Cavaco tem centrado o seu discurso económico. Faz bem. Não sendo o único, ele é o mais importante desafio económico e político que o país enfrenta.Porque é que ele é o mais importante desafio? E o que pode/deve fazer um Presidente face a ele? Duas boas perguntas para as quais ensaio duas respostas:Se as economias de vários países foremgenericamente iguais, à excepção do montante de capital disponível em cada uma, os países com menor dotação de capital terão taxas de crescimento da sua riqueza superiores às dos países mais ricos. A tendência de longo prazo é então para os países pobres igualarem os níveis de PIB per capita dos países mais ricos.Esta evidência empírica, relatada em detalhe no trabalho do economista Robert Barro, torna a convergência um processo quase inevitável. Larry Summers, primeiro, e Rudi Dornbusch, depois, chegaram a apelidar esta constatação empírica de Barro como a "". Nos países da OCDE, a aproximação para os níveis de riqueza dos países mais ricos pelos países menos ricos é de cerca de 2 a 3% ao ano.Que Portugal tenha sido capaz de quebrar esta tendência de convergência acelerada ao ponto de atingir o actual estado de divergência diz bem do nível de erro em que incorrem as políticas adoptadas. É urgente a inversão dos factores estruturantes que determinam esta divergência e é de todo impossível que quem defenda como prioridade o crescimento económico venha insistir na defesa de políticas cuja natureza e resultados o gráfico tão cruelmente expõe.Não é com agrado que vejo Portugal servir de exemplo para explicar como um país pode ser tão mal gerido ao ponto de quebrar de forma tão forte a tendência de convergência média expectável para um país OCDE.Habituem-se, poderão dizer alguns, abusivamente citando António Vitorino. Talvez, mas a verdade é que quem nunca se desabituou do excelente ritmo de convergência nos tempos do pelotão da frente, do bom aluno da Europa, tem agora alguma dificuldade em resignar-se a servir de case-study contrário.E quem leu e acreditou em algum panfleto desinformativo argumentando que a prosperidade desses anos derivou apenas da injecção de fundos comunitários, aconselho o seguinte: consulte o volume de dinheiro injectado via UE em Portugal nos anos em que a desaceleração e divergência aconteceram. Conselho adicional: esteja sentado.Perder a ambição de alcançar o nível de vida que a Europa mais rica possibilita, de uma maneira geral, ao seus cidadãos, é a resignação à inviabilidade do projecto de Portugal como um espaço identitário com futuro. É a resignação à inferioridade.E mesmo para quem não se importe especialmente com isso, a verdade é que a evolução esperada da globalidade dos indicadores económicos e financeiros aponta para a impossibilidade da manutenção do status quo tal como hoje o conhecemos. A não reforma não implica apenas a impossibilidade da melhoria. Implica a impossibilidade de manter o pouco que temos.E onde entra um Presidente neste cenário? Entra num post amanhã.

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