Glória Fácil: O ovo

30-09-2009
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"António Vitorino, Jaime Gama, Vitor Constâncio não estavam interessados em ser candidatos. Acontece. Manuel Alegre, sondado em quarto lugar, não aceitou de imediato e ficou a reflectir. É compreensível. Soares não resistiu e propôs-se a Sócrates. Acontece."

E agora para algo completamente diferente. Para que não me voltem a acusar de "mau perder" presidencial, decidi adequar a nossa Discoteca ao presente momento de regozijo geral com a eleição do prof. Cavaco Silva

.

Fiquei espantado com o artigo de ontem de Eduardo Prado Coelho. Passo a citar o destacado apoiante de Alegre:Nesta meia dúzia de frases - que não me parecem escritas naquele registo ultra-irónico à contrário que EPC por vezes utiliza - fico a saber que, afinal:. Alegre poderia ter sido o candidato oficialmente apoiado pelo PS;. Só não o foi porque ficou a "reflectir", permitindo que Soares se antecipasse;Muito bem. Interessantes revelações (pelo menos para mim). Que permitem, legitimamente, perguntar:. Não terá feito Alegre os possíveis e os impossíveis paraser o candidato oficial do PS?. Como poderia ter protagonizado o discurso que protagonizou sendo o candidato oficialmente apoiado por um partido?. Que mais-valia eleitoral teria Alegre se não pudesse ter explorado o discurso da "crise dos partidos"?. Ou seja: não acabou por ser uma enorme vantagem para Alegre o facto de o PSo apoiar?Tem-se pensado que Alegre explorou o discurso da "crise dos partidos" como consequência da rejeição da sua candidatura pelo PS. Mas experimentemos, por uma vez, virar o raciocínio do avesso: Alegre fez porser o candidato do PS precisamente porque essa era a única forma de poder continuar a ter o discurso da "crise dos partidos" (que aliás já tinha feito na disputa pela liderança do PS que travou com Sócrates). Depois de ter lido a crónica de EPC isto parece-me uma evidência.Findas as especulações, segue o meu modesto julgamento moral desta história: Não gosto de políticos que gerem 30 anos de carreira política sem um único beliscão. E que o fazem pela recusa sistemática de assumir funções de risco, precisamente porque na única vez que o fizeram - Alegre foi o secretário de Estado da Comunicação Social no famoso "caso O Século" - se deram tremendamente mal, jurando para nunca mais. Assim é muito fácil. Mas isto não é política - porque político que é político vai à guerra e dá e leva. Isto é outra coisa, gestão de carreira apenas."Políticos" assim fazem-me sempre lembrar uma frase que um dia Vasco Pulido Valente dedicou a Durão Barroso (outro artista...): "Perfeitinho que nem um ovo. Não tem ponta por onde se lhe pegue."

"António Vitorino, Jaime Gama, Vitor Constâncio não estavam interessados em ser candidatos. Acontece. Manuel Alegre, sondado em quarto lugar, não aceitou de imediato e ficou a reflectir. É compreensível. Soares não resistiu e propôs-se a Sócrates. Acontece."

E agora para algo completamente diferente. Para que não me voltem a acusar de "mau perder" presidencial, decidi adequar a nossa Discoteca ao presente momento de regozijo geral com a eleição do prof. Cavaco Silva

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Fiquei espantado com o artigo de ontem de Eduardo Prado Coelho. Passo a citar o destacado apoiante de Alegre:Nesta meia dúzia de frases - que não me parecem escritas naquele registo ultra-irónico à contrário que EPC por vezes utiliza - fico a saber que, afinal:. Alegre poderia ter sido o candidato oficialmente apoiado pelo PS;. Só não o foi porque ficou a "reflectir", permitindo que Soares se antecipasse;Muito bem. Interessantes revelações (pelo menos para mim). Que permitem, legitimamente, perguntar:. Não terá feito Alegre os possíveis e os impossíveis paraser o candidato oficial do PS?. Como poderia ter protagonizado o discurso que protagonizou sendo o candidato oficialmente apoiado por um partido?. Que mais-valia eleitoral teria Alegre se não pudesse ter explorado o discurso da "crise dos partidos"?. Ou seja: não acabou por ser uma enorme vantagem para Alegre o facto de o PSo apoiar?Tem-se pensado que Alegre explorou o discurso da "crise dos partidos" como consequência da rejeição da sua candidatura pelo PS. Mas experimentemos, por uma vez, virar o raciocínio do avesso: Alegre fez porser o candidato do PS precisamente porque essa era a única forma de poder continuar a ter o discurso da "crise dos partidos" (que aliás já tinha feito na disputa pela liderança do PS que travou com Sócrates). Depois de ter lido a crónica de EPC isto parece-me uma evidência.Findas as especulações, segue o meu modesto julgamento moral desta história: Não gosto de políticos que gerem 30 anos de carreira política sem um único beliscão. E que o fazem pela recusa sistemática de assumir funções de risco, precisamente porque na única vez que o fizeram - Alegre foi o secretário de Estado da Comunicação Social no famoso "caso O Século" - se deram tremendamente mal, jurando para nunca mais. Assim é muito fácil. Mas isto não é política - porque político que é político vai à guerra e dá e leva. Isto é outra coisa, gestão de carreira apenas."Políticos" assim fazem-me sempre lembrar uma frase que um dia Vasco Pulido Valente dedicou a Durão Barroso (outro artista...): "Perfeitinho que nem um ovo. Não tem ponta por onde se lhe pegue."

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