homocivicus: As eleições e o povo semi-soberano

29-09-2009
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Já decorre o ciclo eleitoral de 2009. Como ele abrem-se (ou fecham-se) os processos de recrutamento do pessoal político que, depois de eleito, recrutará outro pessoal para seu mando ou seu apoio.É a propósito dos mecanismos de recrutamento político que recomendo a leitura da obra "O Povo Semi-Soberano, Partidos Políticos e Recrutamento Parlamentar em Portugal", de Conceição Pequito Teixeira (Almedina, 2009). Um livro que resulta da tese de doutoramento da autora no ISCSP e que observa um fenómeno central da Ciência Política: o dos mecanismos, processos e estratégias de recrutamento parlamentar. Retiro das conclusões um excerto que resume uma boa parte das conclusões: «trata-se, pois, de uma realidade que não pode deixar de conferir aos padrões e às estratégias de recrutamento parlamentar uma natureza profundamente fechada, autoreferencial e preponderantemente partidocrática, por certo responsável pelo crescente isolamento e distanciamento da classe política em relação à sociedade civil, como se de dois mundos ou realidades à parte se tratasse».O maior desafio consta da pergunta que a autora faz no final da sua caminhada: Se os partidos são essenciais à democracia, o que fazer para ultrapassar as suas tendências fechadas, oligárquicas e autoreferenciais através de novos métodos e estratégias de democratização?. Temo que as tendências apuradas por Conceição Teixeira se renovem neste ciclo eleitoral. A "lei de ferro da oligarquia" continuará a ser lei e R. Michels continuará a ter razão. Ele e o seu amigo (que não conheceu) Ostrogorski. Se hoje nos visitassem veriam - sem surpresa - como tinham ambos razão.


Já decorre o ciclo eleitoral de 2009. Como ele abrem-se (ou fecham-se) os processos de recrutamento do pessoal político que, depois de eleito, recrutará outro pessoal para seu mando ou seu apoio.É a propósito dos mecanismos de recrutamento político que recomendo a leitura da obra "O Povo Semi-Soberano, Partidos Políticos e Recrutamento Parlamentar em Portugal", de Conceição Pequito Teixeira (Almedina, 2009). Um livro que resulta da tese de doutoramento da autora no ISCSP e que observa um fenómeno central da Ciência Política: o dos mecanismos, processos e estratégias de recrutamento parlamentar. Retiro das conclusões um excerto que resume uma boa parte das conclusões: «trata-se, pois, de uma realidade que não pode deixar de conferir aos padrões e às estratégias de recrutamento parlamentar uma natureza profundamente fechada, autoreferencial e preponderantemente partidocrática, por certo responsável pelo crescente isolamento e distanciamento da classe política em relação à sociedade civil, como se de dois mundos ou realidades à parte se tratasse».O maior desafio consta da pergunta que a autora faz no final da sua caminhada: Se os partidos são essenciais à democracia, o que fazer para ultrapassar as suas tendências fechadas, oligárquicas e autoreferenciais através de novos métodos e estratégias de democratização?. Temo que as tendências apuradas por Conceição Teixeira se renovem neste ciclo eleitoral. A "lei de ferro da oligarquia" continuará a ser lei e R. Michels continuará a ter razão. Ele e o seu amigo (que não conheceu) Ostrogorski. Se hoje nos visitassem veriam - sem surpresa - como tinham ambos razão.

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