Lucky Man: A democracia deixa-me grego, como Péricles

04-07-2005
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A democracia deixa-me grego, como Péricles

Temos eleições! Que bom, vamos aproveitar esta grande vantagem da democracia que é escolhermos entre várias pessoas que não conhecemos de lado nenhum para nos representar na Europa! E a campanha tem sido excelente, motivando como nunca as pessoas a irem... para a praia, ou então a conhecerem um pouco melhor o nosso país vizinho, a começar pela bela arquitectura numérica dos postos de combustíveis. Ainda não decidi, mas provavelmente não irei votar. A guerrilha entre partidos está a atingir proporções absolutamente ridículas.Um exemplo: António Costa, do PS, afirmou-se chocado com o facto de Miguel Portas não apoiar António Vitorino numa hipotética eleição para a Comissão Europeia. Eu pessoalmente penso que António Vitorino tem todo o mérito e que quando emite a sua opinião as pessoas ouvem-no (fica só a dúvida se o conseguem ver). Agora, eu é que fico chocado como nesta campanha eleitoral a única coisa de que os partidos falam... é de outros partidos! Praticamente não ouço falar da Europa, das consequências do alargamento, da preservação dos nossos interesses, na protecção da nossa agricultura, das nossas pescas, do Plano de Estabilidade e Crescimento, que é só para alguns. Há dias o jornalista José Rodrigues dos Santos teve de arrancar a ferros uma resposta do Miguel Portas, com um inequívoco 'Se for eleito, o que vai lá fazer [ao Parlamento Europeu]?' O ódio interior está de tal forma instalado que as pessoas andam cegas a pensar no melhor contra-ataque à última provocação do adversário. E a Europa, meu caro senhor, esqueceu-se?Mas afinal para que precisamos destes políticos? Partidos de trazer por casa apenas para dizer que temos uma democracia? Precisa-se outro sistema. Não uma anarquia, isso seria o fim da civilização, mas antes a 'ditadura da competência'. Quem nos governa tem de ter competência em todas as suas áreas de actuação. Não podem ficar quatro anos no governo a asneirar só porque têm maioria absoluta. Se fosse numa empresa privada, um funcionário ou uma equipa que erram com frequência ou criam um tal mau-estar que colocam em causa a existência da própria empresa não ficariam nem uma semana! Um governo deverá entrar à experiência e funcionar através de contratos a termo ad eternum. Na campanha, que poderá durar um mês, apresenta um projecto específico, não genérico, comconcretos a cumprir. Ao fim de 6 meses será avaliado pela população, não por meras cruzinhas à frente do símbolo do partido mas por um inquérito sobre as soluções que o país necessita e os objectivos que foram cumpridos. Caso reprovasse, rua! E venha outra campanha. Porque um governo não é mais que a equipa executiva de um país, novamente usando a comparação empresarial. Se não é capaz de resolver os problemas, por mais difíceis e estruturais que se apresentem, não serve e tem de dar lugar a quem os saiba resolver. E quer o Durão um mandato ainda maior que quatro anos, imaginem!Tudo isto é uma solução de recurso. Uma democracia verdadeira implicava que eu mandasse no país, juntamente e com a mesma força que o meu vizinho, a minha tia solteira, o varredor de rua, o Belmiro de Azevedo, o vagabundo que dorme nas soleiras, e até o José Castel-Branco. É utópico. Como afirmei no post anterior temos que compatibilizar interesses. É a liberdade de cada um que termina onde começa a do outro. Não somos verdadeiramente livres. Apenas podemos sonhar que possa existir alguma espécie de perfeição que nos una a todos sem haver alguém que se sinta a perder. É só um sonho. Mas é do sonho que tudo nasce.

A democracia deixa-me grego, como Péricles

Temos eleições! Que bom, vamos aproveitar esta grande vantagem da democracia que é escolhermos entre várias pessoas que não conhecemos de lado nenhum para nos representar na Europa! E a campanha tem sido excelente, motivando como nunca as pessoas a irem... para a praia, ou então a conhecerem um pouco melhor o nosso país vizinho, a começar pela bela arquitectura numérica dos postos de combustíveis. Ainda não decidi, mas provavelmente não irei votar. A guerrilha entre partidos está a atingir proporções absolutamente ridículas.Um exemplo: António Costa, do PS, afirmou-se chocado com o facto de Miguel Portas não apoiar António Vitorino numa hipotética eleição para a Comissão Europeia. Eu pessoalmente penso que António Vitorino tem todo o mérito e que quando emite a sua opinião as pessoas ouvem-no (fica só a dúvida se o conseguem ver). Agora, eu é que fico chocado como nesta campanha eleitoral a única coisa de que os partidos falam... é de outros partidos! Praticamente não ouço falar da Europa, das consequências do alargamento, da preservação dos nossos interesses, na protecção da nossa agricultura, das nossas pescas, do Plano de Estabilidade e Crescimento, que é só para alguns. Há dias o jornalista José Rodrigues dos Santos teve de arrancar a ferros uma resposta do Miguel Portas, com um inequívoco 'Se for eleito, o que vai lá fazer [ao Parlamento Europeu]?' O ódio interior está de tal forma instalado que as pessoas andam cegas a pensar no melhor contra-ataque à última provocação do adversário. E a Europa, meu caro senhor, esqueceu-se?Mas afinal para que precisamos destes políticos? Partidos de trazer por casa apenas para dizer que temos uma democracia? Precisa-se outro sistema. Não uma anarquia, isso seria o fim da civilização, mas antes a 'ditadura da competência'. Quem nos governa tem de ter competência em todas as suas áreas de actuação. Não podem ficar quatro anos no governo a asneirar só porque têm maioria absoluta. Se fosse numa empresa privada, um funcionário ou uma equipa que erram com frequência ou criam um tal mau-estar que colocam em causa a existência da própria empresa não ficariam nem uma semana! Um governo deverá entrar à experiência e funcionar através de contratos a termo ad eternum. Na campanha, que poderá durar um mês, apresenta um projecto específico, não genérico, comconcretos a cumprir. Ao fim de 6 meses será avaliado pela população, não por meras cruzinhas à frente do símbolo do partido mas por um inquérito sobre as soluções que o país necessita e os objectivos que foram cumpridos. Caso reprovasse, rua! E venha outra campanha. Porque um governo não é mais que a equipa executiva de um país, novamente usando a comparação empresarial. Se não é capaz de resolver os problemas, por mais difíceis e estruturais que se apresentem, não serve e tem de dar lugar a quem os saiba resolver. E quer o Durão um mandato ainda maior que quatro anos, imaginem!Tudo isto é uma solução de recurso. Uma democracia verdadeira implicava que eu mandasse no país, juntamente e com a mesma força que o meu vizinho, a minha tia solteira, o varredor de rua, o Belmiro de Azevedo, o vagabundo que dorme nas soleiras, e até o José Castel-Branco. É utópico. Como afirmei no post anterior temos que compatibilizar interesses. É a liberdade de cada um que termina onde começa a do outro. Não somos verdadeiramente livres. Apenas podemos sonhar que possa existir alguma espécie de perfeição que nos una a todos sem haver alguém que se sinta a perder. É só um sonho. Mas é do sonho que tudo nasce.

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