Universos Assimétricos

04-10-2009
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Há bocado ouvi o habitual comentário político de António Vitorino na televisão. Não o costumo escutar e hoje percebi porquê. O homem atira com ideias feitas à cara dos espectadores e segue em frente. O que ele faz não é um comentário matizado, meditado com o espectador, é uma palestra de comício. Em 30 segundos disse que Israel é uma democracia e que o Hezbolah é uma organização terrorista e pronto. E seguiu com outras considerações igualmente a preto e branco.

O espectador como eu não precisa da repetição de certas retóricas como a de Bush. Essas, ouvimo-las a toda a hora. Não têm credibilidade. Defendem interesses nacionais inconfessáveis. O que o espectador como eu precisa é de alguém que o ajude a realçar as nuances, a ver o aspecto escondido atrás do acto expresso.

O que o espectador como eu queria perceber é como é que são algumas democracias os agentes mais mortíferos. Como é que foi uma democracia a invadir o Iraque e a matar 100.000 pessoas. Como é que é uma democracia a atingir deliberadamente alvos civis no Líbano. Alguém que nos mostrasse que as democracias são sistemas desejáveis internamente aos Estados mas tão ou mais repressivos que as ditaduras em política externa.

O que o espectador como eu queria entender é porque é que as organizações terroristas têm tantos adeptos. Mas sem a «explicação» idiota das virgens e do paraíso. O que o espectador como eu queria perceber é porque é que têm que ser as organizações terroristas a lutar pela aplicação dum Estado Palestiniano enquanto as democráticas democracias não fazem o menor esforço nesse sentido há mais de 50 anos e calam o miserável extermínio dos palestinianos.

Se eu usasse a linguagem simplista de António Vitorino, ao olhar para o televisor, diria simplesmente: «Olha, é um gordo careca». E pronto. Era isto uma análise honesta? Não. O homem apesar do aspecto imediato tem valor. Teve cargos importantes no PS, no Parlamento Europeu, nomeadamente a nível de Segurança e chegou a falar-se nele para Presidente da República Portuguesa. A realidade é mais rica do que a retórica simplista quer fazer crer.

Para qualquer daquelas funções António Vitorino foi ou seria muito bom, mas depois de o ouvir percebe-se que para comentador político televisivo servirá talvez só para equilibrar a quota televisiva do PS em comentadores políticos.

Há bocado ouvi o habitual comentário político de António Vitorino na televisão. Não o costumo escutar e hoje percebi porquê. O homem atira com ideias feitas à cara dos espectadores e segue em frente. O que ele faz não é um comentário matizado, meditado com o espectador, é uma palestra de comício. Em 30 segundos disse que Israel é uma democracia e que o Hezbolah é uma organização terrorista e pronto. E seguiu com outras considerações igualmente a preto e branco.

O espectador como eu não precisa da repetição de certas retóricas como a de Bush. Essas, ouvimo-las a toda a hora. Não têm credibilidade. Defendem interesses nacionais inconfessáveis. O que o espectador como eu precisa é de alguém que o ajude a realçar as nuances, a ver o aspecto escondido atrás do acto expresso.

O que o espectador como eu queria perceber é como é que são algumas democracias os agentes mais mortíferos. Como é que foi uma democracia a invadir o Iraque e a matar 100.000 pessoas. Como é que é uma democracia a atingir deliberadamente alvos civis no Líbano. Alguém que nos mostrasse que as democracias são sistemas desejáveis internamente aos Estados mas tão ou mais repressivos que as ditaduras em política externa.

O que o espectador como eu queria entender é porque é que as organizações terroristas têm tantos adeptos. Mas sem a «explicação» idiota das virgens e do paraíso. O que o espectador como eu queria perceber é porque é que têm que ser as organizações terroristas a lutar pela aplicação dum Estado Palestiniano enquanto as democráticas democracias não fazem o menor esforço nesse sentido há mais de 50 anos e calam o miserável extermínio dos palestinianos.

Se eu usasse a linguagem simplista de António Vitorino, ao olhar para o televisor, diria simplesmente: «Olha, é um gordo careca». E pronto. Era isto uma análise honesta? Não. O homem apesar do aspecto imediato tem valor. Teve cargos importantes no PS, no Parlamento Europeu, nomeadamente a nível de Segurança e chegou a falar-se nele para Presidente da República Portuguesa. A realidade é mais rica do que a retórica simplista quer fazer crer.

Para qualquer daquelas funções António Vitorino foi ou seria muito bom, mas depois de o ouvir percebe-se que para comentador político televisivo servirá talvez só para equilibrar a quota televisiva do PS em comentadores políticos.

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