DuasCidades: O “churrasco” da Direita Republicana

02-10-2009
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Neste fim de ano de 2006, parece que o desporto favorito da Direita Republicana Portuguesa é o churrasco dos seus líderes partidários, mas em fogo muito brando. No PSD o "assado" é o dr. Marques Mendes. No PP CDS, é o dr. Ribeiro e Castro. Há razões naturais e outras anti-natura para este procedimento.A razão natural é que, perante a eventual consolidação da dupla Sócrates-Cavaco até 2009, a Direita Republicana sente que alguma coisa deve ser feita para robustecer a oposição. Vão ser quase 3 anos de oposição complicada. Como os dois grandes ausentes – Marcelo e Portas - ainda não sentem o momento conveniente - descansam a dar sermões na televisão e nos semanários. Quem actua são os “grupos de retirada”. Os Drs. António Pires de Lima, Nuno Melo e Telmo Correia, cada um à vez, acorrem para discutir a liderança do PP. No PSD, o panorama é mais complexo; o dr . Marques Mendes vai sofrendo assaltos do nortenho Meneses que, por sua vez sofre, os assaltos do prof. Marcelo enquanto a dra.ª Paula Teixeira da Cruz ataca na frente Sul. Uma evidência que entra em casa quase todos os dias, é esta balcanização da direita republicana portuguesa.Mas o procedimento é anti-natura porque o "churrasco elitista" em lume brando dos líderes eleitos, até à véspera das legislativas de 2009, faz mal à democracia. Em vez de se concentrarem nos problemas económicos e sociais com solução política, concentram-se nos problemas de poder interno, cujas soluções não interessam senão a uma oligarquia de umas 3000 pessoas na Grande Lisboa e bastante menos - peço desculpa ao Porto - no Grande Porto. Que o país seja representado por políticos quezilentos que falam para as câmaras de TV como quem condescende em dar pérolas a porcos, como quem faz brilharetes para os amigos mas se está a marimbar para tudo excepto nos cargos, faz muito mal à democracia e à confiança dos eleitores. O ataque aos líderes eleitos e a procura de um líder ausente, em jeito de “mulheres à beira de ataque de nervos”, ofende a inteligência dos eleitores. E este género de exercícios de hipocrisia política são nocivos para quem os pratica e dão mau nome à política e aos políticos da república. No caso do CDS, todos já perceberam o ambiente de guerra aberta entre Ribeiro e Castro e o grupo parlamentar constituído por antigos dirigentes afectos a Paulo Portas. “ Afectos?” Dir-se-ia “ afectados” O mais espantoso é que a Direita Republicana tem dirigentes partidários eficazes. Mas esses não podem falar. Onde está Maria José Avillez no CDS? Onde está no PSD o tal António Borges?A quem interessa esta situação de “balcanização” da Direita Republicana ? Numa palavra, à Esquerda e ao Big Business. A primeira continua a predominar na comunicação social. Assim, interessa-lhe alimentar o churrasco. Lentamente. Age muito bem, em termos políticos. Parabéns ao discreto dr. Pedro Silva Pereira. Uma vez que o recrutamento de dirigentes partidários na Direita deixou de ser conduzido pelo sentido de interesse nacional e por Causas, passou a servir objectivamente apenas o status quo e os médios e grandes grupos económicos. Quanto ao Big Business vive bem. Para quê incomodar-se com líderes da oposição, se tem o líder do governo pelo seu lado? Assim desinteressa-se do caso, deixando o terreno para actores menoresBem gostaríamos que a Direita Democrática Portuguesa fosse mais digna. O eleitorado assim o merece com a sua espantosa constância de voto nos 2+ 2 partidos, uma constância que tornou Portugal um case-study de toda a politologia europeia. Os próprios partidos democráticos - que prestaram um serviço ao país após o 25 de Abril, afastando o espectro totalitário – mereciam melhor e deviam ser restaurados na formação de quadros, juventudes, debate interno, proximidade aos eleitores, etc. Onde isso já lá vai! –Mas enquanto a Direita Democrática for republicana, auguro o pior! Não tem princípios, não tem causas, não tem desígnio senão passar de oposição a poder. Qual o espanto que se entretenha com o churrasco dos seus dirigentes?


Neste fim de ano de 2006, parece que o desporto favorito da Direita Republicana Portuguesa é o churrasco dos seus líderes partidários, mas em fogo muito brando. No PSD o "assado" é o dr. Marques Mendes. No PP CDS, é o dr. Ribeiro e Castro. Há razões naturais e outras anti-natura para este procedimento.A razão natural é que, perante a eventual consolidação da dupla Sócrates-Cavaco até 2009, a Direita Republicana sente que alguma coisa deve ser feita para robustecer a oposição. Vão ser quase 3 anos de oposição complicada. Como os dois grandes ausentes – Marcelo e Portas - ainda não sentem o momento conveniente - descansam a dar sermões na televisão e nos semanários. Quem actua são os “grupos de retirada”. Os Drs. António Pires de Lima, Nuno Melo e Telmo Correia, cada um à vez, acorrem para discutir a liderança do PP. No PSD, o panorama é mais complexo; o dr . Marques Mendes vai sofrendo assaltos do nortenho Meneses que, por sua vez sofre, os assaltos do prof. Marcelo enquanto a dra.ª Paula Teixeira da Cruz ataca na frente Sul. Uma evidência que entra em casa quase todos os dias, é esta balcanização da direita republicana portuguesa.Mas o procedimento é anti-natura porque o "churrasco elitista" em lume brando dos líderes eleitos, até à véspera das legislativas de 2009, faz mal à democracia. Em vez de se concentrarem nos problemas económicos e sociais com solução política, concentram-se nos problemas de poder interno, cujas soluções não interessam senão a uma oligarquia de umas 3000 pessoas na Grande Lisboa e bastante menos - peço desculpa ao Porto - no Grande Porto. Que o país seja representado por políticos quezilentos que falam para as câmaras de TV como quem condescende em dar pérolas a porcos, como quem faz brilharetes para os amigos mas se está a marimbar para tudo excepto nos cargos, faz muito mal à democracia e à confiança dos eleitores. O ataque aos líderes eleitos e a procura de um líder ausente, em jeito de “mulheres à beira de ataque de nervos”, ofende a inteligência dos eleitores. E este género de exercícios de hipocrisia política são nocivos para quem os pratica e dão mau nome à política e aos políticos da república. No caso do CDS, todos já perceberam o ambiente de guerra aberta entre Ribeiro e Castro e o grupo parlamentar constituído por antigos dirigentes afectos a Paulo Portas. “ Afectos?” Dir-se-ia “ afectados” O mais espantoso é que a Direita Republicana tem dirigentes partidários eficazes. Mas esses não podem falar. Onde está Maria José Avillez no CDS? Onde está no PSD o tal António Borges?A quem interessa esta situação de “balcanização” da Direita Republicana ? Numa palavra, à Esquerda e ao Big Business. A primeira continua a predominar na comunicação social. Assim, interessa-lhe alimentar o churrasco. Lentamente. Age muito bem, em termos políticos. Parabéns ao discreto dr. Pedro Silva Pereira. Uma vez que o recrutamento de dirigentes partidários na Direita deixou de ser conduzido pelo sentido de interesse nacional e por Causas, passou a servir objectivamente apenas o status quo e os médios e grandes grupos económicos. Quanto ao Big Business vive bem. Para quê incomodar-se com líderes da oposição, se tem o líder do governo pelo seu lado? Assim desinteressa-se do caso, deixando o terreno para actores menoresBem gostaríamos que a Direita Democrática Portuguesa fosse mais digna. O eleitorado assim o merece com a sua espantosa constância de voto nos 2+ 2 partidos, uma constância que tornou Portugal um case-study de toda a politologia europeia. Os próprios partidos democráticos - que prestaram um serviço ao país após o 25 de Abril, afastando o espectro totalitário – mereciam melhor e deviam ser restaurados na formação de quadros, juventudes, debate interno, proximidade aos eleitores, etc. Onde isso já lá vai! –Mas enquanto a Direita Democrática for republicana, auguro o pior! Não tem princípios, não tem causas, não tem desígnio senão passar de oposição a poder. Qual o espanto que se entretenha com o churrasco dos seus dirigentes?

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