Enguia Fresca: Congresso VII

18-07-2009
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Deixei passar algum tempo antes de comentários, porque o efeito do discurso do Presidente do Partido, Paulo Portas, só é relevante quando "confrontado" com o país e não com o congresso.Hoje, parece-me claro que a forma e a substância foram as que se esperavam, as que abrem perspectivas ao desejado crescimento do Partido através do estabelecimento de um pacto de identificação e confiança com o eleitorado.Foi muito importante a explanação do plano de redução da carga fiscal e a interligação do mesmo com políticas sociais urgentes; o discurso foi bem mais abrangente do que a teoria inicial da classe média alvo; ainda bem. De notar que, Paulo Portas foi sensato e moderado ao admitir como desejável, investimento público em áreas de necessidade e estruturantes para o desenvolvimento nacional. Como pudemos já ver, Sócrates veio a reboque, desmentir Teixeira dos Santos e anunciar possíveis baixas de impostos; falta-lhe mudar a agulha dos investimentos públicos, do faraónico e desnecessário, para o útil e indispensável.No plano da segurança, o ponto forte de Paulo Portas, o tema foi bem abordado, sem demagogia nem alarmismos irresponsáveis, com a proposta de medidas concretas e exequiveis para problemas recorrentes e potenciadores do laxismo e aumento da criminalidade.A educação é outra área forte, a que não será estranha a experiência e conhecimento de Diogo Feyo, em que, sem populismo, foi feito um verdadeiro xeque-mate ao governo. Aqui também, houve preocupação social e não de segmento ou classe.Gostaria de ter ouvido um pouco mais sobre saúde, porque os problemas não se esgotam numa vacina ou ditos de circunstância. Ainda há tempo de sobra e o partido terá de reunir gente competente, eu diria de excepção, dada a dimensão do problema e a importância do sector, para encontrar um discurso sobre saúde ao nível do que já tem sobre economia, segurança e educação. Não faltam bons quadros no partido ligados ao sector, bastará pô-los a trabalhar em conjunto.Revi-me em absoluto nas palavras de António Pires de Lima quando denunciou a falta de um discurso para a justiça; eu próprio já o tinha reclamado junto do líder por mais de uma vez. Há que reconhecer, sem complexos, que o partido não tem um historial brilhante no sector, mas tal não pode impedir-nos de o abordar, dá-nos, aliás, uma obrigação acrescida de demonstrar aos portugueses que, nesta área central e estruturante da vida pública, sabemos o que queremos e como fazê-lo.Uma última nota para referir a minha satisfação com o sublinhado da matriz democrata-cristã que atravessou todo o discurso final. Também, com o cuidado tido na abordagem de temas como a imigração que, sendo abordados com o melhor dos objectivos e escrupuloso respeito por todos, se prestam sempre a especulação e demagogia por sectores mal intencionados, com voz demasiadamente amplificada nos media portugueses.


Deixei passar algum tempo antes de comentários, porque o efeito do discurso do Presidente do Partido, Paulo Portas, só é relevante quando "confrontado" com o país e não com o congresso.Hoje, parece-me claro que a forma e a substância foram as que se esperavam, as que abrem perspectivas ao desejado crescimento do Partido através do estabelecimento de um pacto de identificação e confiança com o eleitorado.Foi muito importante a explanação do plano de redução da carga fiscal e a interligação do mesmo com políticas sociais urgentes; o discurso foi bem mais abrangente do que a teoria inicial da classe média alvo; ainda bem. De notar que, Paulo Portas foi sensato e moderado ao admitir como desejável, investimento público em áreas de necessidade e estruturantes para o desenvolvimento nacional. Como pudemos já ver, Sócrates veio a reboque, desmentir Teixeira dos Santos e anunciar possíveis baixas de impostos; falta-lhe mudar a agulha dos investimentos públicos, do faraónico e desnecessário, para o útil e indispensável.No plano da segurança, o ponto forte de Paulo Portas, o tema foi bem abordado, sem demagogia nem alarmismos irresponsáveis, com a proposta de medidas concretas e exequiveis para problemas recorrentes e potenciadores do laxismo e aumento da criminalidade.A educação é outra área forte, a que não será estranha a experiência e conhecimento de Diogo Feyo, em que, sem populismo, foi feito um verdadeiro xeque-mate ao governo. Aqui também, houve preocupação social e não de segmento ou classe.Gostaria de ter ouvido um pouco mais sobre saúde, porque os problemas não se esgotam numa vacina ou ditos de circunstância. Ainda há tempo de sobra e o partido terá de reunir gente competente, eu diria de excepção, dada a dimensão do problema e a importância do sector, para encontrar um discurso sobre saúde ao nível do que já tem sobre economia, segurança e educação. Não faltam bons quadros no partido ligados ao sector, bastará pô-los a trabalhar em conjunto.Revi-me em absoluto nas palavras de António Pires de Lima quando denunciou a falta de um discurso para a justiça; eu próprio já o tinha reclamado junto do líder por mais de uma vez. Há que reconhecer, sem complexos, que o partido não tem um historial brilhante no sector, mas tal não pode impedir-nos de o abordar, dá-nos, aliás, uma obrigação acrescida de demonstrar aos portugueses que, nesta área central e estruturante da vida pública, sabemos o que queremos e como fazê-lo.Uma última nota para referir a minha satisfação com o sublinhado da matriz democrata-cristã que atravessou todo o discurso final. Também, com o cuidado tido na abordagem de temas como a imigração que, sendo abordados com o melhor dos objectivos e escrupuloso respeito por todos, se prestam sempre a especulação e demagogia por sectores mal intencionados, com voz demasiadamente amplificada nos media portugueses.

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