Nunca entendi muito bem porque chamam "professores" aos tipos que no futebol português conseguem dizer mais do que três palavras sem um erro grave. No caso do Seleccionador Nacional, o problema é, contudo, outro. Por mais que me tentem explicar que o homem percebe disto, eu gostaria que me dissessem qual é a lógica de Portugal jogar sem "trinco" no Brasil e, logo a seguir, jogar com um defesa central nessa posição, em casa com a Finlândia. No jogo do "burro sou eu", a que assisti no Dragão e nos qualificou para o Europeu, ouvi os piores insultos a Scolari (além das insinuações dos jornalistas e comentadores) por ter colocado a "trinco" o Fernando Meira - "um central", diziam. Hoje, não sei onde andam os mesmos que viram Pepe jogar hoje nesse lugar; um extremo a defesa esquerdo; Bosingwa fora da convocatória; Moutinho no banco; Maniche arrastar-se no campo; Nuno Gomes ignorado e um ponta de lança que não marcou qualquer golo este ano e é suplente do Braga, a jogar!Mas, no futebol como na vida, a mentira repetida muitas vezes é ciência exacta. Ainda ontem ouvia Jorge Costa dizer que "o Professor" estava a renovar a Selecção, "porque sairam muitos jogadores" e esta é apenas uma das mentiras que vêm sendo repetidas. De facto, NENHUM jogador abandonou a sua carreira ou a Selecção deste a saída de Sclolari, a menos que consideremos Ricardo, Quim, Bosingwa, Nuno Gomes, Postiga, etc, de fora. Mas se estão de fora é porque Queiroz não os quer dentro - ai, se fosse qualquer deles do Futebol Clube do Porto, como o Victor Baía!Durante a "era Scolari", sobre quem diziam dispor "dos melhores jogadores do Mundo", vi arrumarem as botas ou abandonarem a Selecção, nomes como Figo, Rui Costa, Fernando Couto, Costinha, Rui Jorge, Jorge Costa, Pauleta, etc, etc. A Selecção renovou-se com Cristiano Ronaldo (sim, foi com ele), Nani, Miguel, Bruno Alves, Paulo Ferreira, Deco, Quaresma, Moutinho, Raúl Meireles, etc, etc, etc, etc... Foi uma renovação que Scolari "teve" que fazer, face ao fim efectivo da carreira de jogadores anteriormente considerador "pedras basilares" da Selecção. A renovação foi feita, quase não demos por ele e... passámos na mais duradoura fase de sucesso de sempre da Selecção Nacional. Isso é um facto. Não pode ser rebatido com nenhum dado objectivo.Contudo, a renovação que Carlos Queiroz está a fazer agora é a renovação que ele quer fazer, pois dispõe de todos os jogadores que Scolari deixou na Selecção. Acontece que, apesar disso, está a correr mal. Em futebol de alta competição não há futuro que justifique a palhaçada a que estamos a assistir, quer com a contratação de Queiroz (ainda se lembram do Real Madrid?) quer com as convocatórias e as experiências suicidas que tem feito em plena qualificação. A menos que alguém me explique melhor o que é o futebol, como se pode admitir que, depois da derrota por 3-2 em casa com a Dinamarca, se atribua a desgraça ao "azar", com afirmações como esta: "estávamos a ganhar a cinco minutos do final e até já os defesas atacavam, estávamos a jogar muito bem..."? É que até o "burro" do Scolari perceberia que o problema foi mesmo "os defesas atacarem". E a culpa é de quem?Em face de tudo isto, lamento o meu pessimismo, mas estou absolutamente convencido de que não vamos ao Mundial, a não ser com muita sorte ou com quatro ou cinco jogos de antologia de Ronaldo. Haveremos de ver.Mas vamos às mentiras que mais têm sido repetidas acerca da Selecção:1. Carlos Queiroz é um grande treinador2. Muitos jogadores abandonaram a Selecção3. Hugo Almeida é um grande ponta de lança4. Scolari não ganhou nada5. Que Portugal vai estar no MundialAcrescento outra mentira que ouvi ao "comentador" António Pedro de Vasconcelos, que disse há dias que Scolari apenas tinha conseguido, como treinador, convencer metade de Portugal que era um grande treinador. A mim, quer-me parecer que se esqueceu do Brasil inteiro e... até do Mundo. Mas, esclarecendo ainda melhor o comentador "benfiquista", apenas gostaria de lhe recordar que Scolari conseguiu muito mais, e que Queiroz já deitou fora: encheu varandas com bandeiras e estádios com adeptos (até comigo, o que era improvável, e que passou a ser de novo).E, só mais uma coisa: dizia-se de Scolari que procurava "controlar" os jornalistas e que estes o "bajulavam". A verdade é que tenho visto alguns repórteres autenticamente "apaixonados" por Queiroz e pela sua "ciência". Cheguei a ver uma reportagem de TV onde se mostrava uma "aplicação informática inovadora" criada por Queiroz, que consistia em seriar os nomes dos jogadores e quantos minutos tinham jogado no passado fim-de-semana nos seus clubes e armazenar vídeos dos adversários... A "tecnologia de ponta" que Queiroz trouxe para a Selecção, e mereceu uma interminável reportagem em "prime-time", passava também por "telefonar aos jogadores e deixar mensagens faladas nas suas caixas de correio" e em dois aviões com camas para levar jogadores para o Brasil, de onde trouxeram seis golos... do Brasil.Espanta-me esta triste sina portuguesa do culto pela mediocridade e do desprezo pela competência. Sim, desprezo pela competência: para não falarmos de Scolari, lembro que foi lamentavelmente assim com Figo, com Rui Costa e será assim com Cristiano Ronaldo (já tem havido sinais...). Esperemos!
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Nunca entendi muito bem porque chamam "professores" aos tipos que no futebol português conseguem dizer mais do que três palavras sem um erro grave. No caso do Seleccionador Nacional, o problema é, contudo, outro. Por mais que me tentem explicar que o homem percebe disto, eu gostaria que me dissessem qual é a lógica de Portugal jogar sem "trinco" no Brasil e, logo a seguir, jogar com um defesa central nessa posição, em casa com a Finlândia. No jogo do "burro sou eu", a que assisti no Dragão e nos qualificou para o Europeu, ouvi os piores insultos a Scolari (além das insinuações dos jornalistas e comentadores) por ter colocado a "trinco" o Fernando Meira - "um central", diziam. Hoje, não sei onde andam os mesmos que viram Pepe jogar hoje nesse lugar; um extremo a defesa esquerdo; Bosingwa fora da convocatória; Moutinho no banco; Maniche arrastar-se no campo; Nuno Gomes ignorado e um ponta de lança que não marcou qualquer golo este ano e é suplente do Braga, a jogar!Mas, no futebol como na vida, a mentira repetida muitas vezes é ciência exacta. Ainda ontem ouvia Jorge Costa dizer que "o Professor" estava a renovar a Selecção, "porque sairam muitos jogadores" e esta é apenas uma das mentiras que vêm sendo repetidas. De facto, NENHUM jogador abandonou a sua carreira ou a Selecção deste a saída de Sclolari, a menos que consideremos Ricardo, Quim, Bosingwa, Nuno Gomes, Postiga, etc, de fora. Mas se estão de fora é porque Queiroz não os quer dentro - ai, se fosse qualquer deles do Futebol Clube do Porto, como o Victor Baía!Durante a "era Scolari", sobre quem diziam dispor "dos melhores jogadores do Mundo", vi arrumarem as botas ou abandonarem a Selecção, nomes como Figo, Rui Costa, Fernando Couto, Costinha, Rui Jorge, Jorge Costa, Pauleta, etc, etc. A Selecção renovou-se com Cristiano Ronaldo (sim, foi com ele), Nani, Miguel, Bruno Alves, Paulo Ferreira, Deco, Quaresma, Moutinho, Raúl Meireles, etc, etc, etc, etc... Foi uma renovação que Scolari "teve" que fazer, face ao fim efectivo da carreira de jogadores anteriormente considerador "pedras basilares" da Selecção. A renovação foi feita, quase não demos por ele e... passámos na mais duradoura fase de sucesso de sempre da Selecção Nacional. Isso é um facto. Não pode ser rebatido com nenhum dado objectivo.Contudo, a renovação que Carlos Queiroz está a fazer agora é a renovação que ele quer fazer, pois dispõe de todos os jogadores que Scolari deixou na Selecção. Acontece que, apesar disso, está a correr mal. Em futebol de alta competição não há futuro que justifique a palhaçada a que estamos a assistir, quer com a contratação de Queiroz (ainda se lembram do Real Madrid?) quer com as convocatórias e as experiências suicidas que tem feito em plena qualificação. A menos que alguém me explique melhor o que é o futebol, como se pode admitir que, depois da derrota por 3-2 em casa com a Dinamarca, se atribua a desgraça ao "azar", com afirmações como esta: "estávamos a ganhar a cinco minutos do final e até já os defesas atacavam, estávamos a jogar muito bem..."? É que até o "burro" do Scolari perceberia que o problema foi mesmo "os defesas atacarem". E a culpa é de quem?Em face de tudo isto, lamento o meu pessimismo, mas estou absolutamente convencido de que não vamos ao Mundial, a não ser com muita sorte ou com quatro ou cinco jogos de antologia de Ronaldo. Haveremos de ver.Mas vamos às mentiras que mais têm sido repetidas acerca da Selecção:1. Carlos Queiroz é um grande treinador2. Muitos jogadores abandonaram a Selecção3. Hugo Almeida é um grande ponta de lança4. Scolari não ganhou nada5. Que Portugal vai estar no MundialAcrescento outra mentira que ouvi ao "comentador" António Pedro de Vasconcelos, que disse há dias que Scolari apenas tinha conseguido, como treinador, convencer metade de Portugal que era um grande treinador. A mim, quer-me parecer que se esqueceu do Brasil inteiro e... até do Mundo. Mas, esclarecendo ainda melhor o comentador "benfiquista", apenas gostaria de lhe recordar que Scolari conseguiu muito mais, e que Queiroz já deitou fora: encheu varandas com bandeiras e estádios com adeptos (até comigo, o que era improvável, e que passou a ser de novo).E, só mais uma coisa: dizia-se de Scolari que procurava "controlar" os jornalistas e que estes o "bajulavam". A verdade é que tenho visto alguns repórteres autenticamente "apaixonados" por Queiroz e pela sua "ciência". Cheguei a ver uma reportagem de TV onde se mostrava uma "aplicação informática inovadora" criada por Queiroz, que consistia em seriar os nomes dos jogadores e quantos minutos tinham jogado no passado fim-de-semana nos seus clubes e armazenar vídeos dos adversários... A "tecnologia de ponta" que Queiroz trouxe para a Selecção, e mereceu uma interminável reportagem em "prime-time", passava também por "telefonar aos jogadores e deixar mensagens faladas nas suas caixas de correio" e em dois aviões com camas para levar jogadores para o Brasil, de onde trouxeram seis golos... do Brasil.Espanta-me esta triste sina portuguesa do culto pela mediocridade e do desprezo pela competência. Sim, desprezo pela competência: para não falarmos de Scolari, lembro que foi lamentavelmente assim com Figo, com Rui Costa e será assim com Cristiano Ronaldo (já tem havido sinais...). Esperemos!