A outra Varinha Mágica: Quanto vale o Dragão?

21-05-2009
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Pinto da Costa é presidente do Futebol Clube do Porto há 27 anos. É impossível não fazer o elogio. O líder dos Dragões tem sabido fazer uma gestão interna muito boa do clube. Desportivamente é difícil imaginar melhores resultados. Está de parabéns. E nem processos como o Apito Dourado ou o anátema que sempre recai sobre si, mancham esta realidade. Dito isto, de forma bem clara, gostaria também dar a minha opinião acerca do que é hoje o Futebol Clube do Porto como marca. E, nesse aspecto, onde me considero mais habilitado, considero que ao cabo de quase três décadas à frente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa poderia ter feito muito mais. E passo a explicar: ao inegável sucesso, tanto a nível nacional como internacional, corresponde um capital de imagem que deveria ter feito do clube uma marca com muito maior valor. Contudo, isso não aconteceu. Não digo que a marca Futebol Clube do Porto não se tenha valorizado significativamente, mas os dois títulos europeus e mundiais, as sucessivas presenças em fases adiantadas da Liga dos Campeões e o extraordinário pecúlio de títulos nacionais, já deveriam ter colocado a marca bem acima da do Benfica, por exemplo. E não é isso que acontece. Esquecendo-nos de clubismos e outras coisas mesquinhas, e virando-nos para uma análise puramente técnica, a marca Futebol Clube do Porto continua a ser regional ou mesmo local e dificilmente se identifica como nacional. Internacionalmente o Futebol Clube do Porto é temido desportivamente, mas também aí o valor da marca Benfica tem um impacto extraordinariamente mais elevado em todo o Mundo. Esta realidade pode ser explicada de várias formas, mas não deixa de ser uma oportunidade perdida para o clube. Talvez o marketing não tenha acompanhado a destreza desportiva da organização do Futebol Clube do Porto ou talvez seja o discurso de Pinto da Costa, que por ser regionalista (bairrista, mesmo) e muitas vezes de uma brutal antipatia, junta à sua volta uma “tribo” muito específica e fiel, mas, em termos comerciais e numa perspectiva de conquista de mercados, é redutora. Na linguagem do marketing, Pinto da Costa fala sempre para o mesmo “nicho” de mercado e não sai dali. E esse é o principal fracasso de Pinto da Costa, não ter conseguido fazer acompanhar os resultados desportivos do clube de um capital de imagem e de um potencial comercial e de marketing equivalente. Pode dizer-se que foi também o discurso de Pinto da Costa que, muitas vezes, lhe valeu a simpatia da tal “tribo” e, quem sabe, potenciou os resultados desportivos, mas a verdade é que o Futebol Clube do Porto não conseguiu dar o “salto”, nestes últimos 27 anos. A “mercearia” de rua que era o Futebol Clube do Porto há três décadas, tornou-se numa “grande loja de bairro” com Pinto da Costa. Uma loja muito lucrativa que traz ao Porto pessoas de muitos lugares, mas a verdade é que nunca se transformou na “rede de hipermercados” ou na “multinacional” em que poderia ter-se tornado, como Real Madrid, Inter de Milão ou Manchester United. Tudo continuará bem, enquanto Pinto da Costa for vivo e puder ou quiser continuar à frente do Futebol Clube do Porto. Mas… e depois? Os custos desta estrutura local dependente de um discurso bairrista e redutor serão pagos quando a loja for abandonada à sua sorte, sem a sua referência de sempre. E, nessa altura, corremos o risco de ver o Futebol Clube do Porto voltar a ser a “mercearia” de rua, num mercado global onde Benfica e Sporting voltarão a ser as referências internacionais do futebol português. Mesmo não sendo portista, tenho pena se assim voltar a ser.texto assinado por mim e publicado no Futebolartte a convite daquele blog


Pinto da Costa é presidente do Futebol Clube do Porto há 27 anos. É impossível não fazer o elogio. O líder dos Dragões tem sabido fazer uma gestão interna muito boa do clube. Desportivamente é difícil imaginar melhores resultados. Está de parabéns. E nem processos como o Apito Dourado ou o anátema que sempre recai sobre si, mancham esta realidade. Dito isto, de forma bem clara, gostaria também dar a minha opinião acerca do que é hoje o Futebol Clube do Porto como marca. E, nesse aspecto, onde me considero mais habilitado, considero que ao cabo de quase três décadas à frente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa poderia ter feito muito mais. E passo a explicar: ao inegável sucesso, tanto a nível nacional como internacional, corresponde um capital de imagem que deveria ter feito do clube uma marca com muito maior valor. Contudo, isso não aconteceu. Não digo que a marca Futebol Clube do Porto não se tenha valorizado significativamente, mas os dois títulos europeus e mundiais, as sucessivas presenças em fases adiantadas da Liga dos Campeões e o extraordinário pecúlio de títulos nacionais, já deveriam ter colocado a marca bem acima da do Benfica, por exemplo. E não é isso que acontece. Esquecendo-nos de clubismos e outras coisas mesquinhas, e virando-nos para uma análise puramente técnica, a marca Futebol Clube do Porto continua a ser regional ou mesmo local e dificilmente se identifica como nacional. Internacionalmente o Futebol Clube do Porto é temido desportivamente, mas também aí o valor da marca Benfica tem um impacto extraordinariamente mais elevado em todo o Mundo. Esta realidade pode ser explicada de várias formas, mas não deixa de ser uma oportunidade perdida para o clube. Talvez o marketing não tenha acompanhado a destreza desportiva da organização do Futebol Clube do Porto ou talvez seja o discurso de Pinto da Costa, que por ser regionalista (bairrista, mesmo) e muitas vezes de uma brutal antipatia, junta à sua volta uma “tribo” muito específica e fiel, mas, em termos comerciais e numa perspectiva de conquista de mercados, é redutora. Na linguagem do marketing, Pinto da Costa fala sempre para o mesmo “nicho” de mercado e não sai dali. E esse é o principal fracasso de Pinto da Costa, não ter conseguido fazer acompanhar os resultados desportivos do clube de um capital de imagem e de um potencial comercial e de marketing equivalente. Pode dizer-se que foi também o discurso de Pinto da Costa que, muitas vezes, lhe valeu a simpatia da tal “tribo” e, quem sabe, potenciou os resultados desportivos, mas a verdade é que o Futebol Clube do Porto não conseguiu dar o “salto”, nestes últimos 27 anos. A “mercearia” de rua que era o Futebol Clube do Porto há três décadas, tornou-se numa “grande loja de bairro” com Pinto da Costa. Uma loja muito lucrativa que traz ao Porto pessoas de muitos lugares, mas a verdade é que nunca se transformou na “rede de hipermercados” ou na “multinacional” em que poderia ter-se tornado, como Real Madrid, Inter de Milão ou Manchester United. Tudo continuará bem, enquanto Pinto da Costa for vivo e puder ou quiser continuar à frente do Futebol Clube do Porto. Mas… e depois? Os custos desta estrutura local dependente de um discurso bairrista e redutor serão pagos quando a loja for abandonada à sua sorte, sem a sua referência de sempre. E, nessa altura, corremos o risco de ver o Futebol Clube do Porto voltar a ser a “mercearia” de rua, num mercado global onde Benfica e Sporting voltarão a ser as referências internacionais do futebol português. Mesmo não sendo portista, tenho pena se assim voltar a ser.texto assinado por mim e publicado no Futebolartte a convite daquele blog

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