A outra Varinha Mágica: Faz-se tarde para nos arrependermos do que somos

20-05-2009
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A ideia de que a imagem do Primeiro-Ministro tem sido ensombrada por notícias nos últimos tempos não é totalmente correcta. Não é só a imagem, nem é só o Primeiro-Ministro. É Portugal! Contudo, a mais brutal de todas as notícias, nestas últimas semanas é, em minha opinião, esta que hoje o Sol dá à estampa, acerca dos terrenos que envolvem o futuro (?)aeroporto de Lisboa. Se é assim, como diz o Sol, então é tudo, mas tudo (!) o que nos têm dito nos últimas décadas que terá que ser posto em causa. "Apitos Dourados" e "Freeports" foram distracções de menor importância ou, se quisermos ter outras perspectivas, "rastilhos" ou mesmo "efeitos colaterais" de um Estado doentio.De repente, tenho a sensação de que alguém destapou a "caixa de Pandora", de onde saem fantasmas que afrontam a consciência colectiva. Olho a capa do Sol e de outros jornais de hoje (Correio da Manhã, também) e sinto que a terra nos escapa debaixo dos pés, por todos os lados. Do pântano onde Guterres nos meteu há uns anos, escapámos para um deserto de areias movediças de onde ninguém sabe como se sai. Com esta notícia, parece que um circulo se fechou, ainda que, na verdade, me fique a sensação de que vemos apenas a ponta do iceberg.Mas não digo que sejamos vítimas. Somos todos responsáveis: há muito que suspeitávamos que o Estado estava podre e todos ou quase todos fomos cúmplices no desinteresse, no laxismo, na irresponsável indiferença. Na negligência. E cada dia que passa, faz-se tarde para nos arrependermos todos.Quando em meados do ano passado escrevia um livro que lancei em Outubro (edição Primebooks), já desconfiava:"O esvaziamento do valor da pessoa como pessoa, das ideologias e da própria palavra, levaram o jovem sistema político português a um estado de morbilidade muito preocupante, muito agravado pela inconsciência do paciente. Há, pois, que reinventar a política portuguesa, com outros protagonistas que não estes e quando digo estes, digo todos, incluindo Valentim Loureiro. Como o próprio reconhece, o seu tempo passou. Tomara que todos os outros tivessem essa mesma consciência. O tempo deste sistema político, também passou."


A ideia de que a imagem do Primeiro-Ministro tem sido ensombrada por notícias nos últimos tempos não é totalmente correcta. Não é só a imagem, nem é só o Primeiro-Ministro. É Portugal! Contudo, a mais brutal de todas as notícias, nestas últimas semanas é, em minha opinião, esta que hoje o Sol dá à estampa, acerca dos terrenos que envolvem o futuro (?)aeroporto de Lisboa. Se é assim, como diz o Sol, então é tudo, mas tudo (!) o que nos têm dito nos últimas décadas que terá que ser posto em causa. "Apitos Dourados" e "Freeports" foram distracções de menor importância ou, se quisermos ter outras perspectivas, "rastilhos" ou mesmo "efeitos colaterais" de um Estado doentio.De repente, tenho a sensação de que alguém destapou a "caixa de Pandora", de onde saem fantasmas que afrontam a consciência colectiva. Olho a capa do Sol e de outros jornais de hoje (Correio da Manhã, também) e sinto que a terra nos escapa debaixo dos pés, por todos os lados. Do pântano onde Guterres nos meteu há uns anos, escapámos para um deserto de areias movediças de onde ninguém sabe como se sai. Com esta notícia, parece que um circulo se fechou, ainda que, na verdade, me fique a sensação de que vemos apenas a ponta do iceberg.Mas não digo que sejamos vítimas. Somos todos responsáveis: há muito que suspeitávamos que o Estado estava podre e todos ou quase todos fomos cúmplices no desinteresse, no laxismo, na irresponsável indiferença. Na negligência. E cada dia que passa, faz-se tarde para nos arrependermos todos.Quando em meados do ano passado escrevia um livro que lancei em Outubro (edição Primebooks), já desconfiava:"O esvaziamento do valor da pessoa como pessoa, das ideologias e da própria palavra, levaram o jovem sistema político português a um estado de morbilidade muito preocupante, muito agravado pela inconsciência do paciente. Há, pois, que reinventar a política portuguesa, com outros protagonistas que não estes e quando digo estes, digo todos, incluindo Valentim Loureiro. Como o próprio reconhece, o seu tempo passou. Tomara que todos os outros tivessem essa mesma consciência. O tempo deste sistema político, também passou."

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