A Arte da Fuga: A minha noite à direita

18-07-2005
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Estive ontem no Noites à Direita, supostamente para discutir a direita e o liberalismo. Como tive oportunidade de dizer na questão que coloquei ao António Pires de Lima, não penso que faça muito sentido falar de direita e liberalismo porque são realidades distintas: uma coloca-se no plano da geometria partidária e institucional do momento e o outro insere-se no plano das ideias e, portanto, perenes e sem um lugar destinado (entraríamos aqui no tema Tony Blair, por exemplo). Mas já que o tema era esse, e presumindo que estávamos a tratar a direita portuguesa, penso que ficou tudo por discutir, nomeadamente sobre o futuro.Não se definiu direita nem liberalismo. E partiu-se para a discussão sem um objectivo claro: queríamos falar num plano meramente ideológico ou num plano de intervenção política? Pareceu-me, desde o início, que o que ali se procurava discutir era exactamente o plano da intervenção política, que melhor poderia ter sido traduzido por “os partidos portugueses e o liberalismo”.Pois bem, se a direita portuguesa é aquela que resulta da formatação pós-revolucionária e compreende o CDS e o PSD, e se estes partidos têm como objectivo conquistar e manter o poder, a questão que deveria ter sido colocada, desde o início era: existem eleitores para que algum desses partidos ou um novo partido se possa assumir um partido liberal ou que pretenda praticar o liberalismo em Portugal? Não falo das bases partidárias (que têm mostrado à saciedade a sua rejeição liminar ao liberalismo) mas sim do eleitorado. Existe gente para votar num partido liberal? E existindo, que estilo de partido pretendem e qual a sua viabilidade?Temo que ontem se tenha falado de uma espécie de realidade virtual, alimentada pela blogosfera. Não existe, na minha opinião, qualquer vontade das estruturas partidárias em adoptar o liberalismo. E não existe, na minha opinião, uma consciencialização social bastante que reclame a substituição do modelo político, institucional, económico e social existente. Não há, sequer, uma movimentação homogénea no sentido de reclamar um novo Estado, indicando de seguida que novo Estado é esse.Se assim é, o que ali se discutiu foi quase nada. Não me assusta que assim tenha sido. Tudo começa de coisa pouca. Mas a casa está a começar a ser construída pelo telhado. E não há muitos que estejam dispostos a servir de alicerces. Mas a iniciativa tem o excelente mérito de obrigar-nos a mexer e a começar o caminho. Como se nota, pelas iniciativas que se multiplicam. E esse mérito é enorme.

Estive ontem no Noites à Direita, supostamente para discutir a direita e o liberalismo. Como tive oportunidade de dizer na questão que coloquei ao António Pires de Lima, não penso que faça muito sentido falar de direita e liberalismo porque são realidades distintas: uma coloca-se no plano da geometria partidária e institucional do momento e o outro insere-se no plano das ideias e, portanto, perenes e sem um lugar destinado (entraríamos aqui no tema Tony Blair, por exemplo). Mas já que o tema era esse, e presumindo que estávamos a tratar a direita portuguesa, penso que ficou tudo por discutir, nomeadamente sobre o futuro.Não se definiu direita nem liberalismo. E partiu-se para a discussão sem um objectivo claro: queríamos falar num plano meramente ideológico ou num plano de intervenção política? Pareceu-me, desde o início, que o que ali se procurava discutir era exactamente o plano da intervenção política, que melhor poderia ter sido traduzido por “os partidos portugueses e o liberalismo”.Pois bem, se a direita portuguesa é aquela que resulta da formatação pós-revolucionária e compreende o CDS e o PSD, e se estes partidos têm como objectivo conquistar e manter o poder, a questão que deveria ter sido colocada, desde o início era: existem eleitores para que algum desses partidos ou um novo partido se possa assumir um partido liberal ou que pretenda praticar o liberalismo em Portugal? Não falo das bases partidárias (que têm mostrado à saciedade a sua rejeição liminar ao liberalismo) mas sim do eleitorado. Existe gente para votar num partido liberal? E existindo, que estilo de partido pretendem e qual a sua viabilidade?Temo que ontem se tenha falado de uma espécie de realidade virtual, alimentada pela blogosfera. Não existe, na minha opinião, qualquer vontade das estruturas partidárias em adoptar o liberalismo. E não existe, na minha opinião, uma consciencialização social bastante que reclame a substituição do modelo político, institucional, económico e social existente. Não há, sequer, uma movimentação homogénea no sentido de reclamar um novo Estado, indicando de seguida que novo Estado é esse.Se assim é, o que ali se discutiu foi quase nada. Não me assusta que assim tenha sido. Tudo começa de coisa pouca. Mas a casa está a começar a ser construída pelo telhado. E não há muitos que estejam dispostos a servir de alicerces. Mas a iniciativa tem o excelente mérito de obrigar-nos a mexer e a começar o caminho. Como se nota, pelas iniciativas que se multiplicam. E esse mérito é enorme.

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