A outra Varinha Mágica: Fernando Dacosta e o "auto-plágio"

20-05-2009
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Há figuras que nos habituámos a ver como referências para a sociedade. E Fernando Dacosta era, para mim, como ex-jornalista, como dramaturgo e como escritor, um homem respeitável e respeitado. Além da sua obsessão pelo Estado Novo, habituou-nos a uma opinião muito própria, com a qual nem sempre concordo, mas que respeito. Uma opinião que é, sem dúvida, um contributo muito útil à vida política e social do país. Talvez por tudo isto me tenha surpreendido e desiludido o acto inqualificável de reeditar, com título diverso (e sem qualquer aviso sério ao leitor/consumidor), um livro que já estava editado há anos. Falo da obra “Os Mal Amados”, recentemente colocado à venda pela Casa das Letras e que não passa, afinal, da republicação (“recriada” diz-se discreta e dissimuladamente na dobra interior da capa no final de um texto de apresentação) do “Nascido no Estado Novo”, da Editorial Notícias (2001). Trata-se, por isso, de um livro quase igual (basta folhear um e outro e ler os subtítulos e capítulos) a um outro por si escrito, dando-lhe um novo título e fingindo tratar-se de uma nova obra (sintomático o facto de se terem "esquecido" da existência deste título na bibliografia do autor publicada nesta nova edição!). Bem sabemos que a vida está difícil (à esquerda e à direita) e que os ex-jornalistas agora escritores têm todos as suas dificuldades. Mas eu, que modestamente escrevi um modesto livro sobre a vida política de Valentim Loureiro, não seria capaz nunca de republicar (contra a minha consciência) o meu livro, dentro de três ou quatro anos, dando-lhe novo título e fazendo crer ao leitor/consumidor que se trataria de uma nova obra acerca do Major. Não sei se existe o termo, mas sentir-me-ia a praticar “auto-plágio”. Sobretudo, se o livro fosse apresentado com o seguinte subtítulo: “Confidências inéditas de figuras que construíram o Portugal como o conhecemos”. Inéditas… mas apenas para quem não comprou a anterior edição, entenda-se.


Há figuras que nos habituámos a ver como referências para a sociedade. E Fernando Dacosta era, para mim, como ex-jornalista, como dramaturgo e como escritor, um homem respeitável e respeitado. Além da sua obsessão pelo Estado Novo, habituou-nos a uma opinião muito própria, com a qual nem sempre concordo, mas que respeito. Uma opinião que é, sem dúvida, um contributo muito útil à vida política e social do país. Talvez por tudo isto me tenha surpreendido e desiludido o acto inqualificável de reeditar, com título diverso (e sem qualquer aviso sério ao leitor/consumidor), um livro que já estava editado há anos. Falo da obra “Os Mal Amados”, recentemente colocado à venda pela Casa das Letras e que não passa, afinal, da republicação (“recriada” diz-se discreta e dissimuladamente na dobra interior da capa no final de um texto de apresentação) do “Nascido no Estado Novo”, da Editorial Notícias (2001). Trata-se, por isso, de um livro quase igual (basta folhear um e outro e ler os subtítulos e capítulos) a um outro por si escrito, dando-lhe um novo título e fingindo tratar-se de uma nova obra (sintomático o facto de se terem "esquecido" da existência deste título na bibliografia do autor publicada nesta nova edição!). Bem sabemos que a vida está difícil (à esquerda e à direita) e que os ex-jornalistas agora escritores têm todos as suas dificuldades. Mas eu, que modestamente escrevi um modesto livro sobre a vida política de Valentim Loureiro, não seria capaz nunca de republicar (contra a minha consciência) o meu livro, dentro de três ou quatro anos, dando-lhe novo título e fazendo crer ao leitor/consumidor que se trataria de uma nova obra acerca do Major. Não sei se existe o termo, mas sentir-me-ia a praticar “auto-plágio”. Sobretudo, se o livro fosse apresentado com o seguinte subtítulo: “Confidências inéditas de figuras que construíram o Portugal como o conhecemos”. Inéditas… mas apenas para quem não comprou a anterior edição, entenda-se.

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