A outra Varinha Mágica: A notícia e o "fait-divers", a propósito do Magalhães

20-05-2009
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Muitas vezes temos dificuldade em distiguir o que é importante e o que, na verdade, não tem importância nenhuma. Essa é, realmente, uma das mais difíceis tarefas do jornalistas e, ultimamente, tem-se generalizado a confusão. No blog da Varinha Mágica de Valentim Loureiro, já tinha escrito sobre isso, quando me referi a uma gaffe que cometi e descrevo no livro que escrevi. E, daí, saltei para os Estados Unidos e para as eleições, onde uma gaffe pode custar uma vitória. Lá, como cá, procura-se a toda a hora o pormenor, o cisco no olho alheio, para tentar justificar pontos de vista, que muitas vezes nada têm de importante. É evidente que, muitas vezes, é nesses pequenos pormenores que trespassa a verdade, o espírito de quem fala e esconde, atrás do seu discurso, secretas ideias que deixa, depois, escapar numa gaffe. Diz o povo e bem que "pela boca morre o peixe". A distinção destas duas e distintas situações (o erro humano e a verdade inconfessada que deixamos "escapar) é que nem sempre é feita com sabedoria. Vem isto a propósito de um post que publiquei sobre a polémica da avaliação dos professores e de um post que a amiga Minerva escreveu sobre os Magalhães e que se reporta a uma notícia do Sol. Os dois pots referem-se a gaffes. Mas com uma diferença: a primeira tem a ver com uma verdade que saiu ao sindicalista e demonstra o seu desprezo pela avaliação dos alunos, denotando o espírito com que está no processo. A segunda é uma "não notícia". Sócrates foi a Ponte de Lima e entregou simbolicamente computadores. No final, os computadores não foram logo para cada com os alunos, porque faltavam as necessárias burocracias e os pagamentos. De facto, podemos dizer que é uma gaffe da organização do "evento" e seria mais bonito o processo ter sido feito antes. Mas é uma gaffe sem qualquer implicação ou significado político. Concorde-se ou não com a estratégica de distribuir computadores, em nada este pequeno cisco no olho de Sócrates tem significado político ou importância. Querer daí tirar conclusões sérias é pouco sério ou pura distracção. E não digo que, como fait-divers, a notícia não tenha o seu lugar, na página das curiosidades da semana, mas apenas e só isso. Sobre o que o Magalhães tem de mais importante, contudo, não vi ainda uma investigação jornalística a sério. Parece-se que a grande maioria dos portugueses não está esclarecido sobre a "engenharia financeira" da operação. Como são pagos (e a título de quê) os Magalhães pelos operadores de telecomunicações? Se virmos bem, estarão mesmo a pagá-los ou trata-se apenas de uma forma inteligente que Sócrates inventou para comprar milhares de computadores sem concurso de forma legal? E, isso, sim, é importante.


Muitas vezes temos dificuldade em distiguir o que é importante e o que, na verdade, não tem importância nenhuma. Essa é, realmente, uma das mais difíceis tarefas do jornalistas e, ultimamente, tem-se generalizado a confusão. No blog da Varinha Mágica de Valentim Loureiro, já tinha escrito sobre isso, quando me referi a uma gaffe que cometi e descrevo no livro que escrevi. E, daí, saltei para os Estados Unidos e para as eleições, onde uma gaffe pode custar uma vitória. Lá, como cá, procura-se a toda a hora o pormenor, o cisco no olho alheio, para tentar justificar pontos de vista, que muitas vezes nada têm de importante. É evidente que, muitas vezes, é nesses pequenos pormenores que trespassa a verdade, o espírito de quem fala e esconde, atrás do seu discurso, secretas ideias que deixa, depois, escapar numa gaffe. Diz o povo e bem que "pela boca morre o peixe". A distinção destas duas e distintas situações (o erro humano e a verdade inconfessada que deixamos "escapar) é que nem sempre é feita com sabedoria. Vem isto a propósito de um post que publiquei sobre a polémica da avaliação dos professores e de um post que a amiga Minerva escreveu sobre os Magalhães e que se reporta a uma notícia do Sol. Os dois pots referem-se a gaffes. Mas com uma diferença: a primeira tem a ver com uma verdade que saiu ao sindicalista e demonstra o seu desprezo pela avaliação dos alunos, denotando o espírito com que está no processo. A segunda é uma "não notícia". Sócrates foi a Ponte de Lima e entregou simbolicamente computadores. No final, os computadores não foram logo para cada com os alunos, porque faltavam as necessárias burocracias e os pagamentos. De facto, podemos dizer que é uma gaffe da organização do "evento" e seria mais bonito o processo ter sido feito antes. Mas é uma gaffe sem qualquer implicação ou significado político. Concorde-se ou não com a estratégica de distribuir computadores, em nada este pequeno cisco no olho de Sócrates tem significado político ou importância. Querer daí tirar conclusões sérias é pouco sério ou pura distracção. E não digo que, como fait-divers, a notícia não tenha o seu lugar, na página das curiosidades da semana, mas apenas e só isso. Sobre o que o Magalhães tem de mais importante, contudo, não vi ainda uma investigação jornalística a sério. Parece-se que a grande maioria dos portugueses não está esclarecido sobre a "engenharia financeira" da operação. Como são pagos (e a título de quê) os Magalhães pelos operadores de telecomunicações? Se virmos bem, estarão mesmo a pagá-los ou trata-se apenas de uma forma inteligente que Sócrates inventou para comprar milhares de computadores sem concurso de forma legal? E, isso, sim, é importante.

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