O país que se sente bem a assobiar para o lado.Como muito bem sabem o João Miranda e o Carlos Amorim, mas fingem não perceber, uma coisa é aquilo que dizem ter o MST feito – “plagiar a realidade” –, e outra coisa, completamente diferente, é ter ele relatado a realidade apresentando uma imagem bem focada, sem nos prevenir não ter sido ele o autor da fotografia.É ele ter-nos vendido uma história, que saiu, tim tim por tim tim, do talento de outrem. É ele, segundo parece, ter feito passar como seus, os parágrafos e as virgulas que outros escreveram.Não é como o comum remake do cinema. É, isso sim, uma obra originalíssima, que, por um qualquer infeliz acaso, antes de o ser já o era.A isto, meus caros, em todas as partes do Mundo se considera feio.Aliás, não em todas, como se constata pelos vossos textos de desagravo. Mas, claro que é possível compreender-se este prurido.Sendo Portugal uma aldeia pequenina, ainda mais pequena se nos cingirmos aos círculos da erudição, sabemos todos quanto pode incomodar dizer-se o rei vai nu, quando depois, em coincidentes jornadas futebolísticas ou outras, nos vemos constrangidos a partilhar escassos metros quadrados de um mesmo camarote com o dito rei, ao qual, desafortunadamente, ousámos apontar a falta.Nunca cai bem na elite e até nos traz algum isolamento. Frequentemente, é a nós, e não ao faltoso, que as ditas elites censuram, porque infringimos a regra da hipocrisia, segundo a qual não é bonito chamarem-se os bois pelos nomes.Em público, bem entendido, que à boca pequena, é verdade, já o galo canta de outra maneira.No entanto, há que reconhecer-se, é esta inclinação para desculpar e favorecer a falta, e não a dimensão geográfica, que sempre fez o país – “Não por acaso, ter-se tornado naquilo que é”. (verá o Carlos um rasgo meu, na ideia contida nesta última frase?)Que representam então, os desagravos do João Miranda e do Carlos Amorim?Estes blasfemos, sem que isso lhes tivesse sido pedido, tomaram a iniciativa de meterem uma cunha nas suas inteligências, para que, apartados momentaneamente os neurónios, separando num lado a parte lógica e no outro a substância, se criasse nelas um intervalo de cegueira, através do qual, assobiando para o lado, pudesse passar uma apologia, noblesse oblige, de MST.Representam, no interesse do bom convívio, uma iniciativa elegante.Estes textos blasfemos retratam também, inconscientemente, o nosso sentir colectivo e, diga-se de passagem, pouco liberal, de termos sempre muita pena dos coitadinhos.O homem não é sério, mas, acentue-se o mas, fez obra, é esforçado e é uma boa pessoa. Com o mesmo sentimento e argumentos iguais, foram reconduzidos às respectivas câmaras municipais, o Sr. Major, a D. Fátima e o Sr. Isaltino.O futebol, que também para aquele desagravo terá, “Não por acaso”, concorrido com alguma percentagem, tem exemplos diários deste fazer de conta.Que aconteceu ao famoso major que todos queriam removido da bola, que não servia, que isto e aquilo, e contra o qual até alguns clubes importantes apoiaram uma lista alternativa?Não servia para a Direcção da Liga. Muito bem.Mas já serviu, as voltas que o mundo dá, para ser eleito exactamente com os mesmos votos e pelos mesmos votantes que elegeram a lista inicialmente elaborada para o combater.Isto diz tudo da nossa realidade, “Não por acaso, ter-se tornado naquilo que é”.Desculpem-me, mais uma vez, este “plágio da realidade”.
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O país que se sente bem a assobiar para o lado.Como muito bem sabem o João Miranda e o Carlos Amorim, mas fingem não perceber, uma coisa é aquilo que dizem ter o MST feito – “plagiar a realidade” –, e outra coisa, completamente diferente, é ter ele relatado a realidade apresentando uma imagem bem focada, sem nos prevenir não ter sido ele o autor da fotografia.É ele ter-nos vendido uma história, que saiu, tim tim por tim tim, do talento de outrem. É ele, segundo parece, ter feito passar como seus, os parágrafos e as virgulas que outros escreveram.Não é como o comum remake do cinema. É, isso sim, uma obra originalíssima, que, por um qualquer infeliz acaso, antes de o ser já o era.A isto, meus caros, em todas as partes do Mundo se considera feio.Aliás, não em todas, como se constata pelos vossos textos de desagravo. Mas, claro que é possível compreender-se este prurido.Sendo Portugal uma aldeia pequenina, ainda mais pequena se nos cingirmos aos círculos da erudição, sabemos todos quanto pode incomodar dizer-se o rei vai nu, quando depois, em coincidentes jornadas futebolísticas ou outras, nos vemos constrangidos a partilhar escassos metros quadrados de um mesmo camarote com o dito rei, ao qual, desafortunadamente, ousámos apontar a falta.Nunca cai bem na elite e até nos traz algum isolamento. Frequentemente, é a nós, e não ao faltoso, que as ditas elites censuram, porque infringimos a regra da hipocrisia, segundo a qual não é bonito chamarem-se os bois pelos nomes.Em público, bem entendido, que à boca pequena, é verdade, já o galo canta de outra maneira.No entanto, há que reconhecer-se, é esta inclinação para desculpar e favorecer a falta, e não a dimensão geográfica, que sempre fez o país – “Não por acaso, ter-se tornado naquilo que é”. (verá o Carlos um rasgo meu, na ideia contida nesta última frase?)Que representam então, os desagravos do João Miranda e do Carlos Amorim?Estes blasfemos, sem que isso lhes tivesse sido pedido, tomaram a iniciativa de meterem uma cunha nas suas inteligências, para que, apartados momentaneamente os neurónios, separando num lado a parte lógica e no outro a substância, se criasse nelas um intervalo de cegueira, através do qual, assobiando para o lado, pudesse passar uma apologia, noblesse oblige, de MST.Representam, no interesse do bom convívio, uma iniciativa elegante.Estes textos blasfemos retratam também, inconscientemente, o nosso sentir colectivo e, diga-se de passagem, pouco liberal, de termos sempre muita pena dos coitadinhos.O homem não é sério, mas, acentue-se o mas, fez obra, é esforçado e é uma boa pessoa. Com o mesmo sentimento e argumentos iguais, foram reconduzidos às respectivas câmaras municipais, o Sr. Major, a D. Fátima e o Sr. Isaltino.O futebol, que também para aquele desagravo terá, “Não por acaso”, concorrido com alguma percentagem, tem exemplos diários deste fazer de conta.Que aconteceu ao famoso major que todos queriam removido da bola, que não servia, que isto e aquilo, e contra o qual até alguns clubes importantes apoiaram uma lista alternativa?Não servia para a Direcção da Liga. Muito bem.Mas já serviu, as voltas que o mundo dá, para ser eleito exactamente com os mesmos votos e pelos mesmos votantes que elegeram a lista inicialmente elaborada para o combater.Isto diz tudo da nossa realidade, “Não por acaso, ter-se tornado naquilo que é”.Desculpem-me, mais uma vez, este “plágio da realidade”.