Choque Frontal: Cada tiro, cada melro

20-05-2009
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Parte 1 -
A capa do DN de hoje faz-me pensar que os militantes-base do PSD têm razão. O almoço entre Santana Lopes e Paulo Portas é a prova de que o PP é um partido que aproveita tudo quanto possa, e tem consciência do quão fraco é o chefe de governo.
Após o congresso de Barcelos, onde, unanimemente, a maioria silenciosa se pronunciou contra qualquer acordo pré-eleitoral (e talvez contra qualquer acordo pós-eleitoral com os democratas cristãos), rapidamente António Pires de Lima e Narana Coissoró, entre outros, vieram condenar a opinião de todos os militantes laranja, prontificando-se a dizer que não têm medo de ir a eleições sozinhos, e que não excluem uma coligação com o PS. Estes tiveram a ajuda do ministro Morais Sarmento, que saltou aos microfones para acusar Marques Mendes por tentar desestabilizar a coligação e o governo. Os ataques do PP e da direcção do PSD às bases do partido de Sá Carneiro (ou, se calhar, já não..) são uma falta de respeito pela vontade do povo, inaceitável. Portas usou o facto de ser um "bicho indesejado" para chantagear ainda mais o governo, ameaçando com a realização de um congresso extraordinário para "retirar ilações" sobre esta (in)esperada bofetada sintomática do pensamento geral dos militantes laranja.
Apesar de todas estas atitudes intoleráveis por parte da direcção do PP, e ao invés do que se esperaria, o presidente do PSD, decidiu não defender os seus eleitores internos, mas voltou a ceder, como o PSD tem feito desde há 2 anos e meio, mas mais frequentemente nos últimos quatro meses, oferecendo um almoço ao "menos liberal" dos Sacadura Cabral e, suponho, pedindo-lhe desculpa por o PSD ter tentado ter opinião sem consultar antes o consiglieri Pires de Lima.
Ao conjunto de acontecimentos casuais (também denominados por "ruído") como a demissão de Marcelo, as mudanças na PT e, ontem, a demissão de José Rodrigues dos Santos, parece que iremos juntar a demissão dos militantes do PSD (sem intervenção do governo, naturalmente). Para isso, será criada a "Alta Autoridade para a Opinião do PSD" presidida por um membro independente (nomeado pelo PP), com o objectivo de trazer estabilidade ao país. Igualmente, já não faltará muito tempo para que Sampaio diga que está preocupado, e que alerte os "políticos em geral" para o estado degradado da imagem destes.
Parte 2 -
Esta pequena nota serve apenas para deixar algumas ideias sobre o artigo "Discurso Positivo" e sobre os artigos, em geral, de Luís Delgado, presidente da PT. O senhor que há uns meses se tornou chefe do DN e que, simultaneamente, se manteve como colunista neste jornal, tem marcado as suas opiniões por uma falta de coluna vertebral impressionante, ou por demasiada sintonia com o governo. Delgado consegue ser mais entusiasta sobre qualquer proposta da maioria que os próprios ministros que as apresentam. Hoje este prolonga o comício do PSD, insurgindo-se contra os que ele denomina por "profetas da desgraça", vindo defender o discurso positivo e de bonança feito por Santana no encerramento do congresso.
Delgado usou frases como: "em 2004, Portugal já está a crescer - 1,3% que seja - e isso não é mau. Muito menos recessão ou crise. Para 2005, as previsões menos favoráveis estão acima dos 2%, e essa é a média europeia."
A questão é que o crescimento económico mundial é ainda lento, e pode abrandar se o preço do petróleo se mantiver ou subir. Outro factor a ter em conta, do qual não se tem falado, é que Portugal não pode pensar apenas no défice 0% ou no crescimento ao nível da Europa; o nosso país precisa de relançar a economia a níveis superiores aos da Europa para poder recuperar o atraso de algumas décadas em relação aos 15 (e, brevemente, relativamente a vários dos novos 10). Os avisos dos economistas têm-se repetido, e apenas o ministro acredita no seu orçamento. Ainda que este seja viável e, principalmente, por se basear em receitas extraordinárias, ainda não estará na altura de começar a subir os índices de confiança, o que fará aumentar o consumo, e, consequentemente, aumentará a inflação e as importações, o que fará que Portugal volte a entrar em recessão, não permitindo uma melhoria real para os portugueses a longo prazo. Apesar da crueldade de discutir as pessoas como números, e tendo em conta que estas são o principal manancial de cada sociedade, é importante que Portugal crie objectivos a longo prazo (não só na economia mas, para esta discussão, especificamente esta), permitindo que haja um aumento sustentado do nível de vida e não um falso boom incitado pelos agentes políticos, que se tornará um flop e degenerará numa depressão semelhante à deste momento.
No entanto, Luis Delgado deleita-nos com vários artigos que defendem teorias, contra e tudo e contra todos, por coincidencia, sempre favoráveis ao governo, o que nos pode fazer duvidar da seriedade dele na prossecução da sua actividade. No entanto, até prova em contrário, terei que continuar a acreditar na sua boa vontade e nesta sintonia deste com Pedro Santana Lopes e Cª e continuarei a ler os seus artigos para, nem que seja, me melhorar o humor e "levantar o astral" (usando uma expressão de PSL em Barcelos).

Parte 1 -
A capa do DN de hoje faz-me pensar que os militantes-base do PSD têm razão. O almoço entre Santana Lopes e Paulo Portas é a prova de que o PP é um partido que aproveita tudo quanto possa, e tem consciência do quão fraco é o chefe de governo.
Após o congresso de Barcelos, onde, unanimemente, a maioria silenciosa se pronunciou contra qualquer acordo pré-eleitoral (e talvez contra qualquer acordo pós-eleitoral com os democratas cristãos), rapidamente António Pires de Lima e Narana Coissoró, entre outros, vieram condenar a opinião de todos os militantes laranja, prontificando-se a dizer que não têm medo de ir a eleições sozinhos, e que não excluem uma coligação com o PS. Estes tiveram a ajuda do ministro Morais Sarmento, que saltou aos microfones para acusar Marques Mendes por tentar desestabilizar a coligação e o governo. Os ataques do PP e da direcção do PSD às bases do partido de Sá Carneiro (ou, se calhar, já não..) são uma falta de respeito pela vontade do povo, inaceitável. Portas usou o facto de ser um "bicho indesejado" para chantagear ainda mais o governo, ameaçando com a realização de um congresso extraordinário para "retirar ilações" sobre esta (in)esperada bofetada sintomática do pensamento geral dos militantes laranja.
Apesar de todas estas atitudes intoleráveis por parte da direcção do PP, e ao invés do que se esperaria, o presidente do PSD, decidiu não defender os seus eleitores internos, mas voltou a ceder, como o PSD tem feito desde há 2 anos e meio, mas mais frequentemente nos últimos quatro meses, oferecendo um almoço ao "menos liberal" dos Sacadura Cabral e, suponho, pedindo-lhe desculpa por o PSD ter tentado ter opinião sem consultar antes o consiglieri Pires de Lima.
Ao conjunto de acontecimentos casuais (também denominados por "ruído") como a demissão de Marcelo, as mudanças na PT e, ontem, a demissão de José Rodrigues dos Santos, parece que iremos juntar a demissão dos militantes do PSD (sem intervenção do governo, naturalmente). Para isso, será criada a "Alta Autoridade para a Opinião do PSD" presidida por um membro independente (nomeado pelo PP), com o objectivo de trazer estabilidade ao país. Igualmente, já não faltará muito tempo para que Sampaio diga que está preocupado, e que alerte os "políticos em geral" para o estado degradado da imagem destes.
Parte 2 -
Esta pequena nota serve apenas para deixar algumas ideias sobre o artigo "Discurso Positivo" e sobre os artigos, em geral, de Luís Delgado, presidente da PT. O senhor que há uns meses se tornou chefe do DN e que, simultaneamente, se manteve como colunista neste jornal, tem marcado as suas opiniões por uma falta de coluna vertebral impressionante, ou por demasiada sintonia com o governo. Delgado consegue ser mais entusiasta sobre qualquer proposta da maioria que os próprios ministros que as apresentam. Hoje este prolonga o comício do PSD, insurgindo-se contra os que ele denomina por "profetas da desgraça", vindo defender o discurso positivo e de bonança feito por Santana no encerramento do congresso.
Delgado usou frases como: "em 2004, Portugal já está a crescer - 1,3% que seja - e isso não é mau. Muito menos recessão ou crise. Para 2005, as previsões menos favoráveis estão acima dos 2%, e essa é a média europeia."
A questão é que o crescimento económico mundial é ainda lento, e pode abrandar se o preço do petróleo se mantiver ou subir. Outro factor a ter em conta, do qual não se tem falado, é que Portugal não pode pensar apenas no défice 0% ou no crescimento ao nível da Europa; o nosso país precisa de relançar a economia a níveis superiores aos da Europa para poder recuperar o atraso de algumas décadas em relação aos 15 (e, brevemente, relativamente a vários dos novos 10). Os avisos dos economistas têm-se repetido, e apenas o ministro acredita no seu orçamento. Ainda que este seja viável e, principalmente, por se basear em receitas extraordinárias, ainda não estará na altura de começar a subir os índices de confiança, o que fará aumentar o consumo, e, consequentemente, aumentará a inflação e as importações, o que fará que Portugal volte a entrar em recessão, não permitindo uma melhoria real para os portugueses a longo prazo. Apesar da crueldade de discutir as pessoas como números, e tendo em conta que estas são o principal manancial de cada sociedade, é importante que Portugal crie objectivos a longo prazo (não só na economia mas, para esta discussão, especificamente esta), permitindo que haja um aumento sustentado do nível de vida e não um falso boom incitado pelos agentes políticos, que se tornará um flop e degenerará numa depressão semelhante à deste momento.
No entanto, Luis Delgado deleita-nos com vários artigos que defendem teorias, contra e tudo e contra todos, por coincidencia, sempre favoráveis ao governo, o que nos pode fazer duvidar da seriedade dele na prossecução da sua actividade. No entanto, até prova em contrário, terei que continuar a acreditar na sua boa vontade e nesta sintonia deste com Pedro Santana Lopes e Cª e continuarei a ler os seus artigos para, nem que seja, me melhorar o humor e "levantar o astral" (usando uma expressão de PSL em Barcelos).

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