Livro de Estilo: Do CDS à França

10-10-2009
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1. Este fim-de-semana ficou marcado pela realização de dois processos eleitorais, um em Portugal, para a eleição do presidente de um partido com representação residual na Assembleia da República, o CDS-PP, outro em França, para a eleição do Presidente da República (que, como sabemos, é quem elege o primeiro-ministro e o governo).Embora de dimensões bastante diversas, têm repercussão alargada: na política interna e externa portuguesa — e é isso que me interessa.2. Apesar do meu interesse, não pude participar em nenhuma das eleições: não sou militante do CDS nem francês. No entanto, foram actos participados, principalmente o francês, que bateu recorde de participação civil. Uma lição de cidadania para Portugal.3. Outro ponto em comum nas duas eleições é a falta de surpresa nos resultados alcançados. Paulo Portas já antes tinha minado o caminho de Manuel Monteiro, por isso não é de estranhar que o seu golpe de estado tenha vingado. Em França, as contas oficiais foram ao encontro das das sondagens, restando-nos aguardar pela segunda volta.4. Como é óbvio, vou torcer por Ségolène Royal. Não que goste mais da musiquinha da sua campanha (alguém ouviu? deve estar no YouTube!), mas não escondo a minha predilecção por mulheres políticas*. Acho extraordinário que um dos maiores países europeus seja governado por uma enérgica Angela Merkel e que a Finlândia tenha um governo maioritariamente feminino. Depois é sempre bom ver mulheres com a coragem de Margaret Thatcher ou de Manuela Ferreira Leite em cargos de enorme responsabilidade... Não escondo uma grande simpatia pelas mulheres no actual governo. Estas coisas devem ter que ver com a gestão que essas mulheres já faziam em casa, nas compras ou assim. Estou a brincar, mas os melhores professores que tive na minha vida foram mulheres — isto deve querer dizer alguma coisa.Por outro lado, ninguém negará que a vitória de Nicolas Sarkozy trará alguns dissabores à construção europeia, que depara hoje com tantos problemas.5. Paulo Portas, Telmo Correia e Nuno Melo, por exemplo, são do pior que a nossa direita moderada tem. Os mais peixeiros, os mais mal formados e tecnocratas. Maria José Nogueira Pinto, Ribeiro e Castro (e talvez António Pires de Lima) são o melhor que ela tem (tinha?) — e foram eles que agora saíram, o que lamento profundamente (Pires de Lima não saiu, mas tinha de o referir nos decentes).No meu entender, valores humanos não se discutem, e de muita importância é para uma nação democrática haver oposição e discussão política e pública. No entanto, é preciso que toda a gente tenha aquilo que falta à maior parte: discernimento.* Exceptua-se Fátima Felgueiras e, sem saber explicar porquê, Edite Estrela.


1. Este fim-de-semana ficou marcado pela realização de dois processos eleitorais, um em Portugal, para a eleição do presidente de um partido com representação residual na Assembleia da República, o CDS-PP, outro em França, para a eleição do Presidente da República (que, como sabemos, é quem elege o primeiro-ministro e o governo).Embora de dimensões bastante diversas, têm repercussão alargada: na política interna e externa portuguesa — e é isso que me interessa.2. Apesar do meu interesse, não pude participar em nenhuma das eleições: não sou militante do CDS nem francês. No entanto, foram actos participados, principalmente o francês, que bateu recorde de participação civil. Uma lição de cidadania para Portugal.3. Outro ponto em comum nas duas eleições é a falta de surpresa nos resultados alcançados. Paulo Portas já antes tinha minado o caminho de Manuel Monteiro, por isso não é de estranhar que o seu golpe de estado tenha vingado. Em França, as contas oficiais foram ao encontro das das sondagens, restando-nos aguardar pela segunda volta.4. Como é óbvio, vou torcer por Ségolène Royal. Não que goste mais da musiquinha da sua campanha (alguém ouviu? deve estar no YouTube!), mas não escondo a minha predilecção por mulheres políticas*. Acho extraordinário que um dos maiores países europeus seja governado por uma enérgica Angela Merkel e que a Finlândia tenha um governo maioritariamente feminino. Depois é sempre bom ver mulheres com a coragem de Margaret Thatcher ou de Manuela Ferreira Leite em cargos de enorme responsabilidade... Não escondo uma grande simpatia pelas mulheres no actual governo. Estas coisas devem ter que ver com a gestão que essas mulheres já faziam em casa, nas compras ou assim. Estou a brincar, mas os melhores professores que tive na minha vida foram mulheres — isto deve querer dizer alguma coisa.Por outro lado, ninguém negará que a vitória de Nicolas Sarkozy trará alguns dissabores à construção europeia, que depara hoje com tantos problemas.5. Paulo Portas, Telmo Correia e Nuno Melo, por exemplo, são do pior que a nossa direita moderada tem. Os mais peixeiros, os mais mal formados e tecnocratas. Maria José Nogueira Pinto, Ribeiro e Castro (e talvez António Pires de Lima) são o melhor que ela tem (tinha?) — e foram eles que agora saíram, o que lamento profundamente (Pires de Lima não saiu, mas tinha de o referir nos decentes).No meu entender, valores humanos não se discutem, e de muita importância é para uma nação democrática haver oposição e discussão política e pública. No entanto, é preciso que toda a gente tenha aquilo que falta à maior parte: discernimento.* Exceptua-se Fátima Felgueiras e, sem saber explicar porquê, Edite Estrela.

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