LÓBI DO CHÁ

19-07-2005
marcar artigo

Padre do marketing, e padres do assim-assimNão queria falar sobre o assunto do padre que faz anúncios, mas uma vez que o mercado blogosférico exige, cá vai. O problema deste padre franciscano, foi ter sido católico. Quando um padre é católico (mas católico à séria), cai-lhe o Carmo e a Trindade em cima. Foi o que aconteceu.A mim faz-me muito mais confusão aqueles supostos católicos militantes, que pecam de manhã à noite, com qual arrependimento qual quê. Tentem seguir os mandamentos. Há um que sozinho estraga a festa toda. Não é possível deixar de pecar por pensamentos. Ainda pelos actos, admito que haja uns quantos, mas pelos pensamentos vai tudo ao ar. Mal ligamos a televisão, logo surge um anúncio com uma modelo (com elevadas probabilidades de ser menor) vestida (ou despida) a rigor para nos lembrar alguma coisa. Metemos o pé na rua e vilipendiamos o vizinho (por mero gozo, inveja ou qualquer outro defeito simpático). Achamos que aquele pobre da rua que nos pede uns cêntimos, é um inútil que não quer trabalhar (e se calhar é, mas não deixa de ser um juízo de valor apriorístico sem qualquer fundamento). Tudo junto dá uma quantidade de pecados, que ainda que passemos o dia a dizer “Deus me perdoe”, o mais certo é não termos perdão. Depois há o tal instituto da confissão, que se fosse coerente com as nossas práticas, tínhamos de reservar meio ano com o senhor padre para lhe contarmos tudo o que fizemos num dia. Ou seja, não temos salvação (se atentarmos às virtudes que a Igreja nos pede).Então, o que fez este Padre? – Foi católico. Nem mais, nem menos. E nem foi ortodoxo. Se uns quantos ortodoxos se lembrassem de fazer anúncios no jornal, nem que a Igreja oferecesse casas aos crentes se safava. Mas a Igreja quer abrir-se. A Igreja quer acompanhar os tempos (que mudam). Para tal, contraria um seu fiel em praça pública, por excesso de zelo. Mas afinal? – Será que terão que incorporar uma cadeira no seminário de “relações públicas”? – Já estamos a ver o leccionador: “Caros seminaristas, não digam a um defensor manifesto do aborto que não o confessam, digam que o confessam, mas não o confessem”. Talvez o ambiente de seminário incuta tamanha inteligência naquelas mentes, que os faça entender discursos destes.A Igreja está a tornar-se como o comunismo: Defende o que não pratica, praticando o que não defende. Para mim, o António Pires de Lima (CDS) é bem mais comunista que o Jerónimo de Sousa. É que Pires de Lima pratica uma das mais altas médias salariais do país (dividindo a riqueza criada pela sua comunidade), e o Jerónimo quer os trabalhadores a tinir. Há por aí um empresário comunista (cujos lucros têm vindo a aumentar), mas que com o argumento da crise, aumentos salariais ninguém os vê (mas andam todos na ordem, faz lembrar a URSS). Um comunista assim, dá lições a um capitalista. Mas voltemos à Santa Sé.A Igreja ou se reforma a sério, ou então deixa desta nuvem teológica, onde já não se consegue perceber o que está bem o que está mal, e o que está assim-assim. Vivemos na era do assim-assim. Roubar o próximo? – Está mal. Ajudar uma septuagenária a atravessar a rua? – Está bem. Abortar? – Está assim-assim. E foi o que se passou. O padre do marketing disse: Isto está mal! O patriarca e Melícias vieram dizer: Calma, está assim-assim! - Tratando um sacerdote como se fosse um ditador tarado. E vieram ainda dizer uma coisa mais engraçada. Segundo estes dois últimos, o sacerdote estaria a intrometer-se em assuntos que não lhe dizem respeito. Formidável. Então quer dizer que uma defensora manifesta do aborto, que se dirija ao padre do marketing para se confessar e este a recuse, surge o patriarca do nada e ordena-o a confessar a menina Woman on Wave. Parece-me que o patriarca é que se está a intrometer em assuntos que não deve, a saber, as confissões que o padre do marketing faz ou deixa de fazer. De uma vez por todas a Igreja tem de se reformar. A fronteira entre pecados e virtudes está tão esbatida, que já nem os próprios representantes da Igreja se entendem. Como querem que os fiéis compreendam? – E se for para ser católico por estética, para isso vamos para o Bloco de Esquerda, que ainda assim, está mais na moda.

Padre do marketing, e padres do assim-assimNão queria falar sobre o assunto do padre que faz anúncios, mas uma vez que o mercado blogosférico exige, cá vai. O problema deste padre franciscano, foi ter sido católico. Quando um padre é católico (mas católico à séria), cai-lhe o Carmo e a Trindade em cima. Foi o que aconteceu.A mim faz-me muito mais confusão aqueles supostos católicos militantes, que pecam de manhã à noite, com qual arrependimento qual quê. Tentem seguir os mandamentos. Há um que sozinho estraga a festa toda. Não é possível deixar de pecar por pensamentos. Ainda pelos actos, admito que haja uns quantos, mas pelos pensamentos vai tudo ao ar. Mal ligamos a televisão, logo surge um anúncio com uma modelo (com elevadas probabilidades de ser menor) vestida (ou despida) a rigor para nos lembrar alguma coisa. Metemos o pé na rua e vilipendiamos o vizinho (por mero gozo, inveja ou qualquer outro defeito simpático). Achamos que aquele pobre da rua que nos pede uns cêntimos, é um inútil que não quer trabalhar (e se calhar é, mas não deixa de ser um juízo de valor apriorístico sem qualquer fundamento). Tudo junto dá uma quantidade de pecados, que ainda que passemos o dia a dizer “Deus me perdoe”, o mais certo é não termos perdão. Depois há o tal instituto da confissão, que se fosse coerente com as nossas práticas, tínhamos de reservar meio ano com o senhor padre para lhe contarmos tudo o que fizemos num dia. Ou seja, não temos salvação (se atentarmos às virtudes que a Igreja nos pede).Então, o que fez este Padre? – Foi católico. Nem mais, nem menos. E nem foi ortodoxo. Se uns quantos ortodoxos se lembrassem de fazer anúncios no jornal, nem que a Igreja oferecesse casas aos crentes se safava. Mas a Igreja quer abrir-se. A Igreja quer acompanhar os tempos (que mudam). Para tal, contraria um seu fiel em praça pública, por excesso de zelo. Mas afinal? – Será que terão que incorporar uma cadeira no seminário de “relações públicas”? – Já estamos a ver o leccionador: “Caros seminaristas, não digam a um defensor manifesto do aborto que não o confessam, digam que o confessam, mas não o confessem”. Talvez o ambiente de seminário incuta tamanha inteligência naquelas mentes, que os faça entender discursos destes.A Igreja está a tornar-se como o comunismo: Defende o que não pratica, praticando o que não defende. Para mim, o António Pires de Lima (CDS) é bem mais comunista que o Jerónimo de Sousa. É que Pires de Lima pratica uma das mais altas médias salariais do país (dividindo a riqueza criada pela sua comunidade), e o Jerónimo quer os trabalhadores a tinir. Há por aí um empresário comunista (cujos lucros têm vindo a aumentar), mas que com o argumento da crise, aumentos salariais ninguém os vê (mas andam todos na ordem, faz lembrar a URSS). Um comunista assim, dá lições a um capitalista. Mas voltemos à Santa Sé.A Igreja ou se reforma a sério, ou então deixa desta nuvem teológica, onde já não se consegue perceber o que está bem o que está mal, e o que está assim-assim. Vivemos na era do assim-assim. Roubar o próximo? – Está mal. Ajudar uma septuagenária a atravessar a rua? – Está bem. Abortar? – Está assim-assim. E foi o que se passou. O padre do marketing disse: Isto está mal! O patriarca e Melícias vieram dizer: Calma, está assim-assim! - Tratando um sacerdote como se fosse um ditador tarado. E vieram ainda dizer uma coisa mais engraçada. Segundo estes dois últimos, o sacerdote estaria a intrometer-se em assuntos que não lhe dizem respeito. Formidável. Então quer dizer que uma defensora manifesta do aborto, que se dirija ao padre do marketing para se confessar e este a recuse, surge o patriarca do nada e ordena-o a confessar a menina Woman on Wave. Parece-me que o patriarca é que se está a intrometer em assuntos que não deve, a saber, as confissões que o padre do marketing faz ou deixa de fazer. De uma vez por todas a Igreja tem de se reformar. A fronteira entre pecados e virtudes está tão esbatida, que já nem os próprios representantes da Igreja se entendem. Como querem que os fiéis compreendam? – E se for para ser católico por estética, para isso vamos para o Bloco de Esquerda, que ainda assim, está mais na moda.

marcar artigo