O Acidental: O candidato possível e a agenda necessária

23-05-2009
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Segundo o jornal Público, António Pires de Lima propôs, no conselho nacional do CDS, uma moção que defendia que o apoio a Cavaco deveria depender da assumpção por parte deste, entre outras coisas, da defesa de uma significativa revisão da Constituição, no sentido de diminuir o peso do Estado na sociedade.António Pires de Lima tem toda a razão em querer uma significativa revisão da Constituição e um menor peso do Estado na sociedade. Eu também quero. Mas já não tem tanta quando quer fazer depender o apoio do CDS ao Professor destes nossos anseios.Cavaco, mesmo que assim pense (o que duvido), nunca irá pública e expressamente declará-lo. Cavaco é um social-democrata. E os sociais-democratas, à medida que vão envelhecendo, ficam piores. Ainda mais sociais-democratas.Se o CDS fizesse depender o seu apoio a Cavaco da defesa por parte deste de uma significativa revisão da Constituição e um menor peso do Estado na sociedade, o CDS iria, inevitavelmente, acabar por não o apoiar. E isso, tendo em conta o quadro das candidaturas presentes, seria um erro crasso. É bom não esquecer que do outro lado estão socialistas, comunistas e charlatães.Tivesse António Pires de Lima avançado para a presidência com uma agenda como aquela que vem defendendo, e teria o meu voto garantido. Como não avançou, nem ele nem qualquer outro, só nos resta apoiar Cavaco. Por exclusão de partes, com realismo e sem grandes convicções.A alteração da Constituição e a diminuição do peso do Estado são pontos de uma agenda que deve ser seguida, em primeiro lugar, pelo CDS. Independentemente das eleições presidenciais e dos presidentes - que, como se sabe, pouco ou nada por ela podem fazer. António Pires de Lima, justiça seja feita, tem-no feito. Seria bom que a actual direcção olhasse menos para dentro e começasse também a fazê-lo.Quer se queira quer não, com a falta de dinheiro, o Estado (o Monstro) irá acabar por ter que diminuir. Uma vez no Governo, sociais-democratas e socialistas não terão alternativas senão cortar na despesa - regalias, benefícios, subsídios, entidades, funcionários, etc. E é aí que Cavaco pode fazer a diferença em relação a Alegre ou Soares. Enquanto estes tenderão sempre a ceder face à agitação social que, fatalmente, tais cortes provocarão, Cavaco poderá ajudar a explicá-los. Não por convicção, mas por necessidade. Com um país à beira da bancarrota, até a esquerda começa a olhar para os números. E no que a números respeita, Cavaco é muito melhor que os outros.O CDS, se quer continuar a fazer sentido, tem de defender acerrimamente a diminuição do Estado e a eliminação dos entraves constitucionais que a impedem. Esta é uma agenda partidária. Nunca a de um candidato a presidente que quer ganhar umas eleições.[Eduardo Nogueira Pinto]

Segundo o jornal Público, António Pires de Lima propôs, no conselho nacional do CDS, uma moção que defendia que o apoio a Cavaco deveria depender da assumpção por parte deste, entre outras coisas, da defesa de uma significativa revisão da Constituição, no sentido de diminuir o peso do Estado na sociedade.António Pires de Lima tem toda a razão em querer uma significativa revisão da Constituição e um menor peso do Estado na sociedade. Eu também quero. Mas já não tem tanta quando quer fazer depender o apoio do CDS ao Professor destes nossos anseios.Cavaco, mesmo que assim pense (o que duvido), nunca irá pública e expressamente declará-lo. Cavaco é um social-democrata. E os sociais-democratas, à medida que vão envelhecendo, ficam piores. Ainda mais sociais-democratas.Se o CDS fizesse depender o seu apoio a Cavaco da defesa por parte deste de uma significativa revisão da Constituição e um menor peso do Estado na sociedade, o CDS iria, inevitavelmente, acabar por não o apoiar. E isso, tendo em conta o quadro das candidaturas presentes, seria um erro crasso. É bom não esquecer que do outro lado estão socialistas, comunistas e charlatães.Tivesse António Pires de Lima avançado para a presidência com uma agenda como aquela que vem defendendo, e teria o meu voto garantido. Como não avançou, nem ele nem qualquer outro, só nos resta apoiar Cavaco. Por exclusão de partes, com realismo e sem grandes convicções.A alteração da Constituição e a diminuição do peso do Estado são pontos de uma agenda que deve ser seguida, em primeiro lugar, pelo CDS. Independentemente das eleições presidenciais e dos presidentes - que, como se sabe, pouco ou nada por ela podem fazer. António Pires de Lima, justiça seja feita, tem-no feito. Seria bom que a actual direcção olhasse menos para dentro e começasse também a fazê-lo.Quer se queira quer não, com a falta de dinheiro, o Estado (o Monstro) irá acabar por ter que diminuir. Uma vez no Governo, sociais-democratas e socialistas não terão alternativas senão cortar na despesa - regalias, benefícios, subsídios, entidades, funcionários, etc. E é aí que Cavaco pode fazer a diferença em relação a Alegre ou Soares. Enquanto estes tenderão sempre a ceder face à agitação social que, fatalmente, tais cortes provocarão, Cavaco poderá ajudar a explicá-los. Não por convicção, mas por necessidade. Com um país à beira da bancarrota, até a esquerda começa a olhar para os números. E no que a números respeita, Cavaco é muito melhor que os outros.O CDS, se quer continuar a fazer sentido, tem de defender acerrimamente a diminuição do Estado e a eliminação dos entraves constitucionais que a impedem. Esta é uma agenda partidária. Nunca a de um candidato a presidente que quer ganhar umas eleições.[Eduardo Nogueira Pinto]

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