Rio não afronta Menezes até às legislativas de 2009

02-03-2008
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PSD

Rio não afronta Menezes até às legislativas de 2009

Autarca descola de jogadas contra líder do PSD. Para já... Alterar tamanho Santana deu entrevista à SIC na 3ª-feira; Menezes deu na 5ª. A bicefalia é assim FOTO LUÍS FORRA/LUSA Rui Rio, a figura para quem muitos militantes descontentes com a escolha de Luís Filipe Menezes olham como alternativa na liderança do PSD, não parece nada interessado em juntar a sua voz ao coro de críticas que não pára de se insinuar sobre a condução do partido. Tudo indica que Rio não hostilizará Menezes até às eleições legislativas, contando que o recém-escolhido presidente do PSD seja candidato a primeiro-ministro. Rui Rio, a figura para quem muitos militantes descontentes com a escolha de Luís Filipe Menezes olham como alternativa na liderança do PSD, não parece nada interessado em juntar a sua voz ao coro de críticas que não pára de se insinuar sobre a condução do partido. Tudo indica que Rio não hostilizará Menezes até às eleições legislativas, contando que o recém-escolhido presidente do PSD seja candidato a primeiro-ministro. A presença do autarca no recente almoço organizado por Durão Barroso que juntou várias personalidades sociais-democratas foi lida como um gesto de coordenação entre a facção barrosista (muito crítica de Menezes) e o presidente da Câmara do Porto. Mas o autarca não manifesta qualquer intenção de querer desgastar o seu velho rival e não pretende ser parte da conflituosidade interna no PSD. Rio tem dado sinais de não ficar nada satisfeito quando vê o seu nome associado a iniciativas de contestação à liderança social-democrata. E já desmentiu quaisquer leituras políticas de encontros que teve com figuras do PSD, como no recente almoço em Ponte de Lima com Marques Mendes. Alguns colaboradores do presidente da Câmara do Porto demonstram estupefacção com a tolerância que este revela perante a liderança de Luís Filipe Menezes, e nem querem acreditar quando o ouvem confessar que o actual líder do PSD, em alguns aspectos, tem excedido as suas expectativas. Por isso, terão que refrear os ímpetos contestatários os militantes que gostariam de ver Rui Rio a dar entrevistas com farpas dirigidas ao seu arqui-rival, fragilizando a sua liderança e preparando o caminho para uma sucessão ainda antes de 2009. Velhos amigos de Rio, como Aguiar Branco e Miguel Veiga, fazem parte desse grupo menos agradado com a atitude passiva do autarca. José Pedro Aguiar Branco continuará, no entanto, a correr contra Menezes - a sua recente reaproximação ao presidente da Câmara do Porto, com quem assumiu, em declarações ao Expresso, querer ‘‘guiar o mesmo carro’’, esbarra numa divergência: enquanto Rui Rio acha um erro começar já a descolar do líder recém-eleito, Aguiar Branco não esconde quando dele diverge, o que o deixou debaixo de fogo numa recente reunião do Grupo Parlamentar. Entre os críticos de Menezes não falta quem aplauda a frieza de Rui Rio, que alguns dizem estar a fazer tudo certo, sem dar pretextos ao actual líder para que, caso perca no confronto com Sócrates em 2009, se possa apresentar como vítima duma prematura contestação interna.

Menezes tenta descolar

Luís Filipe Menezes, por seu lado, já deu sinais de não querer repetir a estratégia de Marques Mendes, que foi assobiando às conspirações contra si e que um dia se viu apeado. Menezes escolheu outro caminho: evitará entrar num processo de sucessivas relegitimações da sua liderança, até por se lembrar do mau resultado que isso deu com Marcelo Rebelo de Sousa. Mas desafiou os críticos: se querem medir forças em directas, dêem a cara. Nas Jornadas Parlamentares do PSD pediu ‘‘Juízo’’. E anunciou para Fevereiro a realização de uma Convenção, onde juntará militantes e independentes a discutir os grandes temas do país. É esse o seu desafio: evitar virar-se para dentro do PSD e começar a trabalhar para, quanto antes, lançar as bandeiras com que quer ser alternativa ao PS. O facto de, em apenas 100 dias, já ter sido obrigado a perder tempo com as quezílias internas é apontado como sinal de fraqueza. Os menezistas contrapõem: ‘‘É vital deixar claro que se quiserem guerra não a tememos’’. O líder social-democrata prometeu uma oposição eficaz para ontem e há sectores do partido nervosos com a demora, que o acusam de agarrar temas marginais como a guerra que decretou aos comentadores de TV. Na SIC/Notícias, Luís Filipe Menezes explicou quinta-feira que este ainda é o ‘‘momento de mostrar o falhanço do Governo’’. Para perceber o que fará o PSD de diferente há que aguardar pelas cenas dos próximos capítulos.

Ângela Silva e R.J.P.

COMENTADORES

Paulo Rangel afastado da RTP Ribau Esteves, secretário-geral do PSD e braço direito de Luís Filipe Menezes, e Marco António, presidente do PSD/Porto, são as hipóteses na calha para substituir Paulo Rangel (crítico do actual líder do partido) no programa da RTP, ‘‘Estado da Nação’’. A televisão pública está a reformular o programa que voltará com um novo painel de comentadores, aparentemente mais próximos das respectivas direcções partidárias. Para substituir o socialista Francisco Assis, o comunista António Filipe e o centrista Anacoreta Correia estão na calha Marcos Perestrelo, Bernardino Soares e Diogo Feio ou Nuno Melo. Embora os convites sejam feitos pela RTP a título pessoal, a lista não deixa de ser previamente acertada com as direcções partidárias.

LISTAS

‘‘Festival de raiva e vingança’’ Pacheco Pereira diz que o clima no PSD é ‘‘um festival de raiva e vingança’’, mas Luís filipe Menezes garantiu ao Expresso: ‘‘Ninguém vai ser perseguido no PSD’’. As próximas listas de deputados serão a hora da verdade. Com a guerra entre santanistas e barrosistas ao rubro e com os primeiros a avisarem que ‘‘cá se fazem, cá se pagan’’, o líder social-democrata vai suar as estopinhas para cumprir a promessa de que serão as bases a escolher os próximos candidatos a deputados. Há quem recorde , por exemplo, que quando Durão Barroso ganhou o partido, Pedro Pinto, que tinha sido vice de Fernando Nogueira quase perdia o lugar de deputado (foi 23º na lista). Hoje, Pedro Pinto está na direcção de Santana que, como líder parlamentar, terá sempre uma palvra a dizer.

PSD

Rio não afronta Menezes até às legislativas de 2009

Autarca descola de jogadas contra líder do PSD. Para já... Alterar tamanho Santana deu entrevista à SIC na 3ª-feira; Menezes deu na 5ª. A bicefalia é assim FOTO LUÍS FORRA/LUSA Rui Rio, a figura para quem muitos militantes descontentes com a escolha de Luís Filipe Menezes olham como alternativa na liderança do PSD, não parece nada interessado em juntar a sua voz ao coro de críticas que não pára de se insinuar sobre a condução do partido. Tudo indica que Rio não hostilizará Menezes até às eleições legislativas, contando que o recém-escolhido presidente do PSD seja candidato a primeiro-ministro. Rui Rio, a figura para quem muitos militantes descontentes com a escolha de Luís Filipe Menezes olham como alternativa na liderança do PSD, não parece nada interessado em juntar a sua voz ao coro de críticas que não pára de se insinuar sobre a condução do partido. Tudo indica que Rio não hostilizará Menezes até às eleições legislativas, contando que o recém-escolhido presidente do PSD seja candidato a primeiro-ministro. A presença do autarca no recente almoço organizado por Durão Barroso que juntou várias personalidades sociais-democratas foi lida como um gesto de coordenação entre a facção barrosista (muito crítica de Menezes) e o presidente da Câmara do Porto. Mas o autarca não manifesta qualquer intenção de querer desgastar o seu velho rival e não pretende ser parte da conflituosidade interna no PSD. Rio tem dado sinais de não ficar nada satisfeito quando vê o seu nome associado a iniciativas de contestação à liderança social-democrata. E já desmentiu quaisquer leituras políticas de encontros que teve com figuras do PSD, como no recente almoço em Ponte de Lima com Marques Mendes. Alguns colaboradores do presidente da Câmara do Porto demonstram estupefacção com a tolerância que este revela perante a liderança de Luís Filipe Menezes, e nem querem acreditar quando o ouvem confessar que o actual líder do PSD, em alguns aspectos, tem excedido as suas expectativas. Por isso, terão que refrear os ímpetos contestatários os militantes que gostariam de ver Rui Rio a dar entrevistas com farpas dirigidas ao seu arqui-rival, fragilizando a sua liderança e preparando o caminho para uma sucessão ainda antes de 2009. Velhos amigos de Rio, como Aguiar Branco e Miguel Veiga, fazem parte desse grupo menos agradado com a atitude passiva do autarca. José Pedro Aguiar Branco continuará, no entanto, a correr contra Menezes - a sua recente reaproximação ao presidente da Câmara do Porto, com quem assumiu, em declarações ao Expresso, querer ‘‘guiar o mesmo carro’’, esbarra numa divergência: enquanto Rui Rio acha um erro começar já a descolar do líder recém-eleito, Aguiar Branco não esconde quando dele diverge, o que o deixou debaixo de fogo numa recente reunião do Grupo Parlamentar. Entre os críticos de Menezes não falta quem aplauda a frieza de Rui Rio, que alguns dizem estar a fazer tudo certo, sem dar pretextos ao actual líder para que, caso perca no confronto com Sócrates em 2009, se possa apresentar como vítima duma prematura contestação interna.

Menezes tenta descolar

Luís Filipe Menezes, por seu lado, já deu sinais de não querer repetir a estratégia de Marques Mendes, que foi assobiando às conspirações contra si e que um dia se viu apeado. Menezes escolheu outro caminho: evitará entrar num processo de sucessivas relegitimações da sua liderança, até por se lembrar do mau resultado que isso deu com Marcelo Rebelo de Sousa. Mas desafiou os críticos: se querem medir forças em directas, dêem a cara. Nas Jornadas Parlamentares do PSD pediu ‘‘Juízo’’. E anunciou para Fevereiro a realização de uma Convenção, onde juntará militantes e independentes a discutir os grandes temas do país. É esse o seu desafio: evitar virar-se para dentro do PSD e começar a trabalhar para, quanto antes, lançar as bandeiras com que quer ser alternativa ao PS. O facto de, em apenas 100 dias, já ter sido obrigado a perder tempo com as quezílias internas é apontado como sinal de fraqueza. Os menezistas contrapõem: ‘‘É vital deixar claro que se quiserem guerra não a tememos’’. O líder social-democrata prometeu uma oposição eficaz para ontem e há sectores do partido nervosos com a demora, que o acusam de agarrar temas marginais como a guerra que decretou aos comentadores de TV. Na SIC/Notícias, Luís Filipe Menezes explicou quinta-feira que este ainda é o ‘‘momento de mostrar o falhanço do Governo’’. Para perceber o que fará o PSD de diferente há que aguardar pelas cenas dos próximos capítulos.

Ângela Silva e R.J.P.

COMENTADORES

Paulo Rangel afastado da RTP Ribau Esteves, secretário-geral do PSD e braço direito de Luís Filipe Menezes, e Marco António, presidente do PSD/Porto, são as hipóteses na calha para substituir Paulo Rangel (crítico do actual líder do partido) no programa da RTP, ‘‘Estado da Nação’’. A televisão pública está a reformular o programa que voltará com um novo painel de comentadores, aparentemente mais próximos das respectivas direcções partidárias. Para substituir o socialista Francisco Assis, o comunista António Filipe e o centrista Anacoreta Correia estão na calha Marcos Perestrelo, Bernardino Soares e Diogo Feio ou Nuno Melo. Embora os convites sejam feitos pela RTP a título pessoal, a lista não deixa de ser previamente acertada com as direcções partidárias.

LISTAS

‘‘Festival de raiva e vingança’’ Pacheco Pereira diz que o clima no PSD é ‘‘um festival de raiva e vingança’’, mas Luís filipe Menezes garantiu ao Expresso: ‘‘Ninguém vai ser perseguido no PSD’’. As próximas listas de deputados serão a hora da verdade. Com a guerra entre santanistas e barrosistas ao rubro e com os primeiros a avisarem que ‘‘cá se fazem, cá se pagan’’, o líder social-democrata vai suar as estopinhas para cumprir a promessa de que serão as bases a escolher os próximos candidatos a deputados. Há quem recorde , por exemplo, que quando Durão Barroso ganhou o partido, Pedro Pinto, que tinha sido vice de Fernando Nogueira quase perdia o lugar de deputado (foi 23º na lista). Hoje, Pedro Pinto está na direcção de Santana que, como líder parlamentar, terá sempre uma palvra a dizer.

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