O CACIMBO: Trair os eleitores...

09-07-2009
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A ideia de Bloco Central não nasceu nas mentes perversas ou ociosas de jornalistas com falta de assunto. Estava na cabeça de muita gente, como se vai percebendo pela sucessão de interessados em manter a chama viva, e tornou-se patente com o deslize embaraçado da líder do PSD e o seu desmentido instantâneo. É por isso que nos encontramos hoje na ridícula situação de discutir uma fórmula de Governo seis meses antes de sabermos os resultados das eleições. E que se torna lícita a interrogação sobre se a simpatia por mais este Bloco seria tão grande no caso de o PSD se encontrar na posição que as sondagens ainda hoje atribuem ao PS..Por mais legítima e desejada que seja a grande aliança, não se trata, obviamente, de uma coligação como qualquer outra. É uma coligação antinatural e, em grande medida, uma traição aos eleitores, sobretudo ao tal milhão que decide as eleições ao centro e apoia ora o PSD ora o PSD. Quem votar em Outubro no PSD está, acima de tudo, a votar contra o PS no Executivo e quem votar no PS está, acima de tudo, a votar contra a hipótese de o PSD lá chegar, porque são os dois únicos partidos do sistema em posição de decidir sobre a formação de governos. Com um Bloco Central, o voto desses eleitores serviria, portanto, um propósito oposto àquele que os levou a votar..Por outro lado, nem a governabilidade nem a capacidade reformista estão mais asseguradas por uma grande coligação ao centro do que por outra qualquer. O velho Bloco Central durou dois anos, mas, na verdade, só governou no primeiro. O segundo foi consumido numa briga permanente sobre "reformas estruturais" que ainda hoje estão por fazer e que acabaria depressa com a coligação. Esta só resistiu enquanto não se tornou claro qual dos dois partidos ganharia mais com a ruptura. E aquele que mais ganha, se a época for de crise, como então e como agora, é sempre o segundo partido, pois o maior tem o primeiro-ministro, que é o rosto da situação. Foi o que aconteceu há 24 anos. E é o que voltará a acontecer, pelo que o partido mais votado em Outubro já sabe com o que conta se apostar no Bloco Central.Fernando Madrinhain Expresso


A ideia de Bloco Central não nasceu nas mentes perversas ou ociosas de jornalistas com falta de assunto. Estava na cabeça de muita gente, como se vai percebendo pela sucessão de interessados em manter a chama viva, e tornou-se patente com o deslize embaraçado da líder do PSD e o seu desmentido instantâneo. É por isso que nos encontramos hoje na ridícula situação de discutir uma fórmula de Governo seis meses antes de sabermos os resultados das eleições. E que se torna lícita a interrogação sobre se a simpatia por mais este Bloco seria tão grande no caso de o PSD se encontrar na posição que as sondagens ainda hoje atribuem ao PS..Por mais legítima e desejada que seja a grande aliança, não se trata, obviamente, de uma coligação como qualquer outra. É uma coligação antinatural e, em grande medida, uma traição aos eleitores, sobretudo ao tal milhão que decide as eleições ao centro e apoia ora o PSD ora o PSD. Quem votar em Outubro no PSD está, acima de tudo, a votar contra o PS no Executivo e quem votar no PS está, acima de tudo, a votar contra a hipótese de o PSD lá chegar, porque são os dois únicos partidos do sistema em posição de decidir sobre a formação de governos. Com um Bloco Central, o voto desses eleitores serviria, portanto, um propósito oposto àquele que os levou a votar..Por outro lado, nem a governabilidade nem a capacidade reformista estão mais asseguradas por uma grande coligação ao centro do que por outra qualquer. O velho Bloco Central durou dois anos, mas, na verdade, só governou no primeiro. O segundo foi consumido numa briga permanente sobre "reformas estruturais" que ainda hoje estão por fazer e que acabaria depressa com a coligação. Esta só resistiu enquanto não se tornou claro qual dos dois partidos ganharia mais com a ruptura. E aquele que mais ganha, se a época for de crise, como então e como agora, é sempre o segundo partido, pois o maior tem o primeiro-ministro, que é o rosto da situação. Foi o que aconteceu há 24 anos. E é o que voltará a acontecer, pelo que o partido mais votado em Outubro já sabe com o que conta se apostar no Bloco Central.Fernando Madrinhain Expresso

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