O CACIMBO: Assobiem para o lado, e depois queixem-se...

08-07-2009
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"Empurram-nos cada vez mais para Espanha" Entrevista a António Tereno, PRESIDENTE DA CÂMARA DE BARRANCOS Que comentário lhe merece o facto dos bombeiros de Barrancos terem recebido de braços abertos a viatura de combate a incêndios urbanos oferecida pelos bombeiros de Huelva que em Espanha já passou da validade, como noticiou ontem o DN?Deixa a nu a forma como temos sido aqui tratados. Sabe que esse carro nos está prometido, pelo Governo português, há quatro anos? Algo aqui falhou na estratégia de combate a fogos. Cada vez que precisamos de meios aéreos, só temos apoio espanhol. Basta apitar para o serviço de socorros de Huelva, que tenho logo aqui helicópteros.E se apitar para Portugal?Nada. Está um helicóptero em Ourique que nunca mais cá chega, porque não pode ir a todo a lado. Lutamos muito, mas sozinhos não conseguimos fazer tudo. Isso dói- -nos, porque o esquecimento estende-se a todos os níveis. Se não fosse esta cooperação com Espanha, a vida de fronteira já não existia em Barrancos.Atendendo ao mau estado das estradas entre Barrancos e as localidades portuguesas mais próximas, a vossa ligação a Espanha poder-se-á intensificar com as vias de acesso às províncias da Extremadura e Andaluzia?Esse é o ponto forte da questão. Estamos muito longe de Portugal, porque nos puseram muito longe. Temos duas péssimas estradas que nos ligam ao lado português e uma estrada óptima, a 500 metros, que nos liga a Encinasola, com acesso a Huelva, Sevilha, Badajoz, Cáceres e Mérida. É triste. Queremos ser portugueses, mas empurram-nos, cada vez mais, para Espanha. Estamos fartos de chatear governos, as Estradas de Portugal e nem nos passam cavaco. A paciência tem limites.Há um ano ameaçaram pedir segurança à Guardia Civil se perdessem a GNR. É um assunto ultrapassado?É. Mas sabe porquê? Ameaçámos logo que a Guardia Civil estava aqui no dia seguinte e parece que o Ministério da Administração Interna apanhou medo. É lamentável, não é? Veja também o que se passa na saúde. O nosso centro abre das 09.00 às 20.00 e temos apenas um médico português com estadia paga pela autarquia. Aos fins-de-semana é a câmara que paga a um médico. Também aqui, se não fosse Espanha…Há muitos barranquenhos a recorrer ao outro lado da raia?Claro, o centro de saúde de Encinasola abre 24 horas por dia e recebem-nos muito bem. Nós também temos cá um centro de fisioterapia aberto para quem precisar.Há mais projectos transfronteiriços em marcha?Entrámos agora na luta da área empresarial, com a empreitada do parque empresarial. Já temos três investidores espanhóis nas áreas dos presuntos e enchidos. Também queremos portugueses, mas o desenvolvimento não pode estar por este ou por aquele. Roberto Dores in DN


"Empurram-nos cada vez mais para Espanha" Entrevista a António Tereno, PRESIDENTE DA CÂMARA DE BARRANCOS Que comentário lhe merece o facto dos bombeiros de Barrancos terem recebido de braços abertos a viatura de combate a incêndios urbanos oferecida pelos bombeiros de Huelva que em Espanha já passou da validade, como noticiou ontem o DN?Deixa a nu a forma como temos sido aqui tratados. Sabe que esse carro nos está prometido, pelo Governo português, há quatro anos? Algo aqui falhou na estratégia de combate a fogos. Cada vez que precisamos de meios aéreos, só temos apoio espanhol. Basta apitar para o serviço de socorros de Huelva, que tenho logo aqui helicópteros.E se apitar para Portugal?Nada. Está um helicóptero em Ourique que nunca mais cá chega, porque não pode ir a todo a lado. Lutamos muito, mas sozinhos não conseguimos fazer tudo. Isso dói- -nos, porque o esquecimento estende-se a todos os níveis. Se não fosse esta cooperação com Espanha, a vida de fronteira já não existia em Barrancos.Atendendo ao mau estado das estradas entre Barrancos e as localidades portuguesas mais próximas, a vossa ligação a Espanha poder-se-á intensificar com as vias de acesso às províncias da Extremadura e Andaluzia?Esse é o ponto forte da questão. Estamos muito longe de Portugal, porque nos puseram muito longe. Temos duas péssimas estradas que nos ligam ao lado português e uma estrada óptima, a 500 metros, que nos liga a Encinasola, com acesso a Huelva, Sevilha, Badajoz, Cáceres e Mérida. É triste. Queremos ser portugueses, mas empurram-nos, cada vez mais, para Espanha. Estamos fartos de chatear governos, as Estradas de Portugal e nem nos passam cavaco. A paciência tem limites.Há um ano ameaçaram pedir segurança à Guardia Civil se perdessem a GNR. É um assunto ultrapassado?É. Mas sabe porquê? Ameaçámos logo que a Guardia Civil estava aqui no dia seguinte e parece que o Ministério da Administração Interna apanhou medo. É lamentável, não é? Veja também o que se passa na saúde. O nosso centro abre das 09.00 às 20.00 e temos apenas um médico português com estadia paga pela autarquia. Aos fins-de-semana é a câmara que paga a um médico. Também aqui, se não fosse Espanha…Há muitos barranquenhos a recorrer ao outro lado da raia?Claro, o centro de saúde de Encinasola abre 24 horas por dia e recebem-nos muito bem. Nós também temos cá um centro de fisioterapia aberto para quem precisar.Há mais projectos transfronteiriços em marcha?Entrámos agora na luta da área empresarial, com a empreitada do parque empresarial. Já temos três investidores espanhóis nas áreas dos presuntos e enchidos. Também queremos portugueses, mas o desenvolvimento não pode estar por este ou por aquele. Roberto Dores in DN

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