A SERENATAUma noite de lua pálida e gerâniosele viria com boca e mãos incríveistocar flauta no jardim.Estou no começo do meu desesperoe só vejo dois caminhos:ou viro doida ou santa.Eu que rejeito e exprobroo que não for natal como sangue e veiasdescubro que estou chorando todo dia,os cabelos entristecidos,a pele assaltada de indecisão.Quando ele vier, porque é certo que vem,de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?A lua, os gerânios e ele serão os mesmos— só a mulher entre as coisas envelhece.De que modo vou abrir a janela, se não for doida?Como a fecharei, se não for santa?Adélia Prado (Brasil, n. 1935)
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A SERENATAUma noite de lua pálida e gerâniosele viria com boca e mãos incríveistocar flauta no jardim.Estou no começo do meu desesperoe só vejo dois caminhos:ou viro doida ou santa.Eu que rejeito e exprobroo que não for natal como sangue e veiasdescubro que estou chorando todo dia,os cabelos entristecidos,a pele assaltada de indecisão.Quando ele vier, porque é certo que vem,de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?A lua, os gerânios e ele serão os mesmos— só a mulher entre as coisas envelhece.De que modo vou abrir a janela, se não for doida?Como a fecharei, se não for santa?Adélia Prado (Brasil, n. 1935)