portugal contemporâneo: Mal negociado

29-09-2009
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A imprensa de hoje noticia que a comissão de trabalhadores da Autoeuropa vetou o pré-acordo que a sua direcção havia firmado com a administração alemã, cuja consequência será uma tomada de força da empresa, a dispensa imediata de 250 trabalhadores e a eliminação de um turno. Admitindo que não estou na posse de todos os dados, a decisão dos trabalhadores parece ser uma verdadeira idiotice que, mais cedo ou mais tarde, todos irão pagar bem caro. De resto, não posso deixar de lamentar a reacção relativamente apática do Coordenador da Comissão de Trabalhadores - no mínimo, estranha. Afirma António Chora, citado no Diário Económico, que "O Não venceu por 1381 votos, contra 1252 a favor". De seguida, acrescenta "estamos muito preocupados principalmente com os 250 trabalhadores que terminam os contratos este mês e no próximo. Nunca pensámos, sinceramente, que o acordo não passasse. Como CT só temos uma coisa em mente que é defender os postos de trabalho". Enfim, reitero a minha estranheza: se estão tão preocupados em defender os postos de trabalho, como é que não se certificaram da aprovação do pré-acordo, em especial depois de tantas semanas de intensas negociações?!As teoria da conspiração defendem que, em geral, os sindicatos estão mais preocupados em defender os interesses dos incumbentes, ou seja, dos que estão empregados, que os interesses daqueles que estão desempregados ou em vias de estar. Infelizmente, esta situação na Autoeuropa dá corpo a esta tese. Aparentemente, a razão que mais pesou na hora de rejeitar o pré-acordo foi o facto do trabalho ao sábado passar a ser remunerado como um dia normal, condição exigida pela administração de forma a criar o enquadramento financeiro adequado ao aumento do número de horas de trabalho e assim tirar partido da capacidade instalada de produção. Talvez seja excessivo da minha parte atribuir a rejeição do pré-acordo aos funcionários com contrato sem termo, porém, bem vistas as coisas, o comodismo que esteve na base da discórdia, quanto ao salário praticado ao sábado, só pode ter origem nos mais bem instalados e a expensas dos mais desprotegidos - aqueles que agora serão os primeiros a sentir na pele os efeitos de uma má decisão. Infelizmente, a prazo, a decisão será má para todos. Nesta rota, a Autoeuropa será descontinuada e todos acabarão despedidos. Ou seja, estamos perante uma decisão que é "penny wise, pound foolish".

A imprensa de hoje noticia que a comissão de trabalhadores da Autoeuropa vetou o pré-acordo que a sua direcção havia firmado com a administração alemã, cuja consequência será uma tomada de força da empresa, a dispensa imediata de 250 trabalhadores e a eliminação de um turno. Admitindo que não estou na posse de todos os dados, a decisão dos trabalhadores parece ser uma verdadeira idiotice que, mais cedo ou mais tarde, todos irão pagar bem caro. De resto, não posso deixar de lamentar a reacção relativamente apática do Coordenador da Comissão de Trabalhadores - no mínimo, estranha. Afirma António Chora, citado no Diário Económico, que "O Não venceu por 1381 votos, contra 1252 a favor". De seguida, acrescenta "estamos muito preocupados principalmente com os 250 trabalhadores que terminam os contratos este mês e no próximo. Nunca pensámos, sinceramente, que o acordo não passasse. Como CT só temos uma coisa em mente que é defender os postos de trabalho". Enfim, reitero a minha estranheza: se estão tão preocupados em defender os postos de trabalho, como é que não se certificaram da aprovação do pré-acordo, em especial depois de tantas semanas de intensas negociações?!As teoria da conspiração defendem que, em geral, os sindicatos estão mais preocupados em defender os interesses dos incumbentes, ou seja, dos que estão empregados, que os interesses daqueles que estão desempregados ou em vias de estar. Infelizmente, esta situação na Autoeuropa dá corpo a esta tese. Aparentemente, a razão que mais pesou na hora de rejeitar o pré-acordo foi o facto do trabalho ao sábado passar a ser remunerado como um dia normal, condição exigida pela administração de forma a criar o enquadramento financeiro adequado ao aumento do número de horas de trabalho e assim tirar partido da capacidade instalada de produção. Talvez seja excessivo da minha parte atribuir a rejeição do pré-acordo aos funcionários com contrato sem termo, porém, bem vistas as coisas, o comodismo que esteve na base da discórdia, quanto ao salário praticado ao sábado, só pode ter origem nos mais bem instalados e a expensas dos mais desprotegidos - aqueles que agora serão os primeiros a sentir na pele os efeitos de uma má decisão. Infelizmente, a prazo, a decisão será má para todos. Nesta rota, a Autoeuropa será descontinuada e todos acabarão despedidos. Ou seja, estamos perante uma decisão que é "penny wise, pound foolish".

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