O Banheirense

20-05-2009
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Na última edição do jornal "O Rio", foi publicado um artigo de Domingos Moura, que por falta de espaço foi abreviado pela redacção do órgão de comunicação social. Eu pedi por mail o artigo ao autor e este muito cordialmente autorizou-me a publicá-lo aqui no banheirense. Pelo que aqui fica.NA AUTO EUROPA ESTÃO EM CONFRONTO A LUTA CONSCIENTE E O EXEMPLO REFINADO DA MODERNA COLABORAÇÃO DE CLASSES.Duas questões me despertaram o interesse por este assunto. Por um lado, o facto de ter havido 36,5, isto é 864 trabalhadores que disseram não ao último acordo de Empresa o que se deduz que estavam dispostos a lutar por um melhor acordo.Por outro lado o simpatiquíssimo acolhimento que o mesmo obteve nos meios de informação que geralmente estão sempre contra os trabalhadores.Pensei logo no velho ditado : “quando o inimigo me elogia, pergunto-me que asneira cometi ?”Depois comecei a ler os diversos artigos da autoria do Sr. Chora em vários jornais e verifiquei, que o tom dos mesmos é anormal no seio dos trabalhadores.Depois, tive acesso a um comunicado da maioria da CT afecta ao Bloco de Esquerda, onde é divulgada uma carta recebida do Dr. Bernhard representante do grande capital alemão na Vw., com data de 24 de Outubro 2006, carta dirigida ao Sr. Chora. Não resisto a citar aqui algumas passagens da mesma : « fiquei bastante satisfeito com a noticia da passada quinta-feira, acerca do acordo a que chegaram a Administração e a Comissão de Trabalhadores da Auto Europa e o qual permite a redução dos custos de flexibilidade da Fabrica». «Hoje, felicito-o a si e a todos os colaboradores da Auto Europa, comprovaram mais uma vez que estão preparados para lutar pelo seu futuro, fazendo inclusive algumas concessões ». «Apenas posso encoraja-lo a si e a todos os colaboradores da Auto Europa para continuarem pelo caminho iniciado e agradecer-lhes pelo empenho no lançamento do EOS» (os sublinhados são meus).Não há duvida, as relações são as melhores entre o colaborador principal Sr. Chora e o representante do grande capital alemão, que o incita a continuar pelo caminho iniciado leia-se, as cedencias e a colaboração sobre a melhor maneira de aumentar os lucros para os patrões alemães, sem levantar muitas ondas. Estas palavras entre eles contrastam imenso com as que o Sr. Chora dirige aos trabalhadores que votaram não.Dei-me ao trabalho de analisar os artigos do Sr. Chora, e não me foi difícil compreender uma coisa ; para o Sr. Chora os inimigos principais são : os trabalhadores que disseram não ao acordo, os sindicatos e o PCP.Falta-nos agora saber, quem são os inimigos principais para o Sr. Dr. Bernhard ? A resposta é obvia e todos os trabalhadores da Auto Europa conhecem a resposta. Depois no seu ultimo artigo publicado no jornal o Rio, o Sr. Chora depois de agredir os 36,5 seja 864 trabalhadores que votaram não, ao actual acordo por o considerarem de cedência, e cujas opiniões eram e são de que se deveria lutar para melhorar o dito acordo. Em vez de compreensão e debate sério o Sr. Chora confundindo, o seu lugar no Bloco com o da CT, mostrou o seu tipo de democracia, desanca aqueles que não estão de acordo com aquilo que agrada e é elogiado pelos Media do capital e pelo Patrão da Auto Europa, esqueceu-se que outras lutas virão e que todos os trabalhadores são necessários para de mãos dadas unidos como os dedos da mão as poderem vencer. Ele afirma que os que não estão de acordo com a proposta que interessa ao patrão pretendem impor a vontade da minoria sobre a maioria afirmando : «ou seja utilizar as minorias para pressionar as maiorias esta é uma técnica conhecida».Nesta sua tirada sobre minorias condena todos aqueles que através da historia lutaram pelos seus ideiais de liberdade, igualdade e fraternidade, quase sempre em minoria, e refiro-me especialmente aqueles que antes do 25 de Abril lutaram e sofreram as consequências dessa heróica luta até ao dia da nossa libertaçãoO Sr. Chora precisa de aprender a historia da luta dos povos, luta que já vem de muito longe.Lembro-lhe que no Tarrafal estiveram apenas uma minoria, minoria que deve orgulhar qualquer democrata.Spartakus ao ser derrotado em combate, e não em cedências ou compromissos com o inimigo gritou : “voltarei e serei milhões”.Neste seu artigo o homem da Auto Europa assume o papel odioso de culpabilizar os trabalhadores e seus dirigentes sindicais e comissões de trabalhadores de serem os culpados dos despedimentos, e das deslocalizações desculpabilizando assim os patrões e seus governos, que se preocupam apenas com a procura do máximo lucro acima do ser humano, afirmando : «mas também evitamos embarcar em politicas que já foram testadas no pais e principalmente no Distrito, com os resultados desastrosos para milhares de trabalhadores». «Numa época em que deslocaliszar é a palavra chave neste pais, e até neste Distrito, garantir os seus empregos, garantir o seu futuro por muitos mais anos, e souberam dar no momento certo, o passo necessário para isso, é verdade que outros deram passos iguais sem resultados, mas digo eu deram-nos tarde demais». «Alguns tem a pratica e a politica de fazerem os possíveis para que tudo corra mal, para provarem que tem razão».Considero esta linguagem, indigna de um membro de uma comissão de trabalhadores .Este senhor ofende todos aqueles e são centenas de milhar que foram despedidos e “suas” empresas fechadas. Diz ele : “para provarem que tem razão”, mas que razão ? Razão de quê e para Quê ?Num passado recente que não esquecemos havia nas empresas linguagens muito similares e provocatórias, eles tentavam fazer crer que os comunistas e outros democratas que lutavam eram gente ao serviço de interesses estrangeiros e que se serviam dos trabalhadores.Também aqui o Sr. Chora inverte os papeis ou desconhece a historia. Lembrar-lhe-ei simplesmente caso a sua posição fosse de boa vontade o que duvido, que quem tem sido cúmplice e responsável das actuais politicas de desastre tanto em Portugal como nos outros países da Europa foram e são aqueles que colaboraram e colaboram na ilusão de uma pretensa comunhão de interesses entre o capital e o trabalho.Foram eles na Alemanha que desenvolveram a co-gestão e em França os da participação nos benefícios que tinha como objectivo central responsabilizar os trabalhadores no funcionamento harmonioso colaborando no aumento da criação de lucros, mas a estes apenas lhe cabiam migalhas, e hoje que é feito de tudo isso ?Já agora deixo-lhe aqui a informação que talvez não tenha ? Ou talvez não tenha querido divulgar. Os sindicatos espanhóis aceitaram um acordo nas fabricas de VW onde para alem de outras misérias, o despedimento de cerca de 800 trabalhadores. Mas durante alguns anos também falaram como o Sr. Chora.Mas o pior da informação foi a noticia vinda a publico e que diz o seguinte : «O Citibank reconheceu num tribunal de Madrid o pagamento de mais de 650.000 Euros aos sindicatos CCOO, UGT e FITC pelo “esforço que realizaram” durante as negociações de 4 acordos laborais, de acordo com a revista Interviu. (Abel Alvarez, revista Interviu).Disto não podem os nossos sindicatos de classe ser por si acusados ! E felizmente que para si a direcção apenas lhe mandou uma carta de agradecimentos, e de incitamento a continuar, não é Sr. Chora ?O que impressiona nos artigos do homem do Bloco é que é tudo contra os que não estão de acordo com ele, silencio sobre os lucros da Auto Europa, silencio ou deformação dos resultados para os trabalhadores.Estes perderam 8% do poder de compra com o anterior contrato.Com o actual contrato perdem as percentagens dos sábados e perdem poder de compra, porque o que afirma o Sr. Chora de aumentos de 3% são apenas 2,25% ao ano e como a inflação é sempre acima do que anuncia o governo, teremos uma inflação nos 3% conclusão nova perda no salário real.Normalmente o senhor procura sempre um bode expiatório aos crimes do capital, ou é a China ou são os sindicatos que lutam demais e não tem as excelentes relações de colaboração que o senhor tem com a direcção do capital alemão.Assumir como o senhor o faz, a competitividade como critério central, equivale exactamente a aceitar o axioma central do capitalismo : “que a economia está ao serviço do lucro e não dos seres humanos. É uma lógica em que se confundem os interesses da empresa e os dos “seus colaboradores” um curioso regresso ao sindicalismo vertical.O Sr. Chora tem de compreender que essas posições capitulatorias não tem futuro, com o fim da “co-gestão” na Alemanha, da “participação” em França e do estado Social Democrata, essa estrada reformista chegou ao fim, e que desde o seu inicio era um beco sem saída. Ironia amarga do desenvolvimento histórico contemporâneo, são os partidos sociais democratas da Inglaterra de Portugal e de outros países da Europa e do mundo agora instalados no poder, que não hesitaram em identificar-se sem reservas nem vergonha com a fase neo-liberal dos apologistas do capital.Estes colaboradores na exploração dos trabalhadores merecem sempre elogios do patronato e seus servidores, através dos Media dos quais são proprietários. Na passada terça-feira 20/11/06 na Sic Noticias, até Basílio Horta, importante figura do patronato e do CDS, prestou homenagem ao Sr. Chora e á sua acção na conclusão de tão sábio acordo.Num artigo sobre, o perigo fascista e o desemprego, Albert Einstein afirmava : «Não é sem dificuldades nem reticencias que o homem renuncia às suas liberdades e aos seus direitos. Mas basta que um povo se veja, em grande parte confrontado com uma situação insuportável para que se torne incapaz de um julgamento são, e se deixe abusar voluntariamente por falsos profetas. “Desemprego” é a palavra terrível que designa a situação, também o recear do desemprego é igualmente lancinante».É neste contexto que tanto em todo o pais como na Auto Europa se desenrola a luta de classes, e com ela, a luta ideológica. As forças ao serviço do capital servem-se da “angustia lancinante” de que falava Albert Einstein para acentarem a sua autoridade chantageando os trabalhadores e acenando-lhes constantemente com o espantalho real do desemprego.É então que aparecem os falsos profetas ! “Sou eu que com a minha colaboração com o patrão vos posso salvar do inferno do desemprego”.Os outros são o diabo que vos tenta, acenando-vos com a luta para melhores salários, acenando-vos que outra sociedade é possível, etc, etc…O papel de um homem que se diz de esquerda não pode ser um tal papel especialmente representando trabalhadores, o seu papel tem de ser o de esclarecedor, que dê combate ao conformismo, ao fatalismo, á descrença e ao colaboracionismo com a exploração, sempre visando um futuro livre de chantagens, de medos, de lacaios e da exploração.«Se o povo se limita unicamente a fazer reivindicações pontuais não conseguirá mais do que remendar o capitalismo, melhorá-lo, embelezá-lo e sobreviver o dia a dia, mas nunca acabará com o sistema, nem com a sua miserável condição» (Rosa Luxembourg).Toda a tese do Sr. Chora assenta num principio ultra reaccionario, que se pode definir de seguinte maneira : “acabe-se com os comunistas, acabe-se com os sindicatos e sindicalistas que baseiam a sua acção na luta de classes e na defesa intransigente dos interesses dos trabalhadores, e promova-se e acarinhe-se tal como o fez o Dr. Bernhard e os Media patronais, os sindicatos e comissões de trabalhadores, que façam como o Sr. Chora que colabora em primeiro lugar com os patrões da empresa dos quais recebe cartas de felicitações quando vos convence a aceitar sem procurar melhorar, aquilo que os patrões acham bom. Se assim fosse feito seria o paraíso na terra, nas empresas e no pais, e não haveria mais deslocalizações, nem desemprego e iríamos todos para o céu de mãos dadas com o Dr. Bernhard.O papel de um membro de uma qualquer CT é o de unir, debater, esclarecer, não pode ser o de um sectário que nos lembra o tempo dos provocadores . Partir do principio democrático que todos são trabalhadores explorados, os que votaram sim e os que votaram não.Não condeno, não posso condenar nem os que acham que se deveria lutar por um melhor acordo, nem os que disseram sim, tal como não condeno aqueles que deram a maioria absoluta ao PS, porque ao faze-lo esperavam que com esse voto estavam a votar contra a direita, por um futuro melhor para todos, mesmo se para mim isso era uma grave ilusão.Hoje, mais que nunca, é urgente a exigência de se declarar a que campo se pertence. Por mais que tentem não conseguirão esconder que as relações sociais continuam a ser determinadas pela luta, pelo conflito e não pela colaboração e suas obscuras manigâncias.Confiar na historia que nos ensina que quando se luta nem sempre se ganha, mas quando se abdica da luta perde-se sempre.Domingos Moura, antigo membro da Comissão de Trabalhadores da Setenave.

Na última edição do jornal "O Rio", foi publicado um artigo de Domingos Moura, que por falta de espaço foi abreviado pela redacção do órgão de comunicação social. Eu pedi por mail o artigo ao autor e este muito cordialmente autorizou-me a publicá-lo aqui no banheirense. Pelo que aqui fica.NA AUTO EUROPA ESTÃO EM CONFRONTO A LUTA CONSCIENTE E O EXEMPLO REFINADO DA MODERNA COLABORAÇÃO DE CLASSES.Duas questões me despertaram o interesse por este assunto. Por um lado, o facto de ter havido 36,5, isto é 864 trabalhadores que disseram não ao último acordo de Empresa o que se deduz que estavam dispostos a lutar por um melhor acordo.Por outro lado o simpatiquíssimo acolhimento que o mesmo obteve nos meios de informação que geralmente estão sempre contra os trabalhadores.Pensei logo no velho ditado : “quando o inimigo me elogia, pergunto-me que asneira cometi ?”Depois comecei a ler os diversos artigos da autoria do Sr. Chora em vários jornais e verifiquei, que o tom dos mesmos é anormal no seio dos trabalhadores.Depois, tive acesso a um comunicado da maioria da CT afecta ao Bloco de Esquerda, onde é divulgada uma carta recebida do Dr. Bernhard representante do grande capital alemão na Vw., com data de 24 de Outubro 2006, carta dirigida ao Sr. Chora. Não resisto a citar aqui algumas passagens da mesma : « fiquei bastante satisfeito com a noticia da passada quinta-feira, acerca do acordo a que chegaram a Administração e a Comissão de Trabalhadores da Auto Europa e o qual permite a redução dos custos de flexibilidade da Fabrica». «Hoje, felicito-o a si e a todos os colaboradores da Auto Europa, comprovaram mais uma vez que estão preparados para lutar pelo seu futuro, fazendo inclusive algumas concessões ». «Apenas posso encoraja-lo a si e a todos os colaboradores da Auto Europa para continuarem pelo caminho iniciado e agradecer-lhes pelo empenho no lançamento do EOS» (os sublinhados são meus).Não há duvida, as relações são as melhores entre o colaborador principal Sr. Chora e o representante do grande capital alemão, que o incita a continuar pelo caminho iniciado leia-se, as cedencias e a colaboração sobre a melhor maneira de aumentar os lucros para os patrões alemães, sem levantar muitas ondas. Estas palavras entre eles contrastam imenso com as que o Sr. Chora dirige aos trabalhadores que votaram não.Dei-me ao trabalho de analisar os artigos do Sr. Chora, e não me foi difícil compreender uma coisa ; para o Sr. Chora os inimigos principais são : os trabalhadores que disseram não ao acordo, os sindicatos e o PCP.Falta-nos agora saber, quem são os inimigos principais para o Sr. Dr. Bernhard ? A resposta é obvia e todos os trabalhadores da Auto Europa conhecem a resposta. Depois no seu ultimo artigo publicado no jornal o Rio, o Sr. Chora depois de agredir os 36,5 seja 864 trabalhadores que votaram não, ao actual acordo por o considerarem de cedência, e cujas opiniões eram e são de que se deveria lutar para melhorar o dito acordo. Em vez de compreensão e debate sério o Sr. Chora confundindo, o seu lugar no Bloco com o da CT, mostrou o seu tipo de democracia, desanca aqueles que não estão de acordo com aquilo que agrada e é elogiado pelos Media do capital e pelo Patrão da Auto Europa, esqueceu-se que outras lutas virão e que todos os trabalhadores são necessários para de mãos dadas unidos como os dedos da mão as poderem vencer. Ele afirma que os que não estão de acordo com a proposta que interessa ao patrão pretendem impor a vontade da minoria sobre a maioria afirmando : «ou seja utilizar as minorias para pressionar as maiorias esta é uma técnica conhecida».Nesta sua tirada sobre minorias condena todos aqueles que através da historia lutaram pelos seus ideiais de liberdade, igualdade e fraternidade, quase sempre em minoria, e refiro-me especialmente aqueles que antes do 25 de Abril lutaram e sofreram as consequências dessa heróica luta até ao dia da nossa libertaçãoO Sr. Chora precisa de aprender a historia da luta dos povos, luta que já vem de muito longe.Lembro-lhe que no Tarrafal estiveram apenas uma minoria, minoria que deve orgulhar qualquer democrata.Spartakus ao ser derrotado em combate, e não em cedências ou compromissos com o inimigo gritou : “voltarei e serei milhões”.Neste seu artigo o homem da Auto Europa assume o papel odioso de culpabilizar os trabalhadores e seus dirigentes sindicais e comissões de trabalhadores de serem os culpados dos despedimentos, e das deslocalizações desculpabilizando assim os patrões e seus governos, que se preocupam apenas com a procura do máximo lucro acima do ser humano, afirmando : «mas também evitamos embarcar em politicas que já foram testadas no pais e principalmente no Distrito, com os resultados desastrosos para milhares de trabalhadores». «Numa época em que deslocaliszar é a palavra chave neste pais, e até neste Distrito, garantir os seus empregos, garantir o seu futuro por muitos mais anos, e souberam dar no momento certo, o passo necessário para isso, é verdade que outros deram passos iguais sem resultados, mas digo eu deram-nos tarde demais». «Alguns tem a pratica e a politica de fazerem os possíveis para que tudo corra mal, para provarem que tem razão».Considero esta linguagem, indigna de um membro de uma comissão de trabalhadores .Este senhor ofende todos aqueles e são centenas de milhar que foram despedidos e “suas” empresas fechadas. Diz ele : “para provarem que tem razão”, mas que razão ? Razão de quê e para Quê ?Num passado recente que não esquecemos havia nas empresas linguagens muito similares e provocatórias, eles tentavam fazer crer que os comunistas e outros democratas que lutavam eram gente ao serviço de interesses estrangeiros e que se serviam dos trabalhadores.Também aqui o Sr. Chora inverte os papeis ou desconhece a historia. Lembrar-lhe-ei simplesmente caso a sua posição fosse de boa vontade o que duvido, que quem tem sido cúmplice e responsável das actuais politicas de desastre tanto em Portugal como nos outros países da Europa foram e são aqueles que colaboraram e colaboram na ilusão de uma pretensa comunhão de interesses entre o capital e o trabalho.Foram eles na Alemanha que desenvolveram a co-gestão e em França os da participação nos benefícios que tinha como objectivo central responsabilizar os trabalhadores no funcionamento harmonioso colaborando no aumento da criação de lucros, mas a estes apenas lhe cabiam migalhas, e hoje que é feito de tudo isso ?Já agora deixo-lhe aqui a informação que talvez não tenha ? Ou talvez não tenha querido divulgar. Os sindicatos espanhóis aceitaram um acordo nas fabricas de VW onde para alem de outras misérias, o despedimento de cerca de 800 trabalhadores. Mas durante alguns anos também falaram como o Sr. Chora.Mas o pior da informação foi a noticia vinda a publico e que diz o seguinte : «O Citibank reconheceu num tribunal de Madrid o pagamento de mais de 650.000 Euros aos sindicatos CCOO, UGT e FITC pelo “esforço que realizaram” durante as negociações de 4 acordos laborais, de acordo com a revista Interviu. (Abel Alvarez, revista Interviu).Disto não podem os nossos sindicatos de classe ser por si acusados ! E felizmente que para si a direcção apenas lhe mandou uma carta de agradecimentos, e de incitamento a continuar, não é Sr. Chora ?O que impressiona nos artigos do homem do Bloco é que é tudo contra os que não estão de acordo com ele, silencio sobre os lucros da Auto Europa, silencio ou deformação dos resultados para os trabalhadores.Estes perderam 8% do poder de compra com o anterior contrato.Com o actual contrato perdem as percentagens dos sábados e perdem poder de compra, porque o que afirma o Sr. Chora de aumentos de 3% são apenas 2,25% ao ano e como a inflação é sempre acima do que anuncia o governo, teremos uma inflação nos 3% conclusão nova perda no salário real.Normalmente o senhor procura sempre um bode expiatório aos crimes do capital, ou é a China ou são os sindicatos que lutam demais e não tem as excelentes relações de colaboração que o senhor tem com a direcção do capital alemão.Assumir como o senhor o faz, a competitividade como critério central, equivale exactamente a aceitar o axioma central do capitalismo : “que a economia está ao serviço do lucro e não dos seres humanos. É uma lógica em que se confundem os interesses da empresa e os dos “seus colaboradores” um curioso regresso ao sindicalismo vertical.O Sr. Chora tem de compreender que essas posições capitulatorias não tem futuro, com o fim da “co-gestão” na Alemanha, da “participação” em França e do estado Social Democrata, essa estrada reformista chegou ao fim, e que desde o seu inicio era um beco sem saída. Ironia amarga do desenvolvimento histórico contemporâneo, são os partidos sociais democratas da Inglaterra de Portugal e de outros países da Europa e do mundo agora instalados no poder, que não hesitaram em identificar-se sem reservas nem vergonha com a fase neo-liberal dos apologistas do capital.Estes colaboradores na exploração dos trabalhadores merecem sempre elogios do patronato e seus servidores, através dos Media dos quais são proprietários. Na passada terça-feira 20/11/06 na Sic Noticias, até Basílio Horta, importante figura do patronato e do CDS, prestou homenagem ao Sr. Chora e á sua acção na conclusão de tão sábio acordo.Num artigo sobre, o perigo fascista e o desemprego, Albert Einstein afirmava : «Não é sem dificuldades nem reticencias que o homem renuncia às suas liberdades e aos seus direitos. Mas basta que um povo se veja, em grande parte confrontado com uma situação insuportável para que se torne incapaz de um julgamento são, e se deixe abusar voluntariamente por falsos profetas. “Desemprego” é a palavra terrível que designa a situação, também o recear do desemprego é igualmente lancinante».É neste contexto que tanto em todo o pais como na Auto Europa se desenrola a luta de classes, e com ela, a luta ideológica. As forças ao serviço do capital servem-se da “angustia lancinante” de que falava Albert Einstein para acentarem a sua autoridade chantageando os trabalhadores e acenando-lhes constantemente com o espantalho real do desemprego.É então que aparecem os falsos profetas ! “Sou eu que com a minha colaboração com o patrão vos posso salvar do inferno do desemprego”.Os outros são o diabo que vos tenta, acenando-vos com a luta para melhores salários, acenando-vos que outra sociedade é possível, etc, etc…O papel de um homem que se diz de esquerda não pode ser um tal papel especialmente representando trabalhadores, o seu papel tem de ser o de esclarecedor, que dê combate ao conformismo, ao fatalismo, á descrença e ao colaboracionismo com a exploração, sempre visando um futuro livre de chantagens, de medos, de lacaios e da exploração.«Se o povo se limita unicamente a fazer reivindicações pontuais não conseguirá mais do que remendar o capitalismo, melhorá-lo, embelezá-lo e sobreviver o dia a dia, mas nunca acabará com o sistema, nem com a sua miserável condição» (Rosa Luxembourg).Toda a tese do Sr. Chora assenta num principio ultra reaccionario, que se pode definir de seguinte maneira : “acabe-se com os comunistas, acabe-se com os sindicatos e sindicalistas que baseiam a sua acção na luta de classes e na defesa intransigente dos interesses dos trabalhadores, e promova-se e acarinhe-se tal como o fez o Dr. Bernhard e os Media patronais, os sindicatos e comissões de trabalhadores, que façam como o Sr. Chora que colabora em primeiro lugar com os patrões da empresa dos quais recebe cartas de felicitações quando vos convence a aceitar sem procurar melhorar, aquilo que os patrões acham bom. Se assim fosse feito seria o paraíso na terra, nas empresas e no pais, e não haveria mais deslocalizações, nem desemprego e iríamos todos para o céu de mãos dadas com o Dr. Bernhard.O papel de um membro de uma qualquer CT é o de unir, debater, esclarecer, não pode ser o de um sectário que nos lembra o tempo dos provocadores . Partir do principio democrático que todos são trabalhadores explorados, os que votaram sim e os que votaram não.Não condeno, não posso condenar nem os que acham que se deveria lutar por um melhor acordo, nem os que disseram sim, tal como não condeno aqueles que deram a maioria absoluta ao PS, porque ao faze-lo esperavam que com esse voto estavam a votar contra a direita, por um futuro melhor para todos, mesmo se para mim isso era uma grave ilusão.Hoje, mais que nunca, é urgente a exigência de se declarar a que campo se pertence. Por mais que tentem não conseguirão esconder que as relações sociais continuam a ser determinadas pela luta, pelo conflito e não pela colaboração e suas obscuras manigâncias.Confiar na historia que nos ensina que quando se luta nem sempre se ganha, mas quando se abdica da luta perde-se sempre.Domingos Moura, antigo membro da Comissão de Trabalhadores da Setenave.

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