Bissapa: Poiiiissss, agora dói

01-10-2009
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O voto é secreto", foi como José Carlos Pereira respondeu ao Expresso sobre se tinha votado a favor ou contra o pré-acordo celebrado pela Comissão de Trabalhadores (CT) com a administração da Autoeuropa. Membro do Comité Central do PCP e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul, largamente maioritário na empresa, é o líder da tendência comunista da CT.Nos dois plenários realizados na segunda-feira, dia 15, para esclarecer os mais de três mil empregados da empresa, foi António Chora, o coordenador da CT e militante do BE, quem expôs e defendeu os termos do pré-acordo. Já o dirigente comunista José Carlos Pereira, falando em nome dos três membros da sua tendência na CT, optou pela ambiguidade: o pré-acordo, não sendo mau, não deixaria de constituir uma perda de direitos adquiridos e uma abertura para coisas piores e mais sábados no futuro...Mais clara foi a intervenção de um dirigente da Fiequimetal (a mais importante federação da CGTP), Joaquim Escoval; este sindicalista, que também é autarca da CDU na Moita, manifestou sérias reticências ao pré-acordo, especialmente porque representaria a criação do chamado "banco de horas" - uma solução contemplada no actual Código do Trabalho, mas sempre rejeitada pela CGTP. Chora, que anunciou que iria votar a favor, acentuou que a fábrica de Palmela era a única unidade da Volkswagem em todo o mundo que não possuía um banco de horas. UGT a favor, CGTP contraNo final dos dois plenários - um por cada turno e que encheram por completo o refeitório da empresa -, Licínio Barros, o único membro da CT que pertence a um sindicato da UGT, começou a "ter algumas dúvidas" que o resultado do referendo fosse favorável. Está certo, porém, que "a esmagadora maioria dos sócios do meu sindicato, o Sindel, votou a favor". O acordo referendado previa a redução do pagamento do trabalho extraordinário em seis sábados por ano. A votação decorreu na quarta-feira e por uma diferença de 129 votos os trabalhadores da Autoeuropa rejeitaram o pré-acordo: 1381 votos contra e 1252 a favor, numa massa de votantes de quase 90 por cento.Este resultado "era expectável", afirma o sindicalista comunista José Carlos Pereira. "Há um grande descontentamento na empresa com toda a pressão e chantagem feita sobre os trabalhadores, que têm feito grandes cedências e estão fartos de ver os seus direitos afrontados". Este dirigente dos Metalúrgicos admite que "muitos dos associados do meu sindicato votaram contra". Lay-off e dispensa de 150 contratados a prazoA este sindicato pertence António Chora, que já foi deputado do BE e que, à frente da CT, comunicou no dia 18, à administração, os resultados da votação. À falta de acordo, a empresa limitou-se a informar que divulgará na próxima semana as medidas que irá tomar unilateralmente, tendentes a reduzir os custos de fabrico. Antes das negociações, recorda Chora, o que estava na agenda da empresa era o recurso ao lay-off, a fixação dos turnos (com a perda do respectivo subsídio) e a dispensa de 250 contratados a prazo. Licínio Barros, da UGT, lamenta o sucedido e refere que "a redução do trabalho extraordinário ao sábado significava, na pior das hipóteses, uma perda de € 170 por ano por trabalhador. Se vier a ser aplicado o lay-off, aquela perda será de € 250 por mês!"Não é a primeira vez que um acordo laboral na Autoeuropa é chumbado em referendo. Foi o que sucedeu em 2005, com o acordo a ser renegociado e, submetido a nova votação, aprovado. A repetição deste cenário é posta de parte por António Chora. "Neste acordo não há nada para renegociar e os trabalhadores têm de assumir as suas responsabilidades". Chora afasta igualmente a possibilidade de uma demissão da CT, perante o voto contrário da maioria dos efectivos da fábrica. "Não se justifica, até porque haverá eleições para a CT em Março. Uma demissão seria deixar os trabalhadores ao deus-dará".In ExpressoParece que alguém não percebeu que não poderia haver terceira votação. Alguém convenceu os trabalhadores que as paredes se afastam quando vamos contra elas. Alguém se esqueceu de comunicar que a proposta da empresa era um pacote fechado. Alguém se esqueceu que podemos sempre escolher mas que as escolhas têm consequências

O voto é secreto", foi como José Carlos Pereira respondeu ao Expresso sobre se tinha votado a favor ou contra o pré-acordo celebrado pela Comissão de Trabalhadores (CT) com a administração da Autoeuropa. Membro do Comité Central do PCP e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul, largamente maioritário na empresa, é o líder da tendência comunista da CT.Nos dois plenários realizados na segunda-feira, dia 15, para esclarecer os mais de três mil empregados da empresa, foi António Chora, o coordenador da CT e militante do BE, quem expôs e defendeu os termos do pré-acordo. Já o dirigente comunista José Carlos Pereira, falando em nome dos três membros da sua tendência na CT, optou pela ambiguidade: o pré-acordo, não sendo mau, não deixaria de constituir uma perda de direitos adquiridos e uma abertura para coisas piores e mais sábados no futuro...Mais clara foi a intervenção de um dirigente da Fiequimetal (a mais importante federação da CGTP), Joaquim Escoval; este sindicalista, que também é autarca da CDU na Moita, manifestou sérias reticências ao pré-acordo, especialmente porque representaria a criação do chamado "banco de horas" - uma solução contemplada no actual Código do Trabalho, mas sempre rejeitada pela CGTP. Chora, que anunciou que iria votar a favor, acentuou que a fábrica de Palmela era a única unidade da Volkswagem em todo o mundo que não possuía um banco de horas. UGT a favor, CGTP contraNo final dos dois plenários - um por cada turno e que encheram por completo o refeitório da empresa -, Licínio Barros, o único membro da CT que pertence a um sindicato da UGT, começou a "ter algumas dúvidas" que o resultado do referendo fosse favorável. Está certo, porém, que "a esmagadora maioria dos sócios do meu sindicato, o Sindel, votou a favor". O acordo referendado previa a redução do pagamento do trabalho extraordinário em seis sábados por ano. A votação decorreu na quarta-feira e por uma diferença de 129 votos os trabalhadores da Autoeuropa rejeitaram o pré-acordo: 1381 votos contra e 1252 a favor, numa massa de votantes de quase 90 por cento.Este resultado "era expectável", afirma o sindicalista comunista José Carlos Pereira. "Há um grande descontentamento na empresa com toda a pressão e chantagem feita sobre os trabalhadores, que têm feito grandes cedências e estão fartos de ver os seus direitos afrontados". Este dirigente dos Metalúrgicos admite que "muitos dos associados do meu sindicato votaram contra". Lay-off e dispensa de 150 contratados a prazoA este sindicato pertence António Chora, que já foi deputado do BE e que, à frente da CT, comunicou no dia 18, à administração, os resultados da votação. À falta de acordo, a empresa limitou-se a informar que divulgará na próxima semana as medidas que irá tomar unilateralmente, tendentes a reduzir os custos de fabrico. Antes das negociações, recorda Chora, o que estava na agenda da empresa era o recurso ao lay-off, a fixação dos turnos (com a perda do respectivo subsídio) e a dispensa de 250 contratados a prazo. Licínio Barros, da UGT, lamenta o sucedido e refere que "a redução do trabalho extraordinário ao sábado significava, na pior das hipóteses, uma perda de € 170 por ano por trabalhador. Se vier a ser aplicado o lay-off, aquela perda será de € 250 por mês!"Não é a primeira vez que um acordo laboral na Autoeuropa é chumbado em referendo. Foi o que sucedeu em 2005, com o acordo a ser renegociado e, submetido a nova votação, aprovado. A repetição deste cenário é posta de parte por António Chora. "Neste acordo não há nada para renegociar e os trabalhadores têm de assumir as suas responsabilidades". Chora afasta igualmente a possibilidade de uma demissão da CT, perante o voto contrário da maioria dos efectivos da fábrica. "Não se justifica, até porque haverá eleições para a CT em Março. Uma demissão seria deixar os trabalhadores ao deus-dará".In ExpressoParece que alguém não percebeu que não poderia haver terceira votação. Alguém convenceu os trabalhadores que as paredes se afastam quando vamos contra elas. Alguém se esqueceu de comunicar que a proposta da empresa era um pacote fechado. Alguém se esqueceu que podemos sempre escolher mas que as escolhas têm consequências

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