Miragatos: objectos de culto: POSTAL DE TERRA NA TERRA

08-10-2009
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Aqui está escuro. O meu fuso é sempre o da noite e canso os olhos na tentativa do sonho às cores.Não vejo mais que um fundo negro e nesse fundo: outro fundo. E lá dentro: eu.Desapareci no teu inesgotável interior, imaginando um ninho, uma gruta aquecida - célula da vida.Deite os gritos todos. Os dedos atravessaram correntes frias, camadas de ozono, atmosferas dolorosas e ficaram parados nas estradas do teu corpo, onde se abriam as flores crescidas para mim. Eras o meu jardim sem canteiros e sem espinhos. Um jardim de jasmins, selvagem e húmido e com tanques repletos de peixes pontuais, de lagos transparentes. Sentava-me nesse chão de musgo, os teus ramos atavam-me as asas, leves, as tuas raízes voavam ao encontro das minhas e éramos um postal de terra na terra.Hoje há uma fita preta na paisagem.E, no meu fuso, acumulam-se interrogações patéticas e tristes.Estou no escuro.Sou para ser assim.


Aqui está escuro. O meu fuso é sempre o da noite e canso os olhos na tentativa do sonho às cores.Não vejo mais que um fundo negro e nesse fundo: outro fundo. E lá dentro: eu.Desapareci no teu inesgotável interior, imaginando um ninho, uma gruta aquecida - célula da vida.Deite os gritos todos. Os dedos atravessaram correntes frias, camadas de ozono, atmosferas dolorosas e ficaram parados nas estradas do teu corpo, onde se abriam as flores crescidas para mim. Eras o meu jardim sem canteiros e sem espinhos. Um jardim de jasmins, selvagem e húmido e com tanques repletos de peixes pontuais, de lagos transparentes. Sentava-me nesse chão de musgo, os teus ramos atavam-me as asas, leves, as tuas raízes voavam ao encontro das minhas e éramos um postal de terra na terra.Hoje há uma fita preta na paisagem.E, no meu fuso, acumulam-se interrogações patéticas e tristes.Estou no escuro.Sou para ser assim.

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