Gravura representando o regicídio, por Rocha Martins. Nesta visão do acontecimento, o «landau» dá entrada na Rua do Arsenal, já com D. Carlos e D. Luiz Felipe tombados, enquanto Alfredo Costa (à direita, em primeiro plano) e Manuel Buiça (à esquerda, ao fundo, sofrendo uma espadeirada) são abatidos pelas autoridades.O Regicídio foi a resposta da raiva e do desespero de alguns patriotas, a uma conjuntura de ditadura, chefiada por João Franco, que fora aprovada, apoiada e sustentada pelo próprio D. Carlos e que se tinha agravado pela assinatura régia, no dia 31 de Janeiro de 1908, em Vila Viçosa, de um decreto que previa a deportação para Timor dos inimigos do regime.D. Carlos era, desde há muito, um rei que regia por procuração, à distância, gastando o que tinha e o que não tinha, em extravagâncias, em viagens ao estrangeiro para visitar as suas amantes ou apenas para gozar os prazeres de semi-mundanas, como elegantemente a rainha D. Amélia as evoca nas suas memórias, e para se afastar desta "piolheira".O povo desde há muito que detestava a monarquia, culpando-a por todos os males, e até nas hostes ao monárquicas a aversão crescia.Por outro lado o “desastre” da intentona republicana do 28 de Fevereiro, com a prisão ou fuga da maioria dos seus líderes punha em causa, a concretização num horizonte próximo dos ideais republicanos. Com a agravante que a deportação podia significar a morte para muitos desses republicanos.Face à derrota e à falta de um horizonte de esperança, o desespero calou mais alto e a decisão foi tomada numa vertigem.Mata-se o Rei.Para mim, que toda a vida tem um valor inestimável e é insubstituível e que condeno o "atentado" como instrumento político, não posso deixar de condenar Alfredo Costa e Manuel Buíça, pelo regicídio.Mas também não posso deixar de lhes reconhecer o seu patriotismo, a sua abnegação, a sua coragem sem limites, ao sacrificarem tudo, até a vida, por um bem maior, bem esse que Manuel Buíça deixou bem claro no seu testamento:Igualdade, Liberdade e Fraternidade.Como se viu o regicídio não fez cair a monarquia, mas abalou-a ainda mais, até cair de “podre” no 5 de Outubro de 1910.A “Homenagem a D. Carlos” é no fundamental uma campanha política de propaganda a favor da restauração da Monarquia.O Ministro da Defesa, fez a leitura correcta da situação e o Exército da República não irá estar presente.O Presidente da República está anunciado na inauguração da estátua de D. Carlos em Cascais. Se tal se confirmar, logo comentarei.Para mim a Monarquia, está há muito guardada no baú da história. Não concebo a preferência serôdia de ter um Rei pela sua vida toda.Por exemplo. Não gosto, nem nunca gostei do Cavaco Silva, mas só tenho que o aturar por 5 anos. E se para meu desgosto voltar a ser eleito serão mais 5 anos. … mas depois acabou.Por isso, apesar de para mim, ainda não estar totalmente cumprida a República, tenho que dizer:Viva a República.
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Gravura representando o regicídio, por Rocha Martins. Nesta visão do acontecimento, o «landau» dá entrada na Rua do Arsenal, já com D. Carlos e D. Luiz Felipe tombados, enquanto Alfredo Costa (à direita, em primeiro plano) e Manuel Buiça (à esquerda, ao fundo, sofrendo uma espadeirada) são abatidos pelas autoridades.O Regicídio foi a resposta da raiva e do desespero de alguns patriotas, a uma conjuntura de ditadura, chefiada por João Franco, que fora aprovada, apoiada e sustentada pelo próprio D. Carlos e que se tinha agravado pela assinatura régia, no dia 31 de Janeiro de 1908, em Vila Viçosa, de um decreto que previa a deportação para Timor dos inimigos do regime.D. Carlos era, desde há muito, um rei que regia por procuração, à distância, gastando o que tinha e o que não tinha, em extravagâncias, em viagens ao estrangeiro para visitar as suas amantes ou apenas para gozar os prazeres de semi-mundanas, como elegantemente a rainha D. Amélia as evoca nas suas memórias, e para se afastar desta "piolheira".O povo desde há muito que detestava a monarquia, culpando-a por todos os males, e até nas hostes ao monárquicas a aversão crescia.Por outro lado o “desastre” da intentona republicana do 28 de Fevereiro, com a prisão ou fuga da maioria dos seus líderes punha em causa, a concretização num horizonte próximo dos ideais republicanos. Com a agravante que a deportação podia significar a morte para muitos desses republicanos.Face à derrota e à falta de um horizonte de esperança, o desespero calou mais alto e a decisão foi tomada numa vertigem.Mata-se o Rei.Para mim, que toda a vida tem um valor inestimável e é insubstituível e que condeno o "atentado" como instrumento político, não posso deixar de condenar Alfredo Costa e Manuel Buíça, pelo regicídio.Mas também não posso deixar de lhes reconhecer o seu patriotismo, a sua abnegação, a sua coragem sem limites, ao sacrificarem tudo, até a vida, por um bem maior, bem esse que Manuel Buíça deixou bem claro no seu testamento:Igualdade, Liberdade e Fraternidade.Como se viu o regicídio não fez cair a monarquia, mas abalou-a ainda mais, até cair de “podre” no 5 de Outubro de 1910.A “Homenagem a D. Carlos” é no fundamental uma campanha política de propaganda a favor da restauração da Monarquia.O Ministro da Defesa, fez a leitura correcta da situação e o Exército da República não irá estar presente.O Presidente da República está anunciado na inauguração da estátua de D. Carlos em Cascais. Se tal se confirmar, logo comentarei.Para mim a Monarquia, está há muito guardada no baú da história. Não concebo a preferência serôdia de ter um Rei pela sua vida toda.Por exemplo. Não gosto, nem nunca gostei do Cavaco Silva, mas só tenho que o aturar por 5 anos. E se para meu desgosto voltar a ser eleito serão mais 5 anos. … mas depois acabou.Por isso, apesar de para mim, ainda não estar totalmente cumprida a República, tenho que dizer:Viva a República.