Hoje deu-me para perder mais algum tempo antes de dormir. Não é que não o perca com alguma regularidade neste momento do dia, mas hoje, não sei porquê, sinto que não consigo dormir sem dizer ao mundo aquilo que vai cá dentro. Acho que a principal razão desta minha atitude é para que eu próprio acredite naquilo que eu quero que vá cá dentro, mesmo não indo. E eu sei que não vai.No fôlego de uma mudança de parágrafo, olho à minha volta e encontro as paredes que me fecham num quarto. Olho à minha volta e sinto-o vazio. Há pouco não estava, agora está. Apenas eu aqui continuo, à espera de encontrar uma deixa para começar a convencer-me de certas coisas.O que tens Manel? Não sei. O Verão sempre me deixou assim. Acho que é por não ter nada que fazer nem nada para ocupar o tempo e a cabeça. Por isso fico assim, sentado ou deitado num quarto vazio, depois de um dia de praia, a tentar esquecer aquilo que na verdade eu não quero esquecer.Amanhã vai ser diferente, digo-o eu, a mim próprio, todos os dias, na tentativa de acreditar nisso. Às vezes acredito e adormeço, outras recuso-me a ceder e fico a batalhar com pensamentos a noite toda. Nessa altura traço planos e falo comigo na segunda pessoa. Tu não podes ser assim! Tu não vais passar a vida toda a chorar por isso, a desejar isso! O que te falta para viveres a tua vida? Tenho resposta para essa pergunta e quase sempre acabo por soltá-la , e apenas as paredes do quarto vazio a ouvem.No outro dia, quando acordo ou simplesmente me levanto, procuro qualquer coisa diferente. Abro a janela e o sol ou as nuvens continuam iguais, o bolo de chocolate feito na noite anterior continua em cima da bancada da cozinha, sem que ninguém, senão eu, lhe tenha roubado um pedaço, as pessoas são as mesmas, assim como os seus sorrisos, as suas conversas e as suas preocupações pelo próximo. Até eu continuo igual, com os mesmos pensamentos, com as mesmas vontades, com os sonhos tremidos e os desejos mais utópicos. De nada me valeu um sono perdido à caça de soluções.Hoje vai ser uma noite dessas, daquelas em que dou voltas na cama, cerro os olhos com força, ligo o rádio, desligo-o, volto a dar voltas na cama e acabo sem adormecer. Mas hoje, como estou de férias e nada tenho para fazer amanhã, prometo bater-me valentemente com as preocupações e angústias perdidas.Vou ficar aqui a escrever até me cansar, até que me calem, até que o sono chegue e eu possa finalmente adormecer sem ter de repensar a minha vida toda antes de o fazer. Cheguei à conclusão de que de nada adianta sonhar se , na verdade, apenas temos sonhos que não passarão disso mesmo: sonhos. E os meus, seguramente que são desses.Gostava de poder mudar algumas coisas na minha vida. Mudava de carro, tirava um cursinho para aprender a jogar futebol decentemente (sem que pareça uma bailarina tonta de cabaré), fazia uma plástica e metia um queixo, lipo à barriga, e depois cá dentro mudava tudo: Queria deixar de ser tão carente, tão mimado, tão certinho, tão preocupado com aqueles que não merecem, queria deixar também de sofrer por causas impossíveis, deixar de ser infantil, angustiado, triste, e queria acima de tudo ser mais corajoso para perseguir os meus sonhos (sim, aqueles que eu digo que são impossíveis)...Ai, estou a ficar cansado e a merda do relógio não pára. É tarde e eu não vou desistir.Podia prometer aqui a mim mesmo e a todos os que leem estas porcarias que para aqui meto que a partir de hoje, vou dar por encerrados certos assuntos da minha vida: Vou deixar de me preocupar com isto, com isto e com isto! CHEGA!! Tenho mesmo de esquecer porque qualquer dia vou dar em maluco (ainda mais do que aquilo que habitualmente já pareço). Será que vou conseguir? Eu prometi! Mas não seria a primeira vez que eu quebraria uma promessa.Anda, anda cá. Anda cá obsessão malvada que tens dado cabo de mim! Vou bater-te tanto até a minha mão ficar a doer, assim como tu, sua malvada, me tens feito doer a alma, a vida e o futuro.Não te escondas dentro de mim pois eu estou determinado a encontrar-te e a destruir-te! És tu ou eu! E eu quero que sejas tu!Passaram mais de trinta minutos e eu continuo aqui, destemidamente convencido de que levarei a melhor. Pelo menos tomei algumas decisões e já prometi algumas coisas. Decisões rídiculas e promessas seguramente difíceis de cumprir. E que mais posso eu fazer agora? Dormir?Hummm... Não! É muito cedo ainda.Post publicado no dia 27 de Julho de 2006
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Hoje deu-me para perder mais algum tempo antes de dormir. Não é que não o perca com alguma regularidade neste momento do dia, mas hoje, não sei porquê, sinto que não consigo dormir sem dizer ao mundo aquilo que vai cá dentro. Acho que a principal razão desta minha atitude é para que eu próprio acredite naquilo que eu quero que vá cá dentro, mesmo não indo. E eu sei que não vai.No fôlego de uma mudança de parágrafo, olho à minha volta e encontro as paredes que me fecham num quarto. Olho à minha volta e sinto-o vazio. Há pouco não estava, agora está. Apenas eu aqui continuo, à espera de encontrar uma deixa para começar a convencer-me de certas coisas.O que tens Manel? Não sei. O Verão sempre me deixou assim. Acho que é por não ter nada que fazer nem nada para ocupar o tempo e a cabeça. Por isso fico assim, sentado ou deitado num quarto vazio, depois de um dia de praia, a tentar esquecer aquilo que na verdade eu não quero esquecer.Amanhã vai ser diferente, digo-o eu, a mim próprio, todos os dias, na tentativa de acreditar nisso. Às vezes acredito e adormeço, outras recuso-me a ceder e fico a batalhar com pensamentos a noite toda. Nessa altura traço planos e falo comigo na segunda pessoa. Tu não podes ser assim! Tu não vais passar a vida toda a chorar por isso, a desejar isso! O que te falta para viveres a tua vida? Tenho resposta para essa pergunta e quase sempre acabo por soltá-la , e apenas as paredes do quarto vazio a ouvem.No outro dia, quando acordo ou simplesmente me levanto, procuro qualquer coisa diferente. Abro a janela e o sol ou as nuvens continuam iguais, o bolo de chocolate feito na noite anterior continua em cima da bancada da cozinha, sem que ninguém, senão eu, lhe tenha roubado um pedaço, as pessoas são as mesmas, assim como os seus sorrisos, as suas conversas e as suas preocupações pelo próximo. Até eu continuo igual, com os mesmos pensamentos, com as mesmas vontades, com os sonhos tremidos e os desejos mais utópicos. De nada me valeu um sono perdido à caça de soluções.Hoje vai ser uma noite dessas, daquelas em que dou voltas na cama, cerro os olhos com força, ligo o rádio, desligo-o, volto a dar voltas na cama e acabo sem adormecer. Mas hoje, como estou de férias e nada tenho para fazer amanhã, prometo bater-me valentemente com as preocupações e angústias perdidas.Vou ficar aqui a escrever até me cansar, até que me calem, até que o sono chegue e eu possa finalmente adormecer sem ter de repensar a minha vida toda antes de o fazer. Cheguei à conclusão de que de nada adianta sonhar se , na verdade, apenas temos sonhos que não passarão disso mesmo: sonhos. E os meus, seguramente que são desses.Gostava de poder mudar algumas coisas na minha vida. Mudava de carro, tirava um cursinho para aprender a jogar futebol decentemente (sem que pareça uma bailarina tonta de cabaré), fazia uma plástica e metia um queixo, lipo à barriga, e depois cá dentro mudava tudo: Queria deixar de ser tão carente, tão mimado, tão certinho, tão preocupado com aqueles que não merecem, queria deixar também de sofrer por causas impossíveis, deixar de ser infantil, angustiado, triste, e queria acima de tudo ser mais corajoso para perseguir os meus sonhos (sim, aqueles que eu digo que são impossíveis)...Ai, estou a ficar cansado e a merda do relógio não pára. É tarde e eu não vou desistir.Podia prometer aqui a mim mesmo e a todos os que leem estas porcarias que para aqui meto que a partir de hoje, vou dar por encerrados certos assuntos da minha vida: Vou deixar de me preocupar com isto, com isto e com isto! CHEGA!! Tenho mesmo de esquecer porque qualquer dia vou dar em maluco (ainda mais do que aquilo que habitualmente já pareço). Será que vou conseguir? Eu prometi! Mas não seria a primeira vez que eu quebraria uma promessa.Anda, anda cá. Anda cá obsessão malvada que tens dado cabo de mim! Vou bater-te tanto até a minha mão ficar a doer, assim como tu, sua malvada, me tens feito doer a alma, a vida e o futuro.Não te escondas dentro de mim pois eu estou determinado a encontrar-te e a destruir-te! És tu ou eu! E eu quero que sejas tu!Passaram mais de trinta minutos e eu continuo aqui, destemidamente convencido de que levarei a melhor. Pelo menos tomei algumas decisões e já prometi algumas coisas. Decisões rídiculas e promessas seguramente difíceis de cumprir. E que mais posso eu fazer agora? Dormir?Hummm... Não! É muito cedo ainda.Post publicado no dia 27 de Julho de 2006