O blog do Manelito Caracol: Teatros e Promessas

29-09-2009
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  Artigo de opinião por mim escrito que será brevemente publicado no Jornal Mais Região. Teatros e Promessas A última vez que me sentei naquele teatro pairava no ar alguma esperança. Falava-se que o teatro estaria a ser recuperado, que daqui a algum tempo o teatro de Cabeção voltaria a funcionar, que havia um projecto aprovado e financiado, que brevemente as gentes de Cabeção e das terras vizinhas poderiam contar com um novo espaço cultural, artístico e preclaro. Mas nada. Promessas. Promessas não cumpridas, como vem sendo hábito por aquelas bandas. A culpa, ao que parece, morre novamente solteira. Não aponto o dedo a ninguém porque não conheço o verdadeiro responsável (ou talvez conheça), mas a carapuça vai ter de servir a alguém. Alguém deve ser responsabilizado pelo não cumprimento de promessas que serviram de base a mentiras e desilusões. “O edifício do antigo teatro da vila de Cabeção é um dos poucos exemplares existentes, em Portugal, de edifícios culturais da corrente artística Arte Nova, muito em voga no início do século.(…) De dois pisos, o teatro é, no seu interior, uma verdadeira relíquia pois conserva o palco, as bancadas originais e toda a carga decorativa próprias do movimento artístico que lhe está subjacente.”. Assim se apresenta o teatro da vila no sítio da Câmara Municipal de Mora. Enfatiza-se o que na verdade não se tem nem se pode ver. Poucos serão os que conhecem o interior do espaço, poucos serão os que lá entraram e que nem sonham o que escondem aquelas janelas com jorros de água a correr. A 14 de Janeiro de 2001 a Santa Casa da Misericórdia de Cabeção assinou um protocolo com a Associação Metamorphose – centro de divulgação artística, onde se pode ler “1- A Santa Casa da Misericórdia de Cabeção cede à Associação Metamorphose o direito de gozo e fruição do edifício do Teatro de Cabeção, de que é proprietário. 2- A Santa Casa da Misericórdia de Cabeção compromete-se a desencadear o processo de obtenção de apoios para executar obras de restauro, de forma a possibilitar a utilização do edifício em questão.”. De frisar que este protocolo tem a validade de 10 anos após a sua assinatura. Passados que estão 8 anos, o que foi feito? Que apoios conseguiu a Santa Casa da Misericórdia de Cabeção? Será que se empenhou o suficiente? E a Câmara Municipal de Mora? Só tem subsídios para comprar placas e sinais para o Fluviário? Pois. Não há respostas. É como aquelas peças de teatro que nos deixam a pensar. Tenho pena que assim seja. Tenho pena de sentir que pouco ou nada se faz pela cultura no concelho de Mora. Bastará pegar neste jornal e verificar aquilo que eu escrevo. Enquanto os concelhos vizinhos fervilham de actividades culturais e recreativas, o concelho de Mora apresenta um palco vazio ou a falta dele. É triste, porque, ao que parece, palhaços não faltam. E já que falo em teatro, termino com uma citação de William Shakespeare que assenta como luvas nesta ocasião: “As palavras são como os patifes desde o momento em que as promessas os desonraram. Elas tornaram-se de tal maneira impostoras que me repugna servir-me delas para provar que tenho razão…” Fim do primeiro acto.


  Artigo de opinião por mim escrito que será brevemente publicado no Jornal Mais Região. Teatros e Promessas A última vez que me sentei naquele teatro pairava no ar alguma esperança. Falava-se que o teatro estaria a ser recuperado, que daqui a algum tempo o teatro de Cabeção voltaria a funcionar, que havia um projecto aprovado e financiado, que brevemente as gentes de Cabeção e das terras vizinhas poderiam contar com um novo espaço cultural, artístico e preclaro. Mas nada. Promessas. Promessas não cumpridas, como vem sendo hábito por aquelas bandas. A culpa, ao que parece, morre novamente solteira. Não aponto o dedo a ninguém porque não conheço o verdadeiro responsável (ou talvez conheça), mas a carapuça vai ter de servir a alguém. Alguém deve ser responsabilizado pelo não cumprimento de promessas que serviram de base a mentiras e desilusões. “O edifício do antigo teatro da vila de Cabeção é um dos poucos exemplares existentes, em Portugal, de edifícios culturais da corrente artística Arte Nova, muito em voga no início do século.(…) De dois pisos, o teatro é, no seu interior, uma verdadeira relíquia pois conserva o palco, as bancadas originais e toda a carga decorativa próprias do movimento artístico que lhe está subjacente.”. Assim se apresenta o teatro da vila no sítio da Câmara Municipal de Mora. Enfatiza-se o que na verdade não se tem nem se pode ver. Poucos serão os que conhecem o interior do espaço, poucos serão os que lá entraram e que nem sonham o que escondem aquelas janelas com jorros de água a correr. A 14 de Janeiro de 2001 a Santa Casa da Misericórdia de Cabeção assinou um protocolo com a Associação Metamorphose – centro de divulgação artística, onde se pode ler “1- A Santa Casa da Misericórdia de Cabeção cede à Associação Metamorphose o direito de gozo e fruição do edifício do Teatro de Cabeção, de que é proprietário. 2- A Santa Casa da Misericórdia de Cabeção compromete-se a desencadear o processo de obtenção de apoios para executar obras de restauro, de forma a possibilitar a utilização do edifício em questão.”. De frisar que este protocolo tem a validade de 10 anos após a sua assinatura. Passados que estão 8 anos, o que foi feito? Que apoios conseguiu a Santa Casa da Misericórdia de Cabeção? Será que se empenhou o suficiente? E a Câmara Municipal de Mora? Só tem subsídios para comprar placas e sinais para o Fluviário? Pois. Não há respostas. É como aquelas peças de teatro que nos deixam a pensar. Tenho pena que assim seja. Tenho pena de sentir que pouco ou nada se faz pela cultura no concelho de Mora. Bastará pegar neste jornal e verificar aquilo que eu escrevo. Enquanto os concelhos vizinhos fervilham de actividades culturais e recreativas, o concelho de Mora apresenta um palco vazio ou a falta dele. É triste, porque, ao que parece, palhaços não faltam. E já que falo em teatro, termino com uma citação de William Shakespeare que assenta como luvas nesta ocasião: “As palavras são como os patifes desde o momento em que as promessas os desonraram. Elas tornaram-se de tal maneira impostoras que me repugna servir-me delas para provar que tenho razão…” Fim do primeiro acto.

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