Este mês, para além da Crónica no Jornal Mais Região enquanto Manelito Caracol, poderão encontrar um texto/reflexão sobre EDUCAÇÃO, assinado por Manuel Cunha Calado (eu mesmo, numa versão mais séria, pois claro).Qualquer dia chego ao Público!Orgulho Terminou mais um ano lectivo.Sempre que entro de férias os meus amigos acercam-se de mim e com ar de troça vão brincando, dizendo que a vida de professor é que é boa, que têm férias que nunca mais acabam, que são quase três meses e que passamos o ano sem fazer nada sentados atrás da secretária a mandar os alunos fazer cópias.Receio ofendê-los, mas estão redondamente enganados.Ser professor não é apenas entrar numa sala e despejar conteúdos, fazer meia dúzia de testes e chumbar os alunos quando a avaliação não corresponde ao pretendido. Ser professor em nada se assemelha a isso. Se é isso que esperam de um professor, esperam pouco.Ser professor é não ter estabilidade, estar um ano aqui e dois ali. É andar com a mochila às costas. É ser pai, amigo e educador dos alunos. É aguentar os mandos e desmandos das legislações sempre a incutir mudanças, quase sempre pouco benéficas para a nossa classe. Ser professor é não poder faltar, levar trabalho para casa quase todos os dias e participar em reuniões intermináveis mas necessárias. Ser professor é ser chave fundamental na formação de pequenos cidadãos, é incutir valores, ensinar a partilhar, a trabalhar em equipa. Ser professor é ser enfermeiro nos pequenos acidentes, ombro amigo no tempo do choro e dos medos e baixar-nos sempre com um sorriso para voltar a fazer o laço no cordão do sapato da criança.Ser professor é preocupar-nos com o futuro dos nossos alunos, através das nossas decisões responsáveis, é levar as preocupações connosco, dar a cara com as nossas decisões e receber de bom grado tanto os elogios como as criticas de quem nos avalia.Se eu pudesse queria ser o professor de que os meus amigos falam. Teria mais tempo, menos preocupações mas com toda a certeza não teria o mínimo prazer nem orgulho.Trata-se disso mesmo. Do orgulho em ser professor. Manuel Cunha CaladoProfessor 1º ciclo do ensino básico
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Este mês, para além da Crónica no Jornal Mais Região enquanto Manelito Caracol, poderão encontrar um texto/reflexão sobre EDUCAÇÃO, assinado por Manuel Cunha Calado (eu mesmo, numa versão mais séria, pois claro).Qualquer dia chego ao Público!Orgulho Terminou mais um ano lectivo.Sempre que entro de férias os meus amigos acercam-se de mim e com ar de troça vão brincando, dizendo que a vida de professor é que é boa, que têm férias que nunca mais acabam, que são quase três meses e que passamos o ano sem fazer nada sentados atrás da secretária a mandar os alunos fazer cópias.Receio ofendê-los, mas estão redondamente enganados.Ser professor não é apenas entrar numa sala e despejar conteúdos, fazer meia dúzia de testes e chumbar os alunos quando a avaliação não corresponde ao pretendido. Ser professor em nada se assemelha a isso. Se é isso que esperam de um professor, esperam pouco.Ser professor é não ter estabilidade, estar um ano aqui e dois ali. É andar com a mochila às costas. É ser pai, amigo e educador dos alunos. É aguentar os mandos e desmandos das legislações sempre a incutir mudanças, quase sempre pouco benéficas para a nossa classe. Ser professor é não poder faltar, levar trabalho para casa quase todos os dias e participar em reuniões intermináveis mas necessárias. Ser professor é ser chave fundamental na formação de pequenos cidadãos, é incutir valores, ensinar a partilhar, a trabalhar em equipa. Ser professor é ser enfermeiro nos pequenos acidentes, ombro amigo no tempo do choro e dos medos e baixar-nos sempre com um sorriso para voltar a fazer o laço no cordão do sapato da criança.Ser professor é preocupar-nos com o futuro dos nossos alunos, através das nossas decisões responsáveis, é levar as preocupações connosco, dar a cara com as nossas decisões e receber de bom grado tanto os elogios como as criticas de quem nos avalia.Se eu pudesse queria ser o professor de que os meus amigos falam. Teria mais tempo, menos preocupações mas com toda a certeza não teria o mínimo prazer nem orgulho.Trata-se disso mesmo. Do orgulho em ser professor. Manuel Cunha CaladoProfessor 1º ciclo do ensino básico