Todos os anos, depois do Natal, um sentimento estranho acaba por me roubar a felicidade.Não sei explicá-lo pois não o conheço bem. Não sei de onde surge, porque surge, quem o fabricou. Receio que tenha sido eu, sem querer, sem sequer imaginar que esse sentimento não seria um sentimento feliz.Habitualmente chamo-lhe angústia básica (angústia porque sufoca, básica porque é inevitável e incontornável). Um nome inventado para um sentimento real. Um sentimento real que dói, que fere aqui dentro, que não tem outra cura que não seja o tempo, a distância, o regresso à normalidade.Quando esse sentimento começa a despontar, sinto vontade de me deitar, fechar os olhos e demorar tempo a acordar. Queria acordar em Fevereiro, em Abril, num Verão quente, quem sabe.Por mais que me esforce não o consigo entender. Porquê chorar quando não há razões? Será que as há, escondidas? Será que esta tristeza é trazida pelo final do ano? Tempo de balanço e nada de jeito para colocar no prato das coisas boas? Ou quem sabe é da chuva que neste momento escorre pelas janelas e molha as varandas ainda decoradas...Este é daqueles sentimentos que gostaria de poder desligar num botão. Clicar e pronto. Apagou-se. Já lá vai.Mas onde está o botão? Quem o ligou? Porquê esta tristeza doentia? Onde a posso desligar?
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Todos os anos, depois do Natal, um sentimento estranho acaba por me roubar a felicidade.Não sei explicá-lo pois não o conheço bem. Não sei de onde surge, porque surge, quem o fabricou. Receio que tenha sido eu, sem querer, sem sequer imaginar que esse sentimento não seria um sentimento feliz.Habitualmente chamo-lhe angústia básica (angústia porque sufoca, básica porque é inevitável e incontornável). Um nome inventado para um sentimento real. Um sentimento real que dói, que fere aqui dentro, que não tem outra cura que não seja o tempo, a distância, o regresso à normalidade.Quando esse sentimento começa a despontar, sinto vontade de me deitar, fechar os olhos e demorar tempo a acordar. Queria acordar em Fevereiro, em Abril, num Verão quente, quem sabe.Por mais que me esforce não o consigo entender. Porquê chorar quando não há razões? Será que as há, escondidas? Será que esta tristeza é trazida pelo final do ano? Tempo de balanço e nada de jeito para colocar no prato das coisas boas? Ou quem sabe é da chuva que neste momento escorre pelas janelas e molha as varandas ainda decoradas...Este é daqueles sentimentos que gostaria de poder desligar num botão. Clicar e pronto. Apagou-se. Já lá vai.Mas onde está o botão? Quem o ligou? Porquê esta tristeza doentia? Onde a posso desligar?