Açores 2010: BRAM STOCKER'S CHAIRS

20-05-2009
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----Certamente inspirada pelo conto fantástico de Bram Stoker, “The Judge’s House”, a série de 2005 “Bram Stoker’s chairs”, da fotógrafa londrina Sam Taylor-Wood, revela-nos a intensidade da emoção que transparece num corpo feminino que desafia limites: o da retratada, no modo como se arroja no espaço, eternizando-se no instante estético anterior à queda; o da fotógrafa, que transforma o real, esvaziando sombras, contrariando leis da física. Há quem veja nestas fotografias um grito contra a dominação masculina. Eu vejo dois motivos dispostos num tabuleiro de (des)equilíbrios. A cadeira, claramente desequilibrada, não deixa sombra na representação, porque se trata de um objecto não ensombrado por uma vontade própria, mas movido pelo querer da mulher que o impele. A imagem selecciona da realidade apenas os elementos que são importantes para que a possamos re-ver. Ao vermos a duplicação da figura feminina, re-vemos a mulher investida com uma força que intensifica a projecção poderosa do corpo no espaço. Re-vemos a beleza eterna da ousadia, mesmo que ela se escreva com as mesmas letras com que soletramos o perigo de queda. E re-vemos o poder silencioso da sombra.


----Certamente inspirada pelo conto fantástico de Bram Stoker, “The Judge’s House”, a série de 2005 “Bram Stoker’s chairs”, da fotógrafa londrina Sam Taylor-Wood, revela-nos a intensidade da emoção que transparece num corpo feminino que desafia limites: o da retratada, no modo como se arroja no espaço, eternizando-se no instante estético anterior à queda; o da fotógrafa, que transforma o real, esvaziando sombras, contrariando leis da física. Há quem veja nestas fotografias um grito contra a dominação masculina. Eu vejo dois motivos dispostos num tabuleiro de (des)equilíbrios. A cadeira, claramente desequilibrada, não deixa sombra na representação, porque se trata de um objecto não ensombrado por uma vontade própria, mas movido pelo querer da mulher que o impele. A imagem selecciona da realidade apenas os elementos que são importantes para que a possamos re-ver. Ao vermos a duplicação da figura feminina, re-vemos a mulher investida com uma força que intensifica a projecção poderosa do corpo no espaço. Re-vemos a beleza eterna da ousadia, mesmo que ela se escreva com as mesmas letras com que soletramos o perigo de queda. E re-vemos o poder silencioso da sombra.

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