LIVROS & LITERATURA: FEDERICO GARCIA LORCA

13-10-2009
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ESTE É O PRÓLOGO(Federico Garcia Lorca)Deixaria neste livrotoda a minha alma.este livro que viuas paisagens comigoe viveu horas santas.Que pena dos livrosque nos enchem as mãosde rosas e de estrelase lentamente passam!Que tristeza tão fundaé olhar os retábulosde dores e de penasque um coração levanta!Ver passar os espectrosde vida que se apagam,ver o homem desnudoem Pégaso sem asas,ver a vida e a morte,a síntese do mundo,que em espaços profundosse olham e se abraçam.Um livro de poesiasé o outono morto:os versos são as folhasnegras em terras brancas,e a voz que os lêé o sopro do ventoque lhes incute nos peitos- entranháveis distâncias.O poeta é uma árvorecom frutos de tristezae com folhas murchasde chorar o que ama.O poeta é o médiumda Naturezaque explica sua grandezapor meio de palavras.O poeta compreendetodo o incompreensívele as coisas que se odeiam,ele, amigas as chamas.Sabe que as veredassão todas impossíveis,e por isso de noitevai por elas com calma.Nos livros de versos,entre rosas de sangue,vão passando as tristese eternas caravanasque fizeram ao poetaquando chora nas tardes,rodeado e cingidopor seus próprios fantasmas.Poesia é amargura,mel celeste que emanade um favo invisívelque as almas fabricam.Poesia é o impossívelfeito possível. Harpaque tem em vez de cordascorações e chamas.Poesia é a vidaque cruzamos com ânsia,esperando o que levasem rumo a nossa barca.Livros doces de versossãos os astros que passampelo silêncio mudopara o reino do Nada,escrevendo no céusuas estrofes de prata.Oh ! que penas tão fundase nunca remediadas,as vozes dolorosasque os poetas cantam !Deixaria neste livrotoda a minha alma...(tradução: William Agel de Melo) Biografia Federico Garcia Lorca nasceu na região de Granada, na Espanha, em 05 de junho de 1898, e faleceu nos arredores de Granada no dia 19 de agosto de 1936, assassinado pelos "Nacionalistas". Nessa ocasião o general Franco dava início à guerra civil espanhola. Apesar de nunca ter sido comunista - apenas um socialista convicto que havia tomado posição a favor da República - Lorca, então com 38 anos, foi preso por um deputado católico direitista que justificou sua prisão sob a alegação de que ele era "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver." Avesso à violência, o poeta, como homossexual que era, sabia muito bem o quanto era doloroso sentir-se ameaçado e perseguido. Nessa época, suas peças teatrais "A casa de Bernarda Alba", "Yerma", "Bodas de sangue", "Dona Rosita, a solteira" e outras, eram encenadas com sucesso. Sua execução, com um tiro na nuca, teve repercussão mundial.Fonte: http://www.releituras.com/fglorca_menu.aspFoto de Lorca: http://news.bbc.co.uk/2/low/in_pictures/5263002.stm


ESTE É O PRÓLOGO(Federico Garcia Lorca)Deixaria neste livrotoda a minha alma.este livro que viuas paisagens comigoe viveu horas santas.Que pena dos livrosque nos enchem as mãosde rosas e de estrelase lentamente passam!Que tristeza tão fundaé olhar os retábulosde dores e de penasque um coração levanta!Ver passar os espectrosde vida que se apagam,ver o homem desnudoem Pégaso sem asas,ver a vida e a morte,a síntese do mundo,que em espaços profundosse olham e se abraçam.Um livro de poesiasé o outono morto:os versos são as folhasnegras em terras brancas,e a voz que os lêé o sopro do ventoque lhes incute nos peitos- entranháveis distâncias.O poeta é uma árvorecom frutos de tristezae com folhas murchasde chorar o que ama.O poeta é o médiumda Naturezaque explica sua grandezapor meio de palavras.O poeta compreendetodo o incompreensívele as coisas que se odeiam,ele, amigas as chamas.Sabe que as veredassão todas impossíveis,e por isso de noitevai por elas com calma.Nos livros de versos,entre rosas de sangue,vão passando as tristese eternas caravanasque fizeram ao poetaquando chora nas tardes,rodeado e cingidopor seus próprios fantasmas.Poesia é amargura,mel celeste que emanade um favo invisívelque as almas fabricam.Poesia é o impossívelfeito possível. Harpaque tem em vez de cordascorações e chamas.Poesia é a vidaque cruzamos com ânsia,esperando o que levasem rumo a nossa barca.Livros doces de versossãos os astros que passampelo silêncio mudopara o reino do Nada,escrevendo no céusuas estrofes de prata.Oh ! que penas tão fundase nunca remediadas,as vozes dolorosasque os poetas cantam !Deixaria neste livrotoda a minha alma...(tradução: William Agel de Melo) Biografia Federico Garcia Lorca nasceu na região de Granada, na Espanha, em 05 de junho de 1898, e faleceu nos arredores de Granada no dia 19 de agosto de 1936, assassinado pelos "Nacionalistas". Nessa ocasião o general Franco dava início à guerra civil espanhola. Apesar de nunca ter sido comunista - apenas um socialista convicto que havia tomado posição a favor da República - Lorca, então com 38 anos, foi preso por um deputado católico direitista que justificou sua prisão sob a alegação de que ele era "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver." Avesso à violência, o poeta, como homossexual que era, sabia muito bem o quanto era doloroso sentir-se ameaçado e perseguido. Nessa época, suas peças teatrais "A casa de Bernarda Alba", "Yerma", "Bodas de sangue", "Dona Rosita, a solteira" e outras, eram encenadas com sucesso. Sua execução, com um tiro na nuca, teve repercussão mundial.Fonte: http://www.releituras.com/fglorca_menu.aspFoto de Lorca: http://news.bbc.co.uk/2/low/in_pictures/5263002.stm

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