Jornal em Directo

15-04-2005
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Quem conhece o mundo da política sabe bem que a intriga, o «disse-que-disse» e o destrinçar de quem «é amigo» ou «inimigo» fazem parte integrante desta realidade. Então porque é que as mulheres, tidas como peritas na arte da coscuvilhice, estão excluídas?

«Existem poucas mulheres com disponibilidade para a política», admite Ana Zita Gomes, recentemente eleita presidente da mesa do Congresso da JSD, ao PortugalDiário, consciente que o sexo feminino tem fama de intriguista, sem o proveito do protagonismo político.

«A actividade política ainda está muito caracterizada como um mundo de homens. Basta olhar para os horários [reuniões que se estendem frequentemente pela noite dentro] para perceber isso», adianta Zita Gomes.

As mulheres, admite a jovem social-democrata, são parcialmente responsáveis por este vazio, já que «em vez de dividir tarefas, somam», explica. As horas pesadas que a maioria dos cargos políticos implicam são acumuladas às tarefas de mãe, dona de casa e esposa, acrescenta. E qual é a solução? Deixar de fazer algumas destas tarefas?

Zita Gomes defende que o sexo masculino tem a solução na mão: «Deve-se dignificar a intervenção do homem na vida doméstica».

Mas é também essa vida atarefada de muitas mulheres, que lhes confere mais pragmatismo quando assumem a política como profissão. «Quando temos uma mulher a presidir a uma reunião, não se perde tanto tempo», argumenta. «Talvez porque não tenha tanto tempo para perder», arrisca dizer.

Zita Gomes também aderiu ao abaixo-assinado, encabeçado por Leonor Beleza e apresentado durante do XXVII Congresso do PSD em Pombal este fim-de-semana. Mais de 600 mulheres vêm exigir uma maior participação das mulheres nos órgãos do PSD.

Quanto às quotas, a presidente da mesa do Congresso da JSD diz que mudou de opinião. «Era contra as quotas mas, à medida que fui falando com mulheres que estão há mais tempo na política, fui mudando de ideia», explica. «Talvez as quotas sejam um mal necessário». E explica porquê: «Fala-se de participação feminina há quantos anos?», questiona. «E mudou alguma coisa?».

Governo socialista «sem mulheres»

Isabel Damasceno, presidente da Distrital de Leiria do PSD e futura vice-presidente da Comissão Política Nacional de Marques Mendes, considera «negativa» a ausência de mulheres no Executivo de José Sócrates e defende que o PSD tem agora «uma oportunidade única para fazer um contraponto à formação do Governo».

Mas a «mendista» deixa bem claro ao PortugalDiário que não acredita em dar tratamento especial ao sexo mais fraco. «As mulheres não devem ser chamadas só por serem mulheres», frisa.

Isabel Damasceno é optimista quanto ao futuro. Acredita ser apenas uma questão de tempo. «A democracia é ainda muito nova. Já existe um maior número de mulheres no ensino superior. Quando esta juventude estiver no mundo activo, naturalmente que a opção de seguir uma vida política irá surgir», defende.

Até lá, o país continua a ser governado por homens.

Quem conhece o mundo da política sabe bem que a intriga, o «disse-que-disse» e o destrinçar de quem «é amigo» ou «inimigo» fazem parte integrante desta realidade. Então porque é que as mulheres, tidas como peritas na arte da coscuvilhice, estão excluídas?

«Existem poucas mulheres com disponibilidade para a política», admite Ana Zita Gomes, recentemente eleita presidente da mesa do Congresso da JSD, ao PortugalDiário, consciente que o sexo feminino tem fama de intriguista, sem o proveito do protagonismo político.

«A actividade política ainda está muito caracterizada como um mundo de homens. Basta olhar para os horários [reuniões que se estendem frequentemente pela noite dentro] para perceber isso», adianta Zita Gomes.

As mulheres, admite a jovem social-democrata, são parcialmente responsáveis por este vazio, já que «em vez de dividir tarefas, somam», explica. As horas pesadas que a maioria dos cargos políticos implicam são acumuladas às tarefas de mãe, dona de casa e esposa, acrescenta. E qual é a solução? Deixar de fazer algumas destas tarefas?

Zita Gomes defende que o sexo masculino tem a solução na mão: «Deve-se dignificar a intervenção do homem na vida doméstica».

Mas é também essa vida atarefada de muitas mulheres, que lhes confere mais pragmatismo quando assumem a política como profissão. «Quando temos uma mulher a presidir a uma reunião, não se perde tanto tempo», argumenta. «Talvez porque não tenha tanto tempo para perder», arrisca dizer.

Zita Gomes também aderiu ao abaixo-assinado, encabeçado por Leonor Beleza e apresentado durante do XXVII Congresso do PSD em Pombal este fim-de-semana. Mais de 600 mulheres vêm exigir uma maior participação das mulheres nos órgãos do PSD.

Quanto às quotas, a presidente da mesa do Congresso da JSD diz que mudou de opinião. «Era contra as quotas mas, à medida que fui falando com mulheres que estão há mais tempo na política, fui mudando de ideia», explica. «Talvez as quotas sejam um mal necessário». E explica porquê: «Fala-se de participação feminina há quantos anos?», questiona. «E mudou alguma coisa?».

Governo socialista «sem mulheres»

Isabel Damasceno, presidente da Distrital de Leiria do PSD e futura vice-presidente da Comissão Política Nacional de Marques Mendes, considera «negativa» a ausência de mulheres no Executivo de José Sócrates e defende que o PSD tem agora «uma oportunidade única para fazer um contraponto à formação do Governo».

Mas a «mendista» deixa bem claro ao PortugalDiário que não acredita em dar tratamento especial ao sexo mais fraco. «As mulheres não devem ser chamadas só por serem mulheres», frisa.

Isabel Damasceno é optimista quanto ao futuro. Acredita ser apenas uma questão de tempo. «A democracia é ainda muito nova. Já existe um maior número de mulheres no ensino superior. Quando esta juventude estiver no mundo activo, naturalmente que a opção de seguir uma vida política irá surgir», defende.

Até lá, o país continua a ser governado por homens.

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