A Luta Constante Pela Integridade: Desafiar a Autoridade

12-10-2009
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Procurava um hino de superioridade diante dos mais velhos ou seja, testava a agudeza de domar o risco perante a postura inexperiente. O feitio intransigente incorporado na cumplicidade muda, o temperamento sereno por vezes traiçoeiro na metamorfose episódica.Os meus progenitores ensinaram-me deste muito cedo ser consciente pelos actos, houve alturas que argumentava a acepção da responsabilidade. Então o que era ser inconsciente? Qual era o flanco inverso da irresponsabilidade?Restava-me desmascarar a bruma vedada dentro de um grande cofre sólido, cercado em sistemas de alta segurança, a ambição indiscreta vagueava pausadamente no aperto âmago de ser apanhada em flagrante. Nada disso se verificou, os alarmes não agitaram e tudo permanecia calmo, silente e cheio de humidade numa escuridão que os brilhos avermelhados acediam e apagavam automaticamente como os de ambulância.Tudo tornara complicado em desvendar o código, letras de R-I-P-A-S-O-B-N-L-P-E-D misturadas na horizontalidade e verticalidade. Trata-se de um jogo mental, esforçadamente construo cálculos e fez luz! Giro o botão cuidadosamente começando por I-R-R-E-S-P-O-N-S-A-B-I-L-I-D-A-D-E, e num ápice a porta de aço abre.Atónita e céptica ao avistar o lugar, permanece um dicionário ilustrado acima do planalto e desfechei as folhas, procurando a caligrafia I. Achei-o ali mesmo, na página 308 – «irresponsabilidade»: inconsciente – ignorância – irrespeitável – superioridade – domínio – desafiar a autoridade.As duas últimas palavras «desafiar a autoridade» seduzira-me no piscar e fechar os olhos, querendo apalpar o transe do risco, a vacilação de entrar ou não dentro do supermercado era imparcial no medo assombroso que sentira. Mal invadi o estabelecimento com toda a naturalidade de que não estava a acontecer nada de suspeito, senão meramente um exame ás minhas capacidades infiltradas no mundo adulto.Avançava pelas divisões separadas, via prateleiras de chocolates apetitosos, bolachas saborosas, latas de salsichas e cogumelos, pacotes de batatas fritas e uma base gigantesca de guloseimas. Já escolhera o alvo, olhava para todos os cantos estudando as probabilidades de não ser capturada pelo dono da loja mas ele estava no fundo da esquina a olhar para mim, esboçando um sorriso forçado.Tive retomar outra alternativa, recomeçar do zero de modo divergente para que não desconfiasse do meu plano. Tudo alterara com o aparecimento de um amigo, aquele que andara na creche também ele sendo surdo, era o P.Ainda mais empolgada, falei gestualmente dizendo-lhe para entreter o dono na desculpa de pedir algo e fizesse não compreender o que ele dizia, dando-me tempo para o furto iminente. O P estranhou-se e com a sua expressão estupefacta negou-me, supliquei-lhe na promessa de lhe dar a minha quota-parte, após a reflexão aceitou a proposta.Passando um segundo, tentei conter as gargalhadas ao assistir a cena, a dificuldade hilariante do dono era de tal modo desesperante, apavorado pela incompreensão gestual e o P levantava a voz, fingindo estar revoltado pelo seu desentendimento. Aproveitei o momento fulcral da roubadela, enchi-me de coragem destapando as caixas das gomas e meti-as apressadamente dentro dos meus bolsos, quase cheios! Dirigi-me ao balcão, ajudando o dono na tamanha atrapalhada- Posso ajudá-lo?- Achas que és capaz de me ajudar?- Ajudar? Depende da ajuda…- Bom, é que não consigo compreender este rapaz. O que ele quer?- Ele pediu um sumo de laranja.- Ah, puxa tanta confusão por um sumo de laranja!Saímos de lá complentamente eufóricos! Corremos em direcção ao parque e por fim dei-lhe a outra metade... inesquecível! P.S-» a história intitulada de "Finalista Desnorteada III" será postada depois das férias de Páscoa, desejo-vos uma Boa Páscoa cheio de chocolates e uma grande concentração nas estradas portuguesas!


Procurava um hino de superioridade diante dos mais velhos ou seja, testava a agudeza de domar o risco perante a postura inexperiente. O feitio intransigente incorporado na cumplicidade muda, o temperamento sereno por vezes traiçoeiro na metamorfose episódica.Os meus progenitores ensinaram-me deste muito cedo ser consciente pelos actos, houve alturas que argumentava a acepção da responsabilidade. Então o que era ser inconsciente? Qual era o flanco inverso da irresponsabilidade?Restava-me desmascarar a bruma vedada dentro de um grande cofre sólido, cercado em sistemas de alta segurança, a ambição indiscreta vagueava pausadamente no aperto âmago de ser apanhada em flagrante. Nada disso se verificou, os alarmes não agitaram e tudo permanecia calmo, silente e cheio de humidade numa escuridão que os brilhos avermelhados acediam e apagavam automaticamente como os de ambulância.Tudo tornara complicado em desvendar o código, letras de R-I-P-A-S-O-B-N-L-P-E-D misturadas na horizontalidade e verticalidade. Trata-se de um jogo mental, esforçadamente construo cálculos e fez luz! Giro o botão cuidadosamente começando por I-R-R-E-S-P-O-N-S-A-B-I-L-I-D-A-D-E, e num ápice a porta de aço abre.Atónita e céptica ao avistar o lugar, permanece um dicionário ilustrado acima do planalto e desfechei as folhas, procurando a caligrafia I. Achei-o ali mesmo, na página 308 – «irresponsabilidade»: inconsciente – ignorância – irrespeitável – superioridade – domínio – desafiar a autoridade.As duas últimas palavras «desafiar a autoridade» seduzira-me no piscar e fechar os olhos, querendo apalpar o transe do risco, a vacilação de entrar ou não dentro do supermercado era imparcial no medo assombroso que sentira. Mal invadi o estabelecimento com toda a naturalidade de que não estava a acontecer nada de suspeito, senão meramente um exame ás minhas capacidades infiltradas no mundo adulto.Avançava pelas divisões separadas, via prateleiras de chocolates apetitosos, bolachas saborosas, latas de salsichas e cogumelos, pacotes de batatas fritas e uma base gigantesca de guloseimas. Já escolhera o alvo, olhava para todos os cantos estudando as probabilidades de não ser capturada pelo dono da loja mas ele estava no fundo da esquina a olhar para mim, esboçando um sorriso forçado.Tive retomar outra alternativa, recomeçar do zero de modo divergente para que não desconfiasse do meu plano. Tudo alterara com o aparecimento de um amigo, aquele que andara na creche também ele sendo surdo, era o P.Ainda mais empolgada, falei gestualmente dizendo-lhe para entreter o dono na desculpa de pedir algo e fizesse não compreender o que ele dizia, dando-me tempo para o furto iminente. O P estranhou-se e com a sua expressão estupefacta negou-me, supliquei-lhe na promessa de lhe dar a minha quota-parte, após a reflexão aceitou a proposta.Passando um segundo, tentei conter as gargalhadas ao assistir a cena, a dificuldade hilariante do dono era de tal modo desesperante, apavorado pela incompreensão gestual e o P levantava a voz, fingindo estar revoltado pelo seu desentendimento. Aproveitei o momento fulcral da roubadela, enchi-me de coragem destapando as caixas das gomas e meti-as apressadamente dentro dos meus bolsos, quase cheios! Dirigi-me ao balcão, ajudando o dono na tamanha atrapalhada- Posso ajudá-lo?- Achas que és capaz de me ajudar?- Ajudar? Depende da ajuda…- Bom, é que não consigo compreender este rapaz. O que ele quer?- Ele pediu um sumo de laranja.- Ah, puxa tanta confusão por um sumo de laranja!Saímos de lá complentamente eufóricos! Corremos em direcção ao parque e por fim dei-lhe a outra metade... inesquecível! P.S-» a história intitulada de "Finalista Desnorteada III" será postada depois das férias de Páscoa, desejo-vos uma Boa Páscoa cheio de chocolates e uma grande concentração nas estradas portuguesas!

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