A Varinha Mágica de Valentim Loureiro: Vem bem a propósito do momento que vivemos em Portugal por causa do Freeport... vejam o que escrevi, no meu livro, sobre as "teses da cabala"

03-07-2009
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"(...) Quero, por isso, deixar claro que desconfio sempre da tese da cabala, quando ela é apresentada como explicação para os fracassos pessoais e políticos de figuras públicas.Desconfio sempre muito das queixas de um líder partidário que, a propósito de um escândalo sexual, vem alegar que a destruição da sua carreira política foi orquestrada pela imprensa ou por alguém que a manipulou e que, conscientemente, levou a que um conjunto de informações falsas fosse difundido. Desconfio sempre muito quando um Primeiro-Ministro acabado de ser demitido aponta aos meios de comunicação social as razões da sua desgraça. Desconfio ainda mais quando um líder de um partido, perante o fracasso da sua própria política de comunicação, aponta aos opinion makers a razão do seu insucesso.Mas, a política é mesmo assim. Políticos e partidos políticos procuram sempre explicar os seus fracassos com factores externos e nunca com a sua própria incapacidade. A imprensa é o alvo mais fácil quando não se quer atribuir aos adversários políticos o mérito de os terem destronado.Reconheço que os jornalistas cometem muitos erros e muitos deles são pouco rigorosos, mas não acredito que isso seja consequência de campanhas intencionais organizadas ou iniciadas pela própria imprensa. Nem consigo imaginar os directores dos jornais e das televisões reunidos num restaurante discreto de Lisboa a congeminar acerca da próxima vítima a abater. Aliás, admitir isso seria atribuir à imprensa portuguesa um poder que, na realidade, não tem. E seria necessário que a classe possuísse um sentido corporativo que não tem e que está a anos luz de classes como a dos médicos, professores ou dos juízes, por exemplo. Por mais erros e inverdades que certos jornalistas cometam e por mais violenta, negligente ou intencional que seja a falsa informação difundida, ela não é suficiente para destruir uma figura política sólida. (...)""(...) O mundo da comunicação é, portanto, um pouco mais complexo do que parece ser. Tem os seus defeitos e virtudes, os seus bons profissionais e os parasitas do sistema, mas não pode ser o bode expiatório do fracasso de carreiras ou da desgraça alheia. Aliás, para além disso, não podemos estar à espera que a comunicação social nos sirva quando nos dá jeito e se torne surda e muda quando o assunto nos desagrada.Enquanto fui assessor de Valentim Loureiro procurei sempre ajudá-lo a perceber tudo isto e que é a própria comunicação social quem tem que resolver estes seus problemas e não os políticos. Mas compreendi-o, quando me explicava que é complicado manter a paciência perante erros grotescos e sistemáticas faltas de rigor…Outro conselho que por várias vezes dei a Valentim Loureiro, sobretudo antes de grandes entrevistas e debates, foi que nunca se afirmasse vítima de campanhas ou cabalas, isolando-se. Nesse aspecto, o Major esteve sempre de acordo. Aliás, Valentim não precisava que lho dissesse, pois ele entende, como ninguém, o funcionamento da comunicação social, as suas fraquezas e as suas virtudes. Alguns exemplos mais recentes de intervenções de Valentim Loureiro na comunicação social deixam-me, contudo, apreensivo. Certamente cansado e desgastado, o Major tem vindo a cair na tentação de identificar a imprensa e alguns jornalistas como os seus inimigos. Orgulho-me de ter conseguido evitar essa imagem durante o tempo em que fui seu assessor. Disparar publicamente contra este ou aquele jornalista, elogiar outros, porque pontualmente nos parecem ser mais sérios, não é um bom caminho. Por mais que lhe assista esse direito e por mais razão que sinta ter, não aconselharia a nenhum cliente esse princípio de actuação. (...)"


"(...) Quero, por isso, deixar claro que desconfio sempre da tese da cabala, quando ela é apresentada como explicação para os fracassos pessoais e políticos de figuras públicas.Desconfio sempre muito das queixas de um líder partidário que, a propósito de um escândalo sexual, vem alegar que a destruição da sua carreira política foi orquestrada pela imprensa ou por alguém que a manipulou e que, conscientemente, levou a que um conjunto de informações falsas fosse difundido. Desconfio sempre muito quando um Primeiro-Ministro acabado de ser demitido aponta aos meios de comunicação social as razões da sua desgraça. Desconfio ainda mais quando um líder de um partido, perante o fracasso da sua própria política de comunicação, aponta aos opinion makers a razão do seu insucesso.Mas, a política é mesmo assim. Políticos e partidos políticos procuram sempre explicar os seus fracassos com factores externos e nunca com a sua própria incapacidade. A imprensa é o alvo mais fácil quando não se quer atribuir aos adversários políticos o mérito de os terem destronado.Reconheço que os jornalistas cometem muitos erros e muitos deles são pouco rigorosos, mas não acredito que isso seja consequência de campanhas intencionais organizadas ou iniciadas pela própria imprensa. Nem consigo imaginar os directores dos jornais e das televisões reunidos num restaurante discreto de Lisboa a congeminar acerca da próxima vítima a abater. Aliás, admitir isso seria atribuir à imprensa portuguesa um poder que, na realidade, não tem. E seria necessário que a classe possuísse um sentido corporativo que não tem e que está a anos luz de classes como a dos médicos, professores ou dos juízes, por exemplo. Por mais erros e inverdades que certos jornalistas cometam e por mais violenta, negligente ou intencional que seja a falsa informação difundida, ela não é suficiente para destruir uma figura política sólida. (...)""(...) O mundo da comunicação é, portanto, um pouco mais complexo do que parece ser. Tem os seus defeitos e virtudes, os seus bons profissionais e os parasitas do sistema, mas não pode ser o bode expiatório do fracasso de carreiras ou da desgraça alheia. Aliás, para além disso, não podemos estar à espera que a comunicação social nos sirva quando nos dá jeito e se torne surda e muda quando o assunto nos desagrada.Enquanto fui assessor de Valentim Loureiro procurei sempre ajudá-lo a perceber tudo isto e que é a própria comunicação social quem tem que resolver estes seus problemas e não os políticos. Mas compreendi-o, quando me explicava que é complicado manter a paciência perante erros grotescos e sistemáticas faltas de rigor…Outro conselho que por várias vezes dei a Valentim Loureiro, sobretudo antes de grandes entrevistas e debates, foi que nunca se afirmasse vítima de campanhas ou cabalas, isolando-se. Nesse aspecto, o Major esteve sempre de acordo. Aliás, Valentim não precisava que lho dissesse, pois ele entende, como ninguém, o funcionamento da comunicação social, as suas fraquezas e as suas virtudes. Alguns exemplos mais recentes de intervenções de Valentim Loureiro na comunicação social deixam-me, contudo, apreensivo. Certamente cansado e desgastado, o Major tem vindo a cair na tentação de identificar a imprensa e alguns jornalistas como os seus inimigos. Orgulho-me de ter conseguido evitar essa imagem durante o tempo em que fui seu assessor. Disparar publicamente contra este ou aquele jornalista, elogiar outros, porque pontualmente nos parecem ser mais sérios, não é um bom caminho. Por mais que lhe assista esse direito e por mais razão que sinta ter, não aconselharia a nenhum cliente esse princípio de actuação. (...)"

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