MEDITAÇÃO NA PASTELARIA: Who the fuk is Manuel Queiroz?

30-09-2009
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A pergunta do título é retórica. Ou seja, estou-me nas tintas para o dito. Não sei quem é nem quero saber quem seja: Manuel Queiroz não me interessa como indivíduo mas como paradigma. No caso, paradigma da bêtise a que Flaubert chamou um figo e que, como é dos livros e da praxis, nunca vem só: faz-se habitualmente acompanhar da arrogância e quem vier atrás que limpe a merda.Mas se a estupidez é universal ― como garante a frase apócrifa de Einstein (Só há duas coisas infinitas, a estupidez humana e o universo, e quanto ao último não tenho a certeza) ― há quem a cultive de um modo genuinamente português.Para ir directa ao assunto: são aqueles tipos que, perante uma coisa estúpida, puxam dos galões da sua suprema inteligência e tornam a coisa estúpida ainda mais estúpida, atribuindo-lhe qualidades que mais ninguém viu, intenções que mais ninguém percebeu, estratégias que mais ninguém alcançou. Perante tais maîtres à penser de puro sangue lusitano, Niccolò Machiavelli não passaria de um menino de coro e, já que falei em coro, assim de repente recordo-me de algumas vozes esdrúxulas que, no seu apoio à invasão do Iraque, e concorrendo taco-a-taco com Bianca Castafiore, conseguiam ultrapassar em muitos decibéis qualquer general americano mortinho por uma guerra.Quanto a Manuel Queiroz, que é o exemplo que me traz agora, viu na reabilitação do bispo Richard Williamson, um inglês ultraconservador que acha que o Holocausto é uma história para adormecer criancinhas, um gesto papal cheio de conotações abscônditas mas que ele, e refiro-me naturalmente a Queiroz, alcança de modo claro e distinto (embora, e isto sou eu a falar, num português um pouco obscuro to say the least...). Os judeus tinham ficado lixados, a esquerda tinha ficado lixada, mas ele ― ele, Queiroz! ― sabia que Ratzinger visava mais longe e se estava a borrifar para os judeus e para a esquerda. Afinal, parece que o próprio Vaticano ficou incomodado com a história e, como já vem sendo enfadonhamente habitual, pediram-se desculpas.Apropriadamente termino, pois, concluindo que há criaturas mais papistas do que o Papa ou em inglês para condizer com o título: He may look like an idiot and talk like an idiot but don't let that fool you. He really is an idiot.


A pergunta do título é retórica. Ou seja, estou-me nas tintas para o dito. Não sei quem é nem quero saber quem seja: Manuel Queiroz não me interessa como indivíduo mas como paradigma. No caso, paradigma da bêtise a que Flaubert chamou um figo e que, como é dos livros e da praxis, nunca vem só: faz-se habitualmente acompanhar da arrogância e quem vier atrás que limpe a merda.Mas se a estupidez é universal ― como garante a frase apócrifa de Einstein (Só há duas coisas infinitas, a estupidez humana e o universo, e quanto ao último não tenho a certeza) ― há quem a cultive de um modo genuinamente português.Para ir directa ao assunto: são aqueles tipos que, perante uma coisa estúpida, puxam dos galões da sua suprema inteligência e tornam a coisa estúpida ainda mais estúpida, atribuindo-lhe qualidades que mais ninguém viu, intenções que mais ninguém percebeu, estratégias que mais ninguém alcançou. Perante tais maîtres à penser de puro sangue lusitano, Niccolò Machiavelli não passaria de um menino de coro e, já que falei em coro, assim de repente recordo-me de algumas vozes esdrúxulas que, no seu apoio à invasão do Iraque, e concorrendo taco-a-taco com Bianca Castafiore, conseguiam ultrapassar em muitos decibéis qualquer general americano mortinho por uma guerra.Quanto a Manuel Queiroz, que é o exemplo que me traz agora, viu na reabilitação do bispo Richard Williamson, um inglês ultraconservador que acha que o Holocausto é uma história para adormecer criancinhas, um gesto papal cheio de conotações abscônditas mas que ele, e refiro-me naturalmente a Queiroz, alcança de modo claro e distinto (embora, e isto sou eu a falar, num português um pouco obscuro to say the least...). Os judeus tinham ficado lixados, a esquerda tinha ficado lixada, mas ele ― ele, Queiroz! ― sabia que Ratzinger visava mais longe e se estava a borrifar para os judeus e para a esquerda. Afinal, parece que o próprio Vaticano ficou incomodado com a história e, como já vem sendo enfadonhamente habitual, pediram-se desculpas.Apropriadamente termino, pois, concluindo que há criaturas mais papistas do que o Papa ou em inglês para condizer com o título: He may look like an idiot and talk like an idiot but don't let that fool you. He really is an idiot.

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