Sócrates recua na ponte

15-02-2008
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Terceira travessia do Tejo

Sócrates recua na ponte

Mário Lino deu 45 dias ao LNEC para estudar se há alternativas à travessia do Tejo, em Lisboa

A 22 de Janeiro, quando o presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) foi ao Parlamento e manifestou disponibilidade para estudar outras localizações para a terceira travessia do Tejo, já sabia que o Governo se preparava para encomendar ao LNEC novos estudos comparativos sobre a nova ponte.

Quinta-feira, consumava-se o recuo, em relação à resolução aprovada em Conselho de Ministros a 10 de Janeiro: “O Governo decidiu tomar a decisão relativa à terceira travessia do Tejo, que há muito está pensada e definida entre Barreiro e Chelas”. O tom solene assumido por José Sócrates escondia um receio que há muito se tinha apoderado primeiro-ministro e do ministro das Obras Públicas: que o projecto da nova ponte fosse contaminado pelo efeito aeroporto.

Foi por isso que esta quinta-feira, Mário Lino mandatou o LNEC para, em 45 dias, estudar as alternativas existentes para a terceira travessia ferroviária do Tejo em Lisboa. O ministro encomendou um relatório “autónomo” e “objectivo” que compare as opções, em complemento ao estudo feito sobre o novo aeroporto em Alcochete.

Aquilo que começa por ser uma nova cedência aos interesses da CIP - que defende outras localizações para ligar as duas margens do Tejo -, é afinal uma estratégia de “dar um passo atrás para de seguida dar dois à frente”, afirmou ao Expresso uma fonte do Governo.

A decisão pretende estancar eventuais movimentos de contestação semelhantes aos que existiram em relação à Ota, e, ao mesmo tempo, confirmar aquela que é a opção do Executivo.

A travessia Chelas-Barreiro já foi confirmada por vários Governos desde 2000 e é a mais estudada das localizações. É convicção do Governo que o LNEC vai sancionar esta opção, até porque, José Sócrates, ao que apurou o Expresso, não está disposto a ter que rever, pela segunda vez, uma das principais apostas do seu Executivo nas Obras Públicas.

“A proposta da Rave de uma ponte Chelas e o Barreiro é considerada a proposta base. A variante é a travessia Beato Montijo, em ponte ou túnel, avançada pela CIP”, adiantou ao Expresso o presidente do LNEC, Carlos Matias Ramos.

Aliás, o LNEC foi o local escolhido pela Ordem dos Engenheiros para efectuar na próxima terça-feira um debate alargado sobre a questão da travessia do Tejo em Lisboa. Na véspera, será a vez das questões jurídicas e ambientais do novo aeroporto serem discutidas no laboratório.

“Ao contrário do que aconteceu com a localização do aeroporto na Ota, a questão da travessia do Tejo não parece levantar grandes discussões a nível técnico”, afirmou o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo. “O debate é uma oportunidade para discutir a rede de transportes na Área Metropolitana de Lisboa”, acrescentou.

“A terceira travessia do Tejo é um projecto estruturante e determinante para o país e por isso requer uma sólida fundamentação técnica. Neste contexto o Governo decidiu proceder à avaliação de alternativas pertinentes que surjam atempadamente” disse ao Expresso a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino.

“Fico contente que se faça uma comparação séria entre a nossa proposta e a da Rave”, afirmou José Manuel Viegas, o especialista de transportes responsável pela proposta da CIP. “Mas, como os níveis de desenvolvimento das propostas são muito diferentes, a da Rave é um estudo prévio, e a da CIP é pouco mais que um conceito, Há que primeiro torná-las comparáveis”, acrescentou.

A travessia Chelas Barreiro inclui também automóveis, enquanto a CIP propõe duas pontes ferroviárias Beato-MontijoBarreiro, sendo o trânsito rodoviário feito pelo corredor Algés-Trafaria.

Terceira travessia do Tejo

Sócrates recua na ponte

Mário Lino deu 45 dias ao LNEC para estudar se há alternativas à travessia do Tejo, em Lisboa

A 22 de Janeiro, quando o presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) foi ao Parlamento e manifestou disponibilidade para estudar outras localizações para a terceira travessia do Tejo, já sabia que o Governo se preparava para encomendar ao LNEC novos estudos comparativos sobre a nova ponte.

Quinta-feira, consumava-se o recuo, em relação à resolução aprovada em Conselho de Ministros a 10 de Janeiro: “O Governo decidiu tomar a decisão relativa à terceira travessia do Tejo, que há muito está pensada e definida entre Barreiro e Chelas”. O tom solene assumido por José Sócrates escondia um receio que há muito se tinha apoderado primeiro-ministro e do ministro das Obras Públicas: que o projecto da nova ponte fosse contaminado pelo efeito aeroporto.

Foi por isso que esta quinta-feira, Mário Lino mandatou o LNEC para, em 45 dias, estudar as alternativas existentes para a terceira travessia ferroviária do Tejo em Lisboa. O ministro encomendou um relatório “autónomo” e “objectivo” que compare as opções, em complemento ao estudo feito sobre o novo aeroporto em Alcochete.

Aquilo que começa por ser uma nova cedência aos interesses da CIP - que defende outras localizações para ligar as duas margens do Tejo -, é afinal uma estratégia de “dar um passo atrás para de seguida dar dois à frente”, afirmou ao Expresso uma fonte do Governo.

A decisão pretende estancar eventuais movimentos de contestação semelhantes aos que existiram em relação à Ota, e, ao mesmo tempo, confirmar aquela que é a opção do Executivo.

A travessia Chelas-Barreiro já foi confirmada por vários Governos desde 2000 e é a mais estudada das localizações. É convicção do Governo que o LNEC vai sancionar esta opção, até porque, José Sócrates, ao que apurou o Expresso, não está disposto a ter que rever, pela segunda vez, uma das principais apostas do seu Executivo nas Obras Públicas.

“A proposta da Rave de uma ponte Chelas e o Barreiro é considerada a proposta base. A variante é a travessia Beato Montijo, em ponte ou túnel, avançada pela CIP”, adiantou ao Expresso o presidente do LNEC, Carlos Matias Ramos.

Aliás, o LNEC foi o local escolhido pela Ordem dos Engenheiros para efectuar na próxima terça-feira um debate alargado sobre a questão da travessia do Tejo em Lisboa. Na véspera, será a vez das questões jurídicas e ambientais do novo aeroporto serem discutidas no laboratório.

“Ao contrário do que aconteceu com a localização do aeroporto na Ota, a questão da travessia do Tejo não parece levantar grandes discussões a nível técnico”, afirmou o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo. “O debate é uma oportunidade para discutir a rede de transportes na Área Metropolitana de Lisboa”, acrescentou.

“A terceira travessia do Tejo é um projecto estruturante e determinante para o país e por isso requer uma sólida fundamentação técnica. Neste contexto o Governo decidiu proceder à avaliação de alternativas pertinentes que surjam atempadamente” disse ao Expresso a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino.

“Fico contente que se faça uma comparação séria entre a nossa proposta e a da Rave”, afirmou José Manuel Viegas, o especialista de transportes responsável pela proposta da CIP. “Mas, como os níveis de desenvolvimento das propostas são muito diferentes, a da Rave é um estudo prévio, e a da CIP é pouco mais que um conceito, Há que primeiro torná-las comparáveis”, acrescentou.

A travessia Chelas Barreiro inclui também automóveis, enquanto a CIP propõe duas pontes ferroviárias Beato-MontijoBarreiro, sendo o trânsito rodoviário feito pelo corredor Algés-Trafaria.

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