Café Mondego: Sobre uma crónica de Arnaldo Saraiva

01-10-2009
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Todos aqueles que gostam da Guarda (e, por isso, gostam de a discutir) não podem perder a leitura da crónica "A cidade os 5 efes" de Arnaldo Saraiva,publicada na edição de ontem do "Jornal do Fundão". Há muito que não era publicado um artigo tão demolidor, acerca da Guarda, como este que tem a assinatura de um intelectual altamente prestigado (Professor Catedrático, escritor, crítico literário, director da Fundação Eugénio de Andrade). Portanto, o autor é credível e o artigo (é) coerente. Concordemos ou não com a opinião de Arnaldo Saraiva, havemos de reconhecer que estamos perante uma opinião honesta e independente.A leitura integral é obrigatória, mas fiquem com algumas citações:-"Quando (...) dou comigo a pensar nas misérias do Portugal profundo, estou a pensar antes de mais na Guarda".-"A Guarda deveria ter uma grande visibilidade nacional. E todavia é o que se sabe."-"Há já muito tempo que a imprensa (...) quase só lá vê pretextos para más notícias."-"E o progresso nem sempre é o que parece (...) E a cidade já nem parece suspensa no alto como outrora:veio descendo caoticamente para a estação, numa simbólica decadência e desconforto que ainda agravam as mais estúpidas (sic) das muitas rotundas que, para caçar alguns tostões à Europa, há tempos invadiram as nossas cidades".-"A Guarda continua a ser a cidade mais alta, mas só na geografia (...) Sem a sorte - quer dizer- das boas políticas".- "Sem uma universidade, sem um grande clube de futebol, sem grandes personalidades colocadas em lugares estratégicos do poder central (...) sem indústrias e fábricas (...) arrisca-se a viver do pequeno comércio, de pequenos serviços, de algum turismo de subsistência".- "Um dos efes da Guarda, "formosa" , já desde há muito (...) havia quem o substituísse por "feia". Mas agora também já há quem queira substituir "forte" por "fraca", ou quem tenha de acrescentar "frustrada" quando queria dizer "feliz"."Como disse, não se dispensa a leitura da versão integral.A crónica serve-se de várias citações da obra de Vergílio Ferreira, usadas com mestria.Não estou de acordo com o retrato a preto e branco que Arnaldo Saraiva faz da nossa cidade. No entanto, reconheço que, nalguns pontos, ele razão (quem acompanhou o programa Café Mondego há-de confirmá-lo). Mas isso, agora, não vem ao caso. O que é importante, hoje, é chamar a atenção para o facto de um homem lúcido e de grande inteligência, que tem a distância crítica (diria, a distanciação) necessária e está habituado ao rigor crítico, ter aquela opinião acerca da Guarda!!! Como é possível? Se fosse outro o crítico (um de nós, "críticos residentes") talvez fosse fácil diminuí-lo e desacreditá-lo(é o que alguns políticos fazem por impulso) "pegando" nesta ou naquela fragilidade, nesta ou naquela incoerência. Mas, o que podem dizer de Saraiva? Que já cá não vem há muito tempo? Sim, deve ser verdade e daí? Que troca algumas coisas? Que está zangado com a Guarda? Ninguém o sabe ao certo. Estudou na Guarda e vai regressando para fazer conferências de quando em vez (devia vir mais, é certo). Que é do concelho da Covilhã e que quer diminuir a nossa cidade? Tretas, pois não há sinal nenhum dessa intenção. Portanto, coisa pouca para desacreditá-lo. Então,levemos a sério o que ele nos diz e usemos esta oportunidade para reflectir acerca da nossa terra (ou então, da imagem que damos dela). E, já agora, arrepiar caminho nalguns aspectos: menos foguetório e mais substância política!!!PS 1- Só não sei por que razão, sendo Arnaldo Saraiva um homem de Cultura, não se referiu, nem de passagem ao esforço que a Guarda tem feito nessa área: CEI, TMG, Biblioteca. Será isso também um sintoma de que mesmo a imagem de uma cidade preocupada com a Cultura não ultrapassa as fronteiras da Guarda?PS 2- Proponho que uma cópia desta crónica seja depositada na "Cápsula do tempo". PS 3- Lamentar a falta de um grande Clube de Futebol??? Com essa é que eu, claramente, não estou de acordo!


Todos aqueles que gostam da Guarda (e, por isso, gostam de a discutir) não podem perder a leitura da crónica "A cidade os 5 efes" de Arnaldo Saraiva,publicada na edição de ontem do "Jornal do Fundão". Há muito que não era publicado um artigo tão demolidor, acerca da Guarda, como este que tem a assinatura de um intelectual altamente prestigado (Professor Catedrático, escritor, crítico literário, director da Fundação Eugénio de Andrade). Portanto, o autor é credível e o artigo (é) coerente. Concordemos ou não com a opinião de Arnaldo Saraiva, havemos de reconhecer que estamos perante uma opinião honesta e independente.A leitura integral é obrigatória, mas fiquem com algumas citações:-"Quando (...) dou comigo a pensar nas misérias do Portugal profundo, estou a pensar antes de mais na Guarda".-"A Guarda deveria ter uma grande visibilidade nacional. E todavia é o que se sabe."-"Há já muito tempo que a imprensa (...) quase só lá vê pretextos para más notícias."-"E o progresso nem sempre é o que parece (...) E a cidade já nem parece suspensa no alto como outrora:veio descendo caoticamente para a estação, numa simbólica decadência e desconforto que ainda agravam as mais estúpidas (sic) das muitas rotundas que, para caçar alguns tostões à Europa, há tempos invadiram as nossas cidades".-"A Guarda continua a ser a cidade mais alta, mas só na geografia (...) Sem a sorte - quer dizer- das boas políticas".- "Sem uma universidade, sem um grande clube de futebol, sem grandes personalidades colocadas em lugares estratégicos do poder central (...) sem indústrias e fábricas (...) arrisca-se a viver do pequeno comércio, de pequenos serviços, de algum turismo de subsistência".- "Um dos efes da Guarda, "formosa" , já desde há muito (...) havia quem o substituísse por "feia". Mas agora também já há quem queira substituir "forte" por "fraca", ou quem tenha de acrescentar "frustrada" quando queria dizer "feliz"."Como disse, não se dispensa a leitura da versão integral.A crónica serve-se de várias citações da obra de Vergílio Ferreira, usadas com mestria.Não estou de acordo com o retrato a preto e branco que Arnaldo Saraiva faz da nossa cidade. No entanto, reconheço que, nalguns pontos, ele razão (quem acompanhou o programa Café Mondego há-de confirmá-lo). Mas isso, agora, não vem ao caso. O que é importante, hoje, é chamar a atenção para o facto de um homem lúcido e de grande inteligência, que tem a distância crítica (diria, a distanciação) necessária e está habituado ao rigor crítico, ter aquela opinião acerca da Guarda!!! Como é possível? Se fosse outro o crítico (um de nós, "críticos residentes") talvez fosse fácil diminuí-lo e desacreditá-lo(é o que alguns políticos fazem por impulso) "pegando" nesta ou naquela fragilidade, nesta ou naquela incoerência. Mas, o que podem dizer de Saraiva? Que já cá não vem há muito tempo? Sim, deve ser verdade e daí? Que troca algumas coisas? Que está zangado com a Guarda? Ninguém o sabe ao certo. Estudou na Guarda e vai regressando para fazer conferências de quando em vez (devia vir mais, é certo). Que é do concelho da Covilhã e que quer diminuir a nossa cidade? Tretas, pois não há sinal nenhum dessa intenção. Portanto, coisa pouca para desacreditá-lo. Então,levemos a sério o que ele nos diz e usemos esta oportunidade para reflectir acerca da nossa terra (ou então, da imagem que damos dela). E, já agora, arrepiar caminho nalguns aspectos: menos foguetório e mais substância política!!!PS 1- Só não sei por que razão, sendo Arnaldo Saraiva um homem de Cultura, não se referiu, nem de passagem ao esforço que a Guarda tem feito nessa área: CEI, TMG, Biblioteca. Será isso também um sintoma de que mesmo a imagem de uma cidade preocupada com a Cultura não ultrapassa as fronteiras da Guarda?PS 2- Proponho que uma cópia desta crónica seja depositada na "Cápsula do tempo". PS 3- Lamentar a falta de um grande Clube de Futebol??? Com essa é que eu, claramente, não estou de acordo!

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