Café Mondego: Violência

01-10-2009
marcar artigo


Hoje fui ameaçado. Por um triz o outro não avançou sobre mim. Queria, digamos, bater-me! Há mais de trinta anos que não era assim confrontado com a irracionalidade da violência. Respondi-lhe aos gritos mas, claro, não o deveria ter feito. Podia tê-lo reduzido a pó mas não o fiz pois odeio a violência. Desde sempre, mas há muito que não me acontecia. Sei que não fui eu que comecei. Os olhos dele chispavam, parecia odiar-me. É estranho, pois ele é-me indiferente. Nem ódio nem nada. Por pouco não me dava um murro. Teria eu ripostado? Preferi continuar sentado e dizer-lhe que eu não tinha medo dele. Tenho mais medo do escuro do que dum confronto directo. Agarraram-no, agarrou-se. Se pudesse tinha-me matado. Talvez seja um exagero. Parecia um lobo. Os violentos parecem sempre lobos. Eu tinha razão na discussão mas, julgo, que ele nem sequer ouviu bem o que eu disse. Como se, desde o início, quisesse agredir-me. A mim, que detesto violência, que não compreendo a violência. Serei santo? Nada disso, se calhar fui eu que disse algo que provocou a sua ira. Inexplicável. Não fiquei, sequer, nervoso. Berrei, esperei que a fúria lhe passasse. Ganhei mais um inimigo. Porquê? Não sei bem. Talvez por causa de um equívoco sem importância. Bem vistas as coisas.


Hoje fui ameaçado. Por um triz o outro não avançou sobre mim. Queria, digamos, bater-me! Há mais de trinta anos que não era assim confrontado com a irracionalidade da violência. Respondi-lhe aos gritos mas, claro, não o deveria ter feito. Podia tê-lo reduzido a pó mas não o fiz pois odeio a violência. Desde sempre, mas há muito que não me acontecia. Sei que não fui eu que comecei. Os olhos dele chispavam, parecia odiar-me. É estranho, pois ele é-me indiferente. Nem ódio nem nada. Por pouco não me dava um murro. Teria eu ripostado? Preferi continuar sentado e dizer-lhe que eu não tinha medo dele. Tenho mais medo do escuro do que dum confronto directo. Agarraram-no, agarrou-se. Se pudesse tinha-me matado. Talvez seja um exagero. Parecia um lobo. Os violentos parecem sempre lobos. Eu tinha razão na discussão mas, julgo, que ele nem sequer ouviu bem o que eu disse. Como se, desde o início, quisesse agredir-me. A mim, que detesto violência, que não compreendo a violência. Serei santo? Nada disso, se calhar fui eu que disse algo que provocou a sua ira. Inexplicável. Não fiquei, sequer, nervoso. Berrei, esperei que a fúria lhe passasse. Ganhei mais um inimigo. Porquê? Não sei bem. Talvez por causa de um equívoco sem importância. Bem vistas as coisas.

marcar artigo