Assertivo

20-05-2009
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FALTA DE NÍVEL
Não me agrada nada o rumo que o debate político está a tomar neste país. O relaxamento do comportamento ético e civil dos portugueses em geral, atribuível a uma diversidade de causas que vão desde a pura e simples frustração por uma vida ingrata e sem sentido até à falta de estímulos para agirem de outra maneira, criou uma conflituosidade palpável e um abaixamento preocupante no nível da comunicação interpessoal, cujas consequências se estendem desde as discussões de trânsito até aos debates no Parlamento.
E é neste órgão de soberania, onde deviam ter assento os nossos tribunos mais ilustres e os oradores mais fluentes, que a falta de nível a que me tenho vindo a referir se revela mais conspícua. Tal como nas feiras, romarias, jogos de futebol e nas praças de peixe, a subtileza, o requinte e a elegância do discurso foram substituídos pelo verbo reles e pelo insulto gratuito e ofensivo. Numa campanha eleitoral para umas eleições tão respeitáveis como as do Parlamento Europeu, fala-se mais na orelha do cabeça de lista do PS do que nas políticas comuns que tanto nos afectam. Ora, quando se chega a este nível, mais parece que a nossa política caiu numa latrina. O «calor» do debate não pode justificar a baixaria e a torpitude do ataque pessoal e da calúnia. Os políticos têm o dever de dar o exemplo ao povo que os elegeu, e não o de usar a linguagem e o nível canalha que estão a atingir.
Atendendo à falta de classe da generalidade dos nossos políticos, não me surpreende muito que o debate político se arraste por estas regiões. Pessoas como as ministras das Finanças e da Justiça estariam porventura mais à vontade em bancas do mercado do que no Governo, o Primeiro-ministro não passa de um petulante e de um malcriado e Paulo Portas... bem, é Paulo Portas! Não falando de Ana Manso ou de Ribeiro e Castro, duas revelações no campo da escatologia política trazidas a público pela campanha eleitoral. O que me espanta é pretenderem que as pessoas se interessem pela vida política quando esta nada de positivo ou construtivo tem a mostrar-lhes. O que me espanta é que esperem que as pessoas obedeçam aos comandos do Estado, quando tudo o que vêem é laxismo verbal e comportamentos lamentáveis da parte de quem as governa. E espanta-me, também, que esperem que essas mesmas pessoas vão a correr às urnas no próximo dia 13. Quem no seu perfeito juízo quererá pôr gente tão ordinária num Parlamento tão respeitável?
Mas a abstenção joga a favor do poder. Quando o Governo e os partidos que o compõem protestam a necessidade de votar, estão a ser de uma hipocrisia rasteira. A abstenção é o único meio que lhes resta de atenuarem a derrota que vão seguramente sofrer. A abstenção permitirá esvaziar de sentido um resultado eleitoral desfavorável, sendo assim de todo o interesse, para a coligação, que os eleitores prefiram gozar o fim de semana prolongado e assistir aos jogos do Euro 2004.
Com tudo isto quem fica a perder é o país e a democracia. E ficam a ganhar a plétora de medíocres e de parasitas que se tem vindo a instalar no aparelho do Estado desde que os neo-liberais chegaram ao poder e os grandes interesses económicos, que vêem no governo actual um instrumento perfeito para prosseguirem os seus planos de domínio e cartelização da economia nacional.

FALTA DE NÍVEL
Não me agrada nada o rumo que o debate político está a tomar neste país. O relaxamento do comportamento ético e civil dos portugueses em geral, atribuível a uma diversidade de causas que vão desde a pura e simples frustração por uma vida ingrata e sem sentido até à falta de estímulos para agirem de outra maneira, criou uma conflituosidade palpável e um abaixamento preocupante no nível da comunicação interpessoal, cujas consequências se estendem desde as discussões de trânsito até aos debates no Parlamento.
E é neste órgão de soberania, onde deviam ter assento os nossos tribunos mais ilustres e os oradores mais fluentes, que a falta de nível a que me tenho vindo a referir se revela mais conspícua. Tal como nas feiras, romarias, jogos de futebol e nas praças de peixe, a subtileza, o requinte e a elegância do discurso foram substituídos pelo verbo reles e pelo insulto gratuito e ofensivo. Numa campanha eleitoral para umas eleições tão respeitáveis como as do Parlamento Europeu, fala-se mais na orelha do cabeça de lista do PS do que nas políticas comuns que tanto nos afectam. Ora, quando se chega a este nível, mais parece que a nossa política caiu numa latrina. O «calor» do debate não pode justificar a baixaria e a torpitude do ataque pessoal e da calúnia. Os políticos têm o dever de dar o exemplo ao povo que os elegeu, e não o de usar a linguagem e o nível canalha que estão a atingir.
Atendendo à falta de classe da generalidade dos nossos políticos, não me surpreende muito que o debate político se arraste por estas regiões. Pessoas como as ministras das Finanças e da Justiça estariam porventura mais à vontade em bancas do mercado do que no Governo, o Primeiro-ministro não passa de um petulante e de um malcriado e Paulo Portas... bem, é Paulo Portas! Não falando de Ana Manso ou de Ribeiro e Castro, duas revelações no campo da escatologia política trazidas a público pela campanha eleitoral. O que me espanta é pretenderem que as pessoas se interessem pela vida política quando esta nada de positivo ou construtivo tem a mostrar-lhes. O que me espanta é que esperem que as pessoas obedeçam aos comandos do Estado, quando tudo o que vêem é laxismo verbal e comportamentos lamentáveis da parte de quem as governa. E espanta-me, também, que esperem que essas mesmas pessoas vão a correr às urnas no próximo dia 13. Quem no seu perfeito juízo quererá pôr gente tão ordinária num Parlamento tão respeitável?
Mas a abstenção joga a favor do poder. Quando o Governo e os partidos que o compõem protestam a necessidade de votar, estão a ser de uma hipocrisia rasteira. A abstenção é o único meio que lhes resta de atenuarem a derrota que vão seguramente sofrer. A abstenção permitirá esvaziar de sentido um resultado eleitoral desfavorável, sendo assim de todo o interesse, para a coligação, que os eleitores prefiram gozar o fim de semana prolongado e assistir aos jogos do Euro 2004.
Com tudo isto quem fica a perder é o país e a democracia. E ficam a ganhar a plétora de medíocres e de parasitas que se tem vindo a instalar no aparelho do Estado desde que os neo-liberais chegaram ao poder e os grandes interesses económicos, que vêem no governo actual um instrumento perfeito para prosseguirem os seus planos de domínio e cartelização da economia nacional.

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