Impressionante demonstração do Paul Krugman hoje, no seu blogue, baseado na análise da, insuspeita de simpatias keynesianas, Goldman Sachs. A força de ideia é de tal forma poderosa que acaba com as teses anti-défice público como forma de combate à crise. Peço aos menos propensos a análises gráficas que não se desmoralizem. A explicação é simples. E a tese também.---O eixo horizontal representa o nível de produto de uma economia. O que se assume para a poupança líqida do sector privado (já sem a parcela absorvida pelo investimento privado) é keynesiamos puro: a popupança é uma função crescentre do produto da economia. Por isso as duas rectas denominadas "Private Sector Surplus" são positivamente inclinadas. Diferentemente, mais não seja pela redução fiscal e aumento de transferências, o défice público é tanto maior quanto menor for o produto ou rendimento. Por isso, a recta "Public Sector Deficit" negativamente inclinada. Mais não seja pelos tais estabilizadores automáticos que aludi acima. Mas pode ser reforçado por programas de investimento público para combater a crise. -------A tese da Goldman Sachs é que foi o endividamento público que salvou os EUA de entrarem agora numa segunda grande depressão. Porquê? Porque nos anos 30, a importância do sector público era muito menor do que é hoje, para gaúdio do João Miranda e afins. Partindo de um ponto de equilíbrio em que, por hipótese, o défice fosse nulo (mas isso seria irrelevante para esta tese), o choque negativo de procura leva a um excesso de poupança. Isto é um excesso líquido sobre o investimento privado, porque este também está em quebra (é uma parte da tal procura). Logo, só há duas formas de repor alguma ordem no sistema. Ou o PIB decresce tanto que o excesso de poupança privada líquida volta a ser zero, ou é emitida dívida pública onde é aplicado o excesso de poupança privada e o PIB não tem de decrescer tanto. O resultado é claro na figura. A situação de hoje em dia na economia mundial é que a dimensão do sector público é muito maior que nos anos 30. Por isso o Estado se endividou mais e absorveu o excesso de poupança privada. A queda do PIB é só a parte identificada por "Great Recession". Nos anos 30, como o Estado não absorvia o excesso de poupança, este ia caindo progressivamente mais, até chegarmos ao que na figura se chama Great Depression.Parece claro que o facto de a dimensão do Estado ser maior em todos os países é que está a suster uma queda ainda maior da economia mundial.-------------Alguém poderia argumentar que há financiamento exteno. Mas isso é irrelevante se entendermos a figura como representando a economia mundial. Em síntese, o que a Goldman Sachs nos fornece e Krugman esquematiza é mais uma explicação de como os défices públicos e o peso do Estado na Economia estão a prevenir uma crise ainda maior evitando o colapso dos anos 30. Esses défices só são possíveis pelos tais pacotes de estímulos à economia. Investimento Público, em síntese.
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Impressionante demonstração do Paul Krugman hoje, no seu blogue, baseado na análise da, insuspeita de simpatias keynesianas, Goldman Sachs. A força de ideia é de tal forma poderosa que acaba com as teses anti-défice público como forma de combate à crise. Peço aos menos propensos a análises gráficas que não se desmoralizem. A explicação é simples. E a tese também.---O eixo horizontal representa o nível de produto de uma economia. O que se assume para a poupança líqida do sector privado (já sem a parcela absorvida pelo investimento privado) é keynesiamos puro: a popupança é uma função crescentre do produto da economia. Por isso as duas rectas denominadas "Private Sector Surplus" são positivamente inclinadas. Diferentemente, mais não seja pela redução fiscal e aumento de transferências, o défice público é tanto maior quanto menor for o produto ou rendimento. Por isso, a recta "Public Sector Deficit" negativamente inclinada. Mais não seja pelos tais estabilizadores automáticos que aludi acima. Mas pode ser reforçado por programas de investimento público para combater a crise. -------A tese da Goldman Sachs é que foi o endividamento público que salvou os EUA de entrarem agora numa segunda grande depressão. Porquê? Porque nos anos 30, a importância do sector público era muito menor do que é hoje, para gaúdio do João Miranda e afins. Partindo de um ponto de equilíbrio em que, por hipótese, o défice fosse nulo (mas isso seria irrelevante para esta tese), o choque negativo de procura leva a um excesso de poupança. Isto é um excesso líquido sobre o investimento privado, porque este também está em quebra (é uma parte da tal procura). Logo, só há duas formas de repor alguma ordem no sistema. Ou o PIB decresce tanto que o excesso de poupança privada líquida volta a ser zero, ou é emitida dívida pública onde é aplicado o excesso de poupança privada e o PIB não tem de decrescer tanto. O resultado é claro na figura. A situação de hoje em dia na economia mundial é que a dimensão do sector público é muito maior que nos anos 30. Por isso o Estado se endividou mais e absorveu o excesso de poupança privada. A queda do PIB é só a parte identificada por "Great Recession". Nos anos 30, como o Estado não absorvia o excesso de poupança, este ia caindo progressivamente mais, até chegarmos ao que na figura se chama Great Depression.Parece claro que o facto de a dimensão do Estado ser maior em todos os países é que está a suster uma queda ainda maior da economia mundial.-------------Alguém poderia argumentar que há financiamento exteno. Mas isso é irrelevante se entendermos a figura como representando a economia mundial. Em síntese, o que a Goldman Sachs nos fornece e Krugman esquematiza é mais uma explicação de como os défices públicos e o peso do Estado na Economia estão a prevenir uma crise ainda maior evitando o colapso dos anos 30. Esses défices só são possíveis pelos tais pacotes de estímulos à economia. Investimento Público, em síntese.